Pronunciamento
Valmir Comin - 101ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 09/11/2011
O SR. DEPUTADO VALMIR COMIN - Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados, faço uso da tribuna na tarde desta quarta-feira, deputada Ana Paula Lima, para tecer alguns comentários relacionados à audiência pública que tivemos a oportunidade, através da comissão de Transporte e Desenvolvimento Urbano, de promover aqui na Assembleia Legislativa, na segunda-feira próxima passada. Na ocasião, tivemos a oportunidade de debater um assunto exaustivamente com mais de dez expositores, pessoas renomadas, com conhecimento técnico e científico, muitos com formação em PhD, e todos foram contundentes em relação ao risco de colapso da Ponte Hercílio Luz.
Eu, presenciando todo aquele debate, deputado Silvio Dreveck - e v.exa. foi um dos propositores da audiência pública -, percebi, realmente, que o monumento, um ícone da nação brasileira, precisa ser tratado com carinho. A senhora ponte precisa, urgentemente, de uma atenção por parte do governo do estado.
Em 1924, iniciou-se esse trabalho e em 19 meses construíram a ponte com guinchos tocados a vapor. Antes que os trechos de acesso ficassem prontos por parte do estado, a ponte já estava concluída e já havia uma lei anterior à construção dela prevendo o pedagiamento naquele momento, em que se cobrava de cavalo, de carroça e de carros. É engraçado porque quando passava um casamento era pago um "x" e quando morria alguém era pago com 50% de desconto.
Então, já havia esse conceito do pedagiamento naquela época porque as pessoas somente tinham a alternativa de atravessar o canal através da balsa ou de canoa. Assim, tinham a oportunidade de fazê-lo através da Ponte Hercílio Luz.
Passado todo esse tempo, ela, sem a sua devida manutenção, corre sério risco de colapso. E o que eu estou falando é alicerçado em cima de embasamento técnico de pessoas renomadas, entendidas no assunto.
Eu tive a oportunidade até de fazer um questionamento e uma comparação ao mesmo tempo. Naquela oportunidade, eu disse que não era médico, mas imaginava que, se fosse médico, poderia adentrar em meu consultório um cidadão com os dois joelhos estourados e um pulmão perfurado. Eu fiz o seguinte questionamento: o médico atacaria que ponto primeiro? Certamente não precisa ser um experto no assunto para entender que precisaria curar o paciente através do pulmão para depois fazer a reconstituição dos joelhos. No entanto, o processo de investimento feito, de R$ 32 milhões, na Ponte Hercílio Luz foi totalmente inverso, ou seja, trataram primeiro os joelhos e esqueceram o pulmão. Ou seja, gastaram os R$ 30 milhões nas pernas, ou seja, na parte do Estreito e na parte norte da ilha, as duas cabeceiras, que é parte fixa que não corre risco, e esqueceram o vão central, que é a parte principal do processo, que é o pulmão. E com isso realmente colocaram essa ponte em um risco considerável de colapso.
O Sr. Deputado Gilmar Knaesel - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO VALMIR COMIN - Pois não!
O Sr. Deputado Gilmar Knaesel - Quero cumprimentá-lo, deputado Valmir Comin, pelo seu pronunciamento. Acho que todos já estão conscientes da importância da nossa ponte. Mas somente quero lembrar que quando iniciou o processo da restauração tínhamos apresentado um projeto para que a ponte ficasse eminentemente como uma preservação de patrimônio histórico para o turismo e fosse utilizada apenas para a passagem de pedestres e, no máximo, de motocicletas. Mas aí a secretaria da Infraestrutura entendeu que ela poderia ser revitalizada para o transporte pesado. Este é o grande problema: vai-se investir milhões e milhões para fazer a recuperação da ponte para poder desafogar talvez 10% do trânsito que, hoje, é o problema da Grande Florianópolis. E se tivessem optado por um projeto turístico, ela já estaria recuperada com segurança, teria-se gastado muito menos e ficaria como o grande cartão-postal de Santa Catarina e do Brasil, como ela já é.
Por isso, quero aproveitar a oportunidade para cumprimentá-lo e dizer que é necessária, hoje, uma ação urgente para dar segurança à nossa ponte.
O SR. DEPUTADO VALMIR COMIN - Deputado Gilmar Knaesel, eu vou incorporar a sua fala ao meu pronunciamento.
Mas quero dizer que a estatística mostra que a ponte tem capacidade para escoar 45 mil veículos/dia. Evidentemente que isso não seria a solução da questão da mobilidade urbana de Florianópolis, mas seria uma media paliativa, conciliando com isso a questão do portal turístico, a referência que é a Ponte Hercílio Luz não somente para Santa Catarina, mas para o Brasil e também para o mundo.
Eu tive o cuidado de escrever alguma coisa ainda hoje - e, inclusive, pude encaminhar para a imprensa -, e vou discorrer desta tribuna como presidente da comissão de Transportes:
(Passa a ler.)
"A Ilha da Magia
Participei e tomei conhecimento, nesta segunda-feira, de dois importantes eventos sobre o futuro da nossa cidade. A restauração da Ponte Hercílio Luz e a visão eletrônica do que poderá ser a quarta ligação ilha-continente.
Na Hercílio Luz, ante o colapso, a prioridade é de urgência, urgentíssima: há necessidade de salvamento de nosso patrimônio histórico.
A audiência pública realizada pela comissão de Transportes da Assembleia Legislativa foi taxativa em sua conclusão: acelerar a execução da obra que visa recuperar, restaurar e reabilitar a Ponte Hercílio Luz em prazo máximo de 22 meses e oito meses para o seu salvamento. Decisão de estadista.
Já a quarta ligação, a chamada quarta ponte, insere-se no contexto de região metropolitana. Aí estão incluídos os estudos de origem/destino, a definição do local mais adequado e a realização de sondagem, quem interfere na definição do estilo da nova obra de arte. Decisão de planejador.
Amar Florianópolis é pensar grande. E ter macrovisão exige a efetiva participação da comunidade, de seu Plano Diretor, na visão de Guga Kuerten. Este conceito deve definir a direção para onde vamos e como queremos crescer!
Penso que devem ser considerados, desde já, a pronta execução do anel de contorno da BR-101, ligando Biguaçu a Palhoça; a relocação do aeroporto internacional para a região de Tijuquinhas; a integração rodo-ferroviária; o estabelecimento de dois núcleos habitacional/turístico/tecnológico/universitário, no norte e no sul (Campeche) da ilha; a preservação do centro histórico da cidade, aí incluída a recuperação da Ponte Hercílio Luz; as pontes de ligação ao continente, a quarta ponte no norte e a quinta no sul; e, por fim, o estabelecimento de rotas marítimas internas e internacionais.
São novos modelos de ocupação de espaços, de acessibilidade urbana, de concepção turística, de prestação de serviço e de produção tecnológica, caminhando para humanizar o nosso ambiente com segurança, no sentido amplo, ao consagrar uma definitiva marca para a cidade, relembrando a missão do engenheiro Hercílio Luz para a capital de todos os catarinenses: a nossa Ilha da Magia!"
Por isso, eu entendo, amigo deputado Silvio Dreveck, que esse é um assunto pertinente, pois a ponte é um símbolo histórico, um patrimônio de valor imensurável, e não podemos perder essa referência tanto para o turismo e, concomitantemente, aos futuros acessos para amenizar a questão da mobilidade urbana não somente na ilha, mas no conjunto, num conceito de região metropolitana. É dessa forma, sob um prisma macro, que devemos quebrar esse paradigma de os municípios trabalharem isoladamente. Precisamos agir dentro de uma visão macro, de um conceito de conjunto, o conceito de região metropolitana.
Era isto o que eu tinha a dizer, sr. presidente e srs. deputados.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
Eu, presenciando todo aquele debate, deputado Silvio Dreveck - e v.exa. foi um dos propositores da audiência pública -, percebi, realmente, que o monumento, um ícone da nação brasileira, precisa ser tratado com carinho. A senhora ponte precisa, urgentemente, de uma atenção por parte do governo do estado.
Em 1924, iniciou-se esse trabalho e em 19 meses construíram a ponte com guinchos tocados a vapor. Antes que os trechos de acesso ficassem prontos por parte do estado, a ponte já estava concluída e já havia uma lei anterior à construção dela prevendo o pedagiamento naquele momento, em que se cobrava de cavalo, de carroça e de carros. É engraçado porque quando passava um casamento era pago um "x" e quando morria alguém era pago com 50% de desconto.
Então, já havia esse conceito do pedagiamento naquela época porque as pessoas somente tinham a alternativa de atravessar o canal através da balsa ou de canoa. Assim, tinham a oportunidade de fazê-lo através da Ponte Hercílio Luz.
Passado todo esse tempo, ela, sem a sua devida manutenção, corre sério risco de colapso. E o que eu estou falando é alicerçado em cima de embasamento técnico de pessoas renomadas, entendidas no assunto.
Eu tive a oportunidade até de fazer um questionamento e uma comparação ao mesmo tempo. Naquela oportunidade, eu disse que não era médico, mas imaginava que, se fosse médico, poderia adentrar em meu consultório um cidadão com os dois joelhos estourados e um pulmão perfurado. Eu fiz o seguinte questionamento: o médico atacaria que ponto primeiro? Certamente não precisa ser um experto no assunto para entender que precisaria curar o paciente através do pulmão para depois fazer a reconstituição dos joelhos. No entanto, o processo de investimento feito, de R$ 32 milhões, na Ponte Hercílio Luz foi totalmente inverso, ou seja, trataram primeiro os joelhos e esqueceram o pulmão. Ou seja, gastaram os R$ 30 milhões nas pernas, ou seja, na parte do Estreito e na parte norte da ilha, as duas cabeceiras, que é parte fixa que não corre risco, e esqueceram o vão central, que é a parte principal do processo, que é o pulmão. E com isso realmente colocaram essa ponte em um risco considerável de colapso.
O Sr. Deputado Gilmar Knaesel - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO VALMIR COMIN - Pois não!
O Sr. Deputado Gilmar Knaesel - Quero cumprimentá-lo, deputado Valmir Comin, pelo seu pronunciamento. Acho que todos já estão conscientes da importância da nossa ponte. Mas somente quero lembrar que quando iniciou o processo da restauração tínhamos apresentado um projeto para que a ponte ficasse eminentemente como uma preservação de patrimônio histórico para o turismo e fosse utilizada apenas para a passagem de pedestres e, no máximo, de motocicletas. Mas aí a secretaria da Infraestrutura entendeu que ela poderia ser revitalizada para o transporte pesado. Este é o grande problema: vai-se investir milhões e milhões para fazer a recuperação da ponte para poder desafogar talvez 10% do trânsito que, hoje, é o problema da Grande Florianópolis. E se tivessem optado por um projeto turístico, ela já estaria recuperada com segurança, teria-se gastado muito menos e ficaria como o grande cartão-postal de Santa Catarina e do Brasil, como ela já é.
Por isso, quero aproveitar a oportunidade para cumprimentá-lo e dizer que é necessária, hoje, uma ação urgente para dar segurança à nossa ponte.
O SR. DEPUTADO VALMIR COMIN - Deputado Gilmar Knaesel, eu vou incorporar a sua fala ao meu pronunciamento.
Mas quero dizer que a estatística mostra que a ponte tem capacidade para escoar 45 mil veículos/dia. Evidentemente que isso não seria a solução da questão da mobilidade urbana de Florianópolis, mas seria uma media paliativa, conciliando com isso a questão do portal turístico, a referência que é a Ponte Hercílio Luz não somente para Santa Catarina, mas para o Brasil e também para o mundo.
Eu tive o cuidado de escrever alguma coisa ainda hoje - e, inclusive, pude encaminhar para a imprensa -, e vou discorrer desta tribuna como presidente da comissão de Transportes:
(Passa a ler.)
"A Ilha da Magia
Participei e tomei conhecimento, nesta segunda-feira, de dois importantes eventos sobre o futuro da nossa cidade. A restauração da Ponte Hercílio Luz e a visão eletrônica do que poderá ser a quarta ligação ilha-continente.
Na Hercílio Luz, ante o colapso, a prioridade é de urgência, urgentíssima: há necessidade de salvamento de nosso patrimônio histórico.
A audiência pública realizada pela comissão de Transportes da Assembleia Legislativa foi taxativa em sua conclusão: acelerar a execução da obra que visa recuperar, restaurar e reabilitar a Ponte Hercílio Luz em prazo máximo de 22 meses e oito meses para o seu salvamento. Decisão de estadista.
Já a quarta ligação, a chamada quarta ponte, insere-se no contexto de região metropolitana. Aí estão incluídos os estudos de origem/destino, a definição do local mais adequado e a realização de sondagem, quem interfere na definição do estilo da nova obra de arte. Decisão de planejador.
Amar Florianópolis é pensar grande. E ter macrovisão exige a efetiva participação da comunidade, de seu Plano Diretor, na visão de Guga Kuerten. Este conceito deve definir a direção para onde vamos e como queremos crescer!
Penso que devem ser considerados, desde já, a pronta execução do anel de contorno da BR-101, ligando Biguaçu a Palhoça; a relocação do aeroporto internacional para a região de Tijuquinhas; a integração rodo-ferroviária; o estabelecimento de dois núcleos habitacional/turístico/tecnológico/universitário, no norte e no sul (Campeche) da ilha; a preservação do centro histórico da cidade, aí incluída a recuperação da Ponte Hercílio Luz; as pontes de ligação ao continente, a quarta ponte no norte e a quinta no sul; e, por fim, o estabelecimento de rotas marítimas internas e internacionais.
São novos modelos de ocupação de espaços, de acessibilidade urbana, de concepção turística, de prestação de serviço e de produção tecnológica, caminhando para humanizar o nosso ambiente com segurança, no sentido amplo, ao consagrar uma definitiva marca para a cidade, relembrando a missão do engenheiro Hercílio Luz para a capital de todos os catarinenses: a nossa Ilha da Magia!"
Por isso, eu entendo, amigo deputado Silvio Dreveck, que esse é um assunto pertinente, pois a ponte é um símbolo histórico, um patrimônio de valor imensurável, e não podemos perder essa referência tanto para o turismo e, concomitantemente, aos futuros acessos para amenizar a questão da mobilidade urbana não somente na ilha, mas no conjunto, num conceito de região metropolitana. É dessa forma, sob um prisma macro, que devemos quebrar esse paradigma de os municípios trabalharem isoladamente. Precisamos agir dentro de uma visão macro, de um conceito de conjunto, o conceito de região metropolitana.
Era isto o que eu tinha a dizer, sr. presidente e srs. deputados.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)