Pronunciamento

Silvio Dreveck - 042ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 26/04/2012
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Sr. presidente, srs. deputados e sras. deputadas, o tema que me traz a esta tribuna é uma discussão que está aprofundando-se a cada dia por várias organizações e instituições, que diz respeito à indústria brasileira.
O que quero destacar é a preocupação com relação à redução da atividade industrial brasileira. Muitas vezes, quando se fala em empresa, a grande maioria da população confunde com empresário, talvez até por um erro de comunicação. Aonde quero chegar com isso? Como a indústria nacional está com dificuldades de competir, há a queda na geração de emprego.
A primeira dificuldade é notória, ou seja, a indústria de transformação vem perdendo espaço, vem perdendo competitividade, portanto, vem deixando de gerar empregos. E nós ainda não estamos no nível dos países mais desenvolvidos, onde houve, de fato, uma grande queda na atividade da indústria, que foi compensada por outras atividades. Tanto é verdade que a renda per capita aumentou nos Estados Unidos e na Europa. Mas no Brasil isso não está acontecendo.
Não estamos aqui para defender os empresários, estamos aqui defendendo a indústria nacional, que é a grande geradora de empregos no Brasil. Por isso são tão importantes os movimentos, as manifestações das várias entidades, a exemplo da que aconteceu nesta segunda-feira em Florianópolis, quando várias lideranças empresariais e políticas reuniram-se para debater essa questão. O encontro contou, inclusive, com um palestrante muito conhecido, o ex-deputado federal e ex-governador do Rio Grande do Sul,
Germano Rigotto, que fez uma palestra através da qual demonstrou um conhecimento profundo sobre a realidade brasileira quanto à competitividade da indústria nacional.
Entre os inúmeros fatores que dificultam a atividade empresarial, podemos citar, deputado Reno Caramori, a nossa elevada carga tributária. E quando eu falei em falha de comunicação, é relativa ao fato de as pessoas pensarem que não pagam determinados impostos. Um exemplo foi a reação de um cidadão que me disse, no momento em que eu defendia a necessidade da redução de impostos para gerar mais empregos, o seguinte: "Eu não pago imposto".
Ora, essa ideia de que quem paga imposto é o empresário, não é verdade. Quem paga imposto somos todos nós, todos os cidadãos brasileiros, inclusive o empresário. Porque a empresa repassa seus impostos para o preço dos produtos, seja papel, água, arroz, energia elétrica, telefonia, enfim, todos o que consumimos.
Portanto, quem paga imposto é a sociedade, é o cidadão, é a pessoa. E nesse aspecto tínhamos até então uma grande dificuldade, porque ficava o empresário de um lado e a classe trabalhadora de outro entendendo que quem paga imposto não é o cidadão, não são as pessoas.
Finalmente está havendo uma conscientização por parte dos sindicatos, das organizações que envolvem os movimentos do próprio trabalhador, que estão unindo-se às entidades patronais no objetivo de esclarecer a população do quanto pagamos de impostos. Mas temos uma grande dificuldade porque não vem destacado em cada produto quanto do seu preço é imposto, ao passo que em outros países há esse destaque em cada produto.
Mas quero ressaltar que a luta das entidades e sindicatos de trabalhadores, juntamente com as entidades e sindicatos patronais pelo mesmo objetivo é muito válida no sentido do esclarecimento, com o objetivo de fazer com que o Brasil reduza sua carga tributária, reduza o gasto com despesas operacionais, com despesas correntes, para ter um pouco mais de dinheiro para investir na infraestrutura indispensável para poder competir com outros países, especialmente a China.
A verdade é que os chineses estão fazendo fábricas no Brasil. Agora mesmo estão instalando uma na Bahia, mas não nos iludamos com isso. Essa fábrica de processamento tem um objetivo futuro, tem um planejamento de longo prazo. A implantação dessa empresa e de outras no Brasil tem como objetivo o controle dos preços, posto que necessitam de alimentos e de minério e inteligentemente estão utilizando-se do espaço brasileiro para fazer isso.
Achamos que estamos fazendo um grande negócio exportando somente commodities e vendendo nossos produtos primários, mas a verdade é que a saca de soja que estava sendo vendida a R$ 25,00 não muito tempo atrás, hoje está sendo exportada a mais de R$ 50,00.
Na verdade, deveríamos estar exportando produtos manufaturados, gerando mão-de-obra no Brasil, gerando emprego, coisa que não está acontecendo porque estamos exportando produtos primários.
Espero que no encontro em Natal, deputado Reno Caramori, possamos debater um pouco a situação da infraestrutura brasileira, pois só avançaremos com muita participação, com muita persistência, com muita mobilização. Temos que reconhecer, é verdade, o acerto de algumas reduções tributárias pontuais levadas a efeito há alguns dias pelo governo federal, mas precisamos de uma política industrial de longo prazo e devemos debatendo esse assunto, a fim de nos aprofundarmos mais.
Era isso o que eu tinha a dizer, sr. presidente
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)