Pronunciamento

Silvio Dreveck - 091ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 21/10/2010
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Sr. presidente, srs. deputados, o assunto que me traz à tribuna no dia de hoje é a nossa economia, mais precisamente, deputado Flavio Ragagnin, as nossas exportações.
Venho acompanhando na última década, senão mais, as exportações brasileiras. Nós tivemos um período de aproximadamente cinco, seis anos ou pouco mais, de incentivo às exportações dos produtos manufaturados brasileiros e isso de fato foi muito bom. O Brasil aumentou as exportações, mesmo não elevando significativamente os índices, mas estamos há praticamente duas ou três décadas oscilando na faixa de 1%, pouco menos, pouco mais.
Tivemos um pequeno avanço na última década, mas nos últimos seis anos houve uma retração nas exportações brasileiras de manufaturados. Ou seja, as exportações de commodities - minério de ferro, grão de soja, laranja e outros produtos - aumentou. No entanto, o que gera emprego, renda, arrecadação, impostos são os manufaturados, nos quais tivemos um avanço, mas entramos em declínio.
A política de exportação tem sido prejudicial para as empresas, mas principalmente para o trabalhador, que precisa de emprego, e para a sociedade brasileira como um todo. Além disso, as empresas, as indústrias de transformação, principalmente, estão tendo com capacidade ociosa, porque a transformação de processos não acontece do dia para a noite, é de longo prazo.
O que nos chama a atenção é que a questão cambial está diretamente ligada à alta taxa de juros que o Brasil pratica. O investidor estrangeiro procura o Brasil porque nenhum país do mundo paga taxa tão elevada quanto a nossa. Isso atrai a entrada de dinheiro e, como consequência, gera a supervalorização do real e a desvalorização do dólar. Além disso, as nossas empresas que exportam entram em decadência, na grande maioria.
Não bastasse isso, o país se torna cada vez mais atraente para o capital especulativo e importa cada vez mais. Há mais ou menos oito anos nós importávamos aproximadamente 12% dos produtos consumidos no Brasil. Hoje estamos importando nada mais, nada menos do que 20%.
Para quem estamos dando oportunidade? Estamos dando oportunidade para outros países, tanto no que diz respeito à oportunidade de negócios quanto na geração de empregos, na agregação de valores. Penso que chegou a hora, ou melhor, já passou da hora, pois muitas empresas que exportavam 100% da sua produção hoje estão com as suas portas fechadas. Digo isso porque no planalto norte inúmeras empresas fecharam suas portas por não conseguirem resistir a essa política de exportações que o Brasil está praticando e que a cada dia vem penalizando mais as empresas exportadoras.
Portanto, não há como esperar mais. Ou se faz algo na política de exportações ou vamos continuar fechando empresas, deixando de dar oportunidades aos brasileiros. E em Santa Catarina não é diferente, diga-se de passagem, pois também se incentivou a importação, até porque foram criados incentivos.
Não temos nada contra a importação de produtos. Nós estamos num mundo em que o comércio é livre, mas cada um procura defender-se. Outros países fazem a sua autodefesa, e nós não precisamos ir muito longe, porque o Mercosul está praticamente há uma década estagnado. Pretendia-se, o que era importante, fortalecer o Mercosul para fazer frente a outros blocos econômicos, mas ficamos muito para trás ou até estagnados quando não consolidamos os pequenos avanços que tínhamos conseguido.
Como enfrentar os blocos econômicos se nós, na América do Sul, continuamos, muitas vezes, concedendo a países vizinhos acordos que não são favoráveis ao fortalecimento do conjunto, para depois avançarmos, não com enfrentamento, mas com competitividade saudável? Por que a Comunidade Européia e países asiáticos, como a China e a Coreia, estão num patamar de crescimento muito elevado? Crescimento não quer dizer desenvolvimento, mas aquele que pratica autodefesa no seu sistema de governo, aquele que tem uma economia semiaberta ou praticamente aberta quando é para vender.
Ao mesmo tempo, não há uma política ambiental saudável nem no que diz respeito à própria política de benefícios, de ambiente de trabalho para o seu trabalhador.
Portanto, espero que o novo presidente ou a nova presidente tome uma atitude e faça uma política de exportações não que privilegie, mas que dê condições à empresa brasileira de continuar exportando, gerando emprego, renda e dando oportunidades à população brasileira.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)