Pronunciamento

Silvio Dreveck - 081ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 12/07/2012
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Sr. presidente, srs. deputados, deputado Neodi Saretta, v.exa. fez seu pronunciamento com muito conhecimento sobre a grave situação da suinocultura no Brasil e, em especial, em Santa Catarina.
O planalto norte está sendo afetado seriamente por conta da crise que vem a cada dia alastrando-se mais e mais. Empresas que trabalham no sistema integrado nos procuraram na semana passada e estão na iminência de reduzir tanto o plantel como o número de produtores integrados, cuja família está toda envolvida no trabalho da criação de suínos.
Há um envolvimento também em toda a cadeia produtiva, desde a produção de grãos, milho e soja, até o desenvolvimento dos animais e, por consequência, dos frigoríficos, dos funcionários que trabalham no campo, dos atuam nos frigoríficos e daqueles que trabalham particularmente.
Portanto, estamos falando de uma preocupação que vai afetar a mão de obra, ou seja, vai tirar a oportunidade de trabalho de inúmeras famílias em Santa Catarina.
Mas quero lembrar que inúmeras vezes já nos pronunciamos por outros problemas pontuais, como a questão do setor moveleiro, do setor calçadista e do setor têxtil. A verdade é que estamos resolvendo problemas pontuais no Brasil, que precisa urgentemente de uma reforma em várias áreas. O ideal é começar pela reforma política para que depois fazer as outras reformas que afetam o custo Brasil: a tributária, a previdenciária, a trabalhista, entre outras. O custo Brasil está tão elevado que nossos produtos não estão conseguindo competir no mundo internacional com mercadorias oriundas da Ásia, da Europa e dos Estados Unidos.
O Brasil tem um dos maiores custos de energia do mundo, a maior carga tributária e uma máquina pesadíssima, que consome praticamente mais de 96% dos recursos em despesas de custeio. Sobra muito pouco para investimento em infraestrutura, o que não permite que os produtos brasileiros consigam competir com os dos outros países. É necessário reduzir o custo energético, reduzir a burocracia, que consome muito dinheiro para as empresas, em especial para a indústria.
E não estou fazendo essa crítica apenas para este governo, isso faz parte do sistema brasileiro há muito tempo. Mas alguém tem que tomar essa decisão, e para criar condições volto a repetir a necessidade de reformas para diminuir o custo Brasil, o que permitirá maior investimento em rodovias, em ferrovias, em portos, em aeroportos.
Reconheço a primeira iniciativa neste sentido e entendo positiva, salutar, pois traz mais eficiência, mas é ainda tímida se levarmos em consideração o que está acontecendo nas rodovias brasileiras. O governo não vai ter condições de recuperar e fazer novas rodovias. Não há recursos suficientes para implantar ferrovias senão através de concessão, mas com agências reguladoras que de fato exijam das empresas que cumpram seus contratos. Aí, sim, teremos mais recursos para investimento em infraestrutura, a fim de fazer o Brasil crescer e ser mais competitivo.
Estamos crescendo, mas estamos crescendo timidamente. Poderíamos ter crescido mais e podemos crescer mais do que outros países se tornarmos o país mais eficiente, mais eficaz, mais ágil, mais competitivo. Isso depende da vontade e da decisão política das lideranças do Congresso Nacional. Mas não podemos esquecer que num sistema presidencialista isso vai acontecer na hora em que a presidenta fizer esse encaminhamento, porque ela tem uma grande maioria, o que lhe permite fazer essas reformas e dar mais competitividade ao país, senão continuaremos trabalhando com problemas pontuais: resolve-se um hoje, outro amanhã e vai-se amenizando, mas na conjuntura não nos tornamos mais competitivos.
Obviamente que se tivermos uma economia mais forte, a arrecadação se tornará ainda maior e permitirá fazer mais investimentos do que se faz hoje, em infraestrutura, em saneamento básico, em habitação, em assistência social, dando oportunidade àquelas famílias que não têm acesso aos direitos que a Constituição lhes assegura. Mas nós só podemos fazer isso se a economia crescer, caso contrário ficará sempre diminuta a capacidade tanto de investimento como de recursos para atender às necessidades básicas da população brasileira.
Muito obrigado, sr. presidente!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)