Pronunciamento

Silvio Dreveck - 023ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 29/03/2012
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Sr. presidente e srs. deputados, no dia de ontem houve um movimento na capital conduzido pela Fiesc, em conjunto com a Força Sindical. Esse movimento, que iniciou no Rio Grande do Sul, passou ontem por Santa Catarina e vai ao Paraná, a São Paulo e ao norte do Brasil, é apartidário, envolve as entidades de classe tanto laborais quanto patronais e tem como objetivo fazer com que o governo federal entenda que de fato está havendo a desindustrialização no Brasil.
Depois de realizadas as manifestações, serão elaborados documentos pelas federações e pela própria Força Sindical, que serão enviados ao governo federal no intuito de sensibilizar a presidente Dilma Rousseff a reduzir o custo Brasil, a fim de que sejam preservados os empregos dos cidadãos brasileiros, dos jovens e adultos brasileiros.
A indústria brasileira está passando por um momento muito difícil, em que pese alguns setores industriais ainda estarem avançando, como é o caso do setor naval e da construção civil. Mas a grande maioria das indústrias de manufaturados está sendo penalizada pela concorrência internacional.
Eu penso que a solução não está em fazer decretos ou criar barreiras além do que é possível num mundo globalizado, mas é possível, sim, reduzir o custo Brasil, o custo de produção da indústria brasileira, iniciando pela elevadíssima carga tributária, que está entre as maiores do planeta. É preciso reduzir a taxa de juros e alongar os financiamentos para a aquisição de máquinas, de equipamentos, de inovação; é preciso que haja um equilíbrio melhor no câmbio, ou seja, a relação do dólar em relação ao real, pois o dólar supervalorizado prejudica as exportações brasileiras. Mas além da carga tributária, há também os elevados encargos sociais na folha de pagamento, que aumentam o custo para a indústria brasileira e para as empresas de um modo geral, muitas vezes não permitindo que o próprio trabalhador tenha um salário melhor.
É preciso modernizar os portos, os aeroportos e o sistema viário brasileiro, coisa que o governo não consegue fazer por mais que se tenha esforçado, o que eleva o custo do transporte por conta da deficiência nas rodovias. Com isso, há uma despesa maior com transporte, desde gastos com pneus até outras peças e o próprio combustível.
A nossa matriz energética tem um custo elevadíssimo, um dos mais altos do mundo. A nossa burocracia, ou seja, o número de horas que se gasta para fazer os documentos relativos aos impostos, ao meio ambiente e contábeis é muito grande.
Então, somados todos esses componentes estruturais, a indústria brasileira vem, a cada dia, encontrando mais dificuldades para crescer ou mesmo para se manter. Muitas empresas estão desativadas porque foram à falência, e há outras que estão sobrevivendo com muita dificuldade.
Portanto, chegou a hora de unir forças na classe política, no Congresso Nacional e, em especial, no sistema de governo, que é presidencialista. Os ministros da área e a nossa presidente certamente terão sensibilidade para amenizar o problema da competição da indústria brasileira com o mundo dos negócios do planeta.
Na nossa avaliação, essa reivindicação é justa e meritória para preservar o emprego na maioria dos setores, porque senão estaremos fornecendo mão de obra para outros países comprarem produtos acabados e exportarem as nossas commodities. Ou seja, exportarem grãos de soja e minério de ferro, entre outras commodities, que, na verdade, são transformadas em outros países e muitas vezes retornam ao Brasil como produto acabado. Enquanto isso, aumenta o déficit na balança comercial brasileira e, o que é mais grave, criam-se oportunidades de trabalho para trabalhadores de outros países.
Vamos estar juntos com as entidades de classe e com os colegas deputados, tanto na Assembleia Legislativa, quanto em Brasília. Não é um movimento de protesto, mas de reivindicação, e entendemos que é justo para preservar, principalmente, a mão de obra brasileira.
Muito obrigado, sr. presidente!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)