Pronunciamento

Silvio Dreveck - 075ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 08/10/2008
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Sr. presidente e srs. deputados, o assunto que me traz à tribuna diz respeito à educação.
Eu tive a oportunidade de me manifestar em outras oportunidades nesta Casa sobre a educação e cada vez venho preocupando-me mais. E quando falo em educação, não estou aqui falando de partido A ou partido B, vale para todas as esferas de governo, municipal, estadual e federal. Por que isso? Com exceção de alguns municípios, com exceção de um ou dois estados, a qualidade da educação no Brasil vem despencando cada vez mais.
Eu li uma matéria que saiu na revista Veja, uma matéria de uma escritora e professora conceituada internacionalmente, Lia Luft. Ela se apegou à pesquisa do confiável IBGE, e a constatação, deputado Reno Caramori, quando se lê essa matéria, é de uma realidade lamentável. O que fazer no nosso Brasil, um país com tantos recursos, principalmente recursos naturais, mas que, ao mesmo tempo, permite que um estudante passe do ensino médio para o ensino superior tendo, muitas vezes, dificuldades para escrever, quanto mais de entender, compreender um texto.
E nós nos perguntamos: o que é preciso fazer? É preciso ter uma política de longo prazo, não para três, quatro anos, mas uma política educacional de 30, 40 anos e com investimentos. Mas mais que isso, muitas vezes não é só o dinheiro que faz a diferença. É necessário ter a compreensão de que o aluno tem o compromisso e a responsabilidade de aprender. E a recíproca também é verdadeira para o professor, mas quem decide a política da educação somos nós, os governantes, principalmente os que ocupam cargos no Executivo, ou seja, prefeitos, governadores e presidente.
E para fazer educação de qualidade, como disse, há a necessidade de investimentos. Mas, ao mesmo tempo, se não investirmos na capacitação contínua do professor, se não envolvermos os pais, as famílias, não conseguiremos reduzir o analfabetismo, que ainda é a realidade de 30 milhões de brasileiros. Porque uma coisa é escrever o nome, outra coisa é ser alfabetizado. Assim, somados os analfabetos funcionais com os analfabetos que não sabem ler e escrever, nós temos um contingente de 30 milhões de brasileiros. E daqueles que vão para o ensino médio - e apenas 80% vão - somente 45% concluem-no.
Quero ler uma parte da matéria da professora e escritora Lia Luft, que diz o seguinte:
(Passa a ler.)
"A única saída para tamanha calamidade está no maior interesse pelo que há de mais importante num país: a educação. E isso só vai começar quando lhe derem os maiores orçamentos. Assim se mudará o Brasil, o resto é conversa fiada. Investir nisso significa criar oportunidades de trabalho: muito mais gente capacitada a obter salário decente. Significa saúde: gente mais bem informada não adoece por ignorância, isolamento e falta de higiene. Se ao estado cabe nos ajudar a ser capazes de saber, entender, questionar e escolher nossa vida, é nas famílias, quando podem comprar livros, que tudo começa. 'Quantos livros você tem em casa, quantos leu este mês? E jornal?', pergunto, quando me dizem que os filhos não gostam de ler. Família tem a ver com moralidade, atenção e afeto, mas também com a necessária instrumentação para o filho assumir um lugar decente no mundo. Nascemos nela, nela vivemos. Mas com ela também fazemos parte de um país que nos deve, a todos, uma educação ótima. Ela trará consigo muito de tudo aquilo que nos falta."[sic]
Sr. presidente e srs. deputados, o Brasil precisa, e volto a repetir, por parte de nossos governantes municipais, estaduais e federais, repensar a educação no país para que de fato seja de qualidade. Não é somente o aluno ir à escola, não é somente darmos o uniforme. Isso é importante? É importante, mas é preciso, e volto a repetir, dar boas condições ao professor, dar a capacitação continuada, valorizar através da remuneração, dotar as nossas escolas de laboratórios, de bibliotecas e incentivar a leitura para melhorarmos a qualidade da educação, dando, acima de tudo, oportunidade ao nosso jovem que prospere, que deseje fazer de si uma liderança, um conquistador de melhores dias para a sua vida, para a sua família.
Quando presenciamos que ainda em muitos locais não temos uma escola adequada, não temos ainda o acesso suficiente à escola, não há como priorizarmos a educação com qualidade. E quando nós participamos dessas eleições municipais, deputado Antônio Aguiar, pouco na verdade se falou da educação, até porque a prioridade da população tem sido saúde, emprego e segurança. Mas não podemos esquecer que educação é oportunidade, é desenvolvimento de um país, de um estado, de um município, de uma comunidade e, acima de tudo, das pessoas.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)