Pronunciamento

Silvio Dreveck - 001ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 07/02/2008
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Sra. presidente, srs. deputados e sras. deputadas, após o recesso muitos assuntos tornaram-se públicos em diversos segmentos de Santa Catarina. E poderíamos falar aqui sobre a saúde em Santa Catarina, sobre a educação e a SC-401, de como também a participação do Legislativo é indispensável nesse processo. Poderíamos falar também no BID IV e no Microbacias II.
Deputado José Natal, poderíamos falar sobre a descentralização, até porque o governador, ontem, fez aqui um breve relato, mas esse é um assunto que quero tratar mais à frente, porque no relatório consta a obra do BID IV como descentralização e obra do governo anterior também. E não estou entendendo esse modelo de descentralização.
Poderíamos falar aqui, deputado Natal, como v.exa. disse com muita propriedade, que o governo tem que cumprir a lei, e uma lei entre tantas outras que o governo está cumprindo é a 254, que é a dos servidores da área da Segurança.
Poderíamos falar aqui na construção dos presídios, e o governador que é habilidoso politicamente, que é um homem inteligente, demonstrou isso na construção das alianças partidárias, mas esse argumento de que prefeito não permite construir presídio e que por conta disso não se possa resolver o problema da segurança em Santa Catarina não convence e não vai convencer, porque quando se tem vontade de fazer se faz, buscam-se alternativas para fazer.
Srs. deputados, o fato que me traz a esta tribuna é relevante, é preocupante, no cenário nacional e catarinense. Estamos vivendo a última década praticamente beirando o caos pela insuficiência da nossa capacidade energética brasileira. E essa insuficiência de capacidade energética tem trazido problemas para investidores, para empreendedores de outros países que poderiam vir para o Brasil, mas que acabam não vindo, em função dessa insegurança.
O fato é que não só nesse governo federal, mas já em outros governos, principalmente nos últimos, deixa-se para tomar a decisão quando já está faltando energia, para daí construir usinas e outros meios alternativos. E temos uma capacidade enorme, temos recursos hídricos suficientes para construir usinas hidrelétricas com energia de baixo custo, energia limpa, que outros países dificilmente têm. No entanto, chegamos ao final do ano passado e início de 2008 numa situação delicada, acionando as termoelétricas e com isso limitando o gás, principalmente para os veículos. Houve incentivo para a utilização do gás, mas agora a escassez faz com que se desestimule a compra de veículos a gás, porque já não é mais tão seguro nem tão econômico quanto se propagava.
Em Santa Catarina a situação energética não é diferente. As regiões norte e nordeste, os municípios de Joinville, Jaraguá do Sul... Subindo a serra para São Bento do Sul, Joinville e Jaraguá, mais especificamente os municípios de Joinville e Araquari, poderão perder empreendimentos tipo a GM, porque o nosso estado, aquela região especificamente, não tem energia suficiente para garantir empreendimentos com o investimento da ordem que aquelas empresas pretendem fazer. Santa Catarina poderá perder esses empreendedores para outros estados, como o Paraná, por essa insuficiência de energia.
Jaraguá do Sul é um município que vem despontando no cenário catarinense pelo seu crescimento e desenvolvimento. Mas ao mesmo tempo começa a chegar ao limite da sua capacidade energética. As nossas pequenas PCH's que estão na fila de espera não estão sendo liberadas, porque o estado ainda não tem o inventário dos recursos hídricos catarinenses. Apenas 20 empresas foram liberadas, o que já é um avanço, e temos que reconhecer que houve boa vontade por parte do governo, capitaneado pelo deputado Jean Kuhlmann, quando secretário do Desenvolvimento Econômico.
E se ficarmos esperando e não tivermos iniciativas do governo do estado junto ao governo federal, para que a situação energética do norte catarinense seja saneada, ou pelo menos amenizada, certamente vamos entrar numa situação delicada e perder empreendimentos, perder riquezas, perder, mais uma vez, geração de emprego e renda, que é essencial nesse momento crítico por que determinadas regiões passam.
O nosso país tem um crescimento de 5%, mas existem regiões de Santa Catarina e do Brasil que não estão nesse patamar. Digo isso porque São Bento do Sul passa por um momento crítico, não pela falta de energia, mas pela crise gerada pelo setor moveleiro, que representa aproximadamente 30% da nossa economia local que estava baseada na exportação. Passaram-se praticamente três anos, e nenhuma atitude mais forte e contundente para amenizar a situação do setor moveleiro foi tomada pelo governo do estado.
Digo isso porque falta pagamento por parte do governo para as empresas que têm créditos, que têm a ver dinheiro do estado, o que, infelizmente, não aconteceu. Continuo repetindo aqui na Assembléia Legislativa que são aproximadamente R$ 30 milhões que essas empresas têm para receber do governo do estado e mais de meia dúzia de empresas que fecharam as portas em São Bento do Sul. Colaboradores e funcionários estão-se deslocando para Joinville, Jaraguá do Sul e Gaspar, porque em São Bento do Sul não tem emprego.
Infelizmente não é uma notícia boa para um início de ano, mas temos que encarar a realidade. Por isso, mais uma vez faço um apelo ao governo do estado para que olhe com toda atenção que merece a nossa empresa catarinense, em especial o setor exportador moveleiro de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre.
Muito obrigado srs. deputados e sra. presidente!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)