Pronunciamento

Serafim Venzon - 014ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 13/03/2007
O SR. DEPUTADO SERAFIM VENZON - Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados, é uma constatação de todos nós que a sociedade brasileira está envelhecendo mais. E isso está acontecendo por um conjunto de razões e entre elas podemos citar os avanços médicos, por exemplo. Também podemos citar os cuidados que se tem na tenra idade com a prevenção de doenças, com o saneamento, enfim, um conjunto de coisas está fazendo com que os homens e as mulheres durem mais.
A idade média, que era em torno de 70 anos, há três ou quatro anos passou para 74 anos; logo mais será 75, 76 e até 80 anos. Mas a média ainda é relativamente baixa porque existe, infelizmente, uma mortalidade grande na faixa dos 20, 30 anos, principalmente por mortes decorrentes de acidentes. Mas temos pessoas que facilmente ultrapassam os 90 anos e para entrar nessa faixa de envelhecimento a sociedade tem que se preparar de certa maneira para enfrentar uma nova realidade que vamos ter.
Por um lado devo até cumprimentar as prefeituras, as assistências sociais e as igrejas de todos os credos, que desenvolvem trabalhos de valorização da terceira idade. Vemos nos municípios acontecerem passeios de idosos para visitarem Santa Paulina, Nossa Senhora Aparecida ou para algum lugar dentro ou fora do estado. Semanalmente vemos atividades da terceira idade acontecendo. Fazem café da tarde de um grupo na quarta-feira, de outro grupo na quinta-feira e de vez em quando acontece uma grande confraternização dos diversos grupos, inclusive deslocando-se de uma cidade para outra.
Existem atividades das quais, de certa maneira, podemo-nos orgulhar, no sentido da valorização da terceira idade, pois promovem a integração dos aposentados, daqueles que estariam em casa, muitas vezes, vendo televisão ou sentados sem fazer muita coisa, fazendo-os ocuparem-se sadiamente executando trabalhos em grupos.
Até aí tudo bem, mas a sociedade agora se está deparando com outra deficiência: como ficam aqueles que, ultrapassando muitas vezes esses limites e têm a graça de viver um pouco mais, são acometidos por alguma moléstia tipo mal de Alzheimer, por exemplo, ou têm alguma outra deficiência cerebral e por isso não conseguem comandar-se adequadamente?
A família brasileira, a nossa família, de certa maneira, está sempre um pouco mais ocupada com as crianças, não só com os idosos, já discutimos isso aqui. O pai e a mãe precisam trabalhar para ganhar um pouco mais, para ter uma renda melhor e, portanto, uma qualidade de vida melhor. Só que onde ficam as crianças? Elas podem ficar na creche e, graças a Deus, temos bons locais para isso. E hoje estamos valorizando muito a escola, porque num grande número de famílias o pai ou a mãe das crianças são os professores e a própria estrutura da escola faz esse papel. Agora, como ficaria se, ao invés de ser uma criança, que pode ir para a creche ou pode ficar na escola por oito horas, fosse um avozinho ou uma avozinha incapaz de executar seus serviços ou fosse um deficiente grave que não tivesse como se cuidar sozinho?
Eu, na semana passada, visitei uma casa de geriatria, de repouso e a Casa Dilone, em Brusque. Na verdade, são duas casas de propriedade do sr. Nivaldo Alessandro e de Joelmir Peri, que atendem mais de 100 idosos não só da região de Brusque, como de diversas cidades que ficam no entorno, como Blumenau, Jaraguá do Sul, Bombinhas, Indaial, Piçarras, enfim, cidades que ficam ao redor e que podem contar com uma boa atividade de entretenimento com os idosos. Mas essas casas têm pouca estrutura para atender pessoas esquizofrênicas, deficientes, idosos incapazes. A sociedade precisa olhar isso.
Paralelamente a esta visita que fiz à Casa Dilone, deputado Peninha - v.exa. também tem-se preocupado com a questão do envelhecimento, pois está sempre participando desses movimentos de idosos -, fiz uma visita a um outro órgão, bem ao contrário do que propõe um asilo, ou seja, o BRDE. Dentre vários questionamentos que fiz, perguntei ao superintendente do BRDE o que ele achava da nossa questão social com relação a investimentos que podemos prever e o que poderia o BRDE fazer, no sentido de assegurar a essa faixa etária uma cobertura de investimento e uma qualidade de vida melhor.
Fiquei surpreso quando ele me disse que há uns 20 anos o Badesc, o BRDE e o BNDES não investiam em faculdades porque achavam que poderiam dar calote. E, pela experiência, viram que isso não era verdade porque investir em faculdades é um grande negócio para o BRDE, como está sendo agora, em Santa Catarina.
O BRDE descobriu, sr. presidente e srs. deputados, que é um grande negócio para o banco investir em clínicas que prestam atendimento médico. E dizia-me o sr. Dário Busch, em nome, naturalmente, do nosso ex-senador e ex-governador Casildo Maldaner, que a grande expectativa, que ele diz que está próxima, é do BRDE investir também em casas de repouso coordenadas por grupos, por entidades, por ONGs de responsabilidade que possam atender essa faixa etária.
Existe um instrumento fácil para isso! Nas universidades, o BRDE vincula o investimento com a prestação dos alunos. Na construção de casas de repouso e na construção de cidades para idosos - não vamos chamar de asilos - prevê a vinculação da prestação com a aposentadoria dos idosos que estariam morando lá.
Então, srs. deputados, se há vontade política, nós podemos encontrar uma alternativa para isso. E eu queria pedir aos nobres colegas para que dêem apoio à instituição e às pessoas das nossas cidades que tiveram a iniciativa de investir nesse setor, a fim de que a terceira idade, as pessoas de idade mais avançada possam ter uma guarida através dos investimentos sociais.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)