Pronunciamento

Serafim Venzon - 004ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

Em 24/03/2010
O SR. DEPUTADO SERAFIM VENZON - Sr. presidente, sras. e srs. deputados, meus cumprimentos especiais às queridas professoras da Udesc. Mais de 16 mil professoras fizeram o curso de Pedagogia a distância de 2002 a 2006 e inúmeras vezes, caminhando pelo estado, temos encontrado muitas delas, como encontramos um grupo, no domingo à noite, no município de Correia Pinto, próximo a Lages.
Quero também, deputado Décio Góes, cumprimentar de uma forma muito carinhosa o deputado federal Cláudio Vignatti, que tem feito, sim, um extraordinário trabalho em favor de todos os catarinenses. Permita-me, pois, somar-me às suas homenagens ao deputado Cláudio Vignatti.
Mas eu também quero comentar, sr. presidente, a matéria publicada pelo Jornal de Santa Catarina de hoje, na coluna do jornalista Valther Ostermann, que comenta duas coisas importantes.
A primeira refere-se ao respeito que se deveria ter com o consumidor de maneira geral, mais especificamente com o consumidor do serviço de telefonia.
Diz a nota:
(Passa a ler.)
"Fim da farra?
O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, considera ilegal a imposição das operadoras de telefonia que cancelam os créditos dos celulares pré-pagos dos clientes quando expira a validade do cartão. E quer acabar com a sacanagem, digo, imposição.
Legal, esse ministro. "[sic]
Quem está falando é Valther Ostermann. O cidadão compra, paga antecipadamente o serviço que vai utilizar e tem um prazo para gastar, digamos, de dois meses. Se não usar em dois meses, mesmo que tenha R$ 10,00 ou R$ 15,00 de crédito para utilizar, ele o perde. É uma forma de assalto! O furto é proibido em todos os lugares, mas na telefonia é oficializado. O crédito depois de certo tempo fica lá, desaparece, vai para a conta da empresa de telefonia.
Agora o ministro considerou isso ilegal e espero que a partir da opinião do ministro da Justiça possamos, quem sabe, fazer valer os direitos que o cidadão tem de conservar os créditos que paga antecipadamente.
Eu, particularmente, uma vez tentei resolver uma questão com uma empresa telefônica. Cheguei a reclamar no Procon. No dia e hora marcados eu estava lá. Cinco minutos depois chegou uma cartinha do advogado da empresa que dizia: "Estou impedido de comparecer porque a quatro quilômetros do local da reunião bati o meu carro". O Procon entendeu que era uma justificativa razoável e marcou para outro dia. No outro dia marcado, novamente o advogado deu uma justificativa para não comparecer e o Procon aceitou. Marcou, então, nova data. Na terceira reunião marcada, quando lá cheguei o funcionário do Procon disse que já havia aceito a justificativa. A partir daquele momento entendi que problema de telefonia não adianta reclamar no Procon, porque até o Procon as empresas estão ludibriando.
Um segundo detalhe que quero abordar também é da coluna de Valther Ostermann.
(Passa a ler.)
"Remuneração injusta
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde. Antes dele, só os segurados do INAMPS estavam incluídos.
Foi, sem dúvida, um avanço social. Mas, para que continue gerando o efeito pretendido, é necessário que a tabela de pagamento dos serviços que os hospitais prestam seja adequada à realidade. Atualmente inviabiliza o sistema, com seus ridículos valores. E não é só o Hospital Regional Alto Vale que está a perigo."[sic]
O artigo termina assim e ele estava referindo-se ao Hospital Regional de Rio do Sul e, na verdade, os honorários médicos e hospitalares pagos hoje pela tabela SUS são, de fato, aviltantes.
Ontem à noite, às 21h - eu sou médico em Brusque -, houve uma cirurgia de emergência. Enquanto operava conversava com o anestesista, que é amigo meu, e ele me contava que no mês anterior houvera naquele hospital 60 cirurgias pelo SUS, com 60 anestesias prestadas por seis anestesistas que se revezam durante a semana e durante o mês. Eles ganharam pelo serviço R$ 3 mil; descontando o imposto de renda, que é de 27,5%, sobraram R$ 2,1 mil. Dividindo-se esse valor por seis profissionais, sobraram R$ 350,00 para cada um por um mês inteiro de trabalho. É um valor que de fato não empolga nenhum profissional.
Então, o que o SUS paga é aviltante tanto para os anestesistas quanto para os cirurgiões, para os clínicos e para os hospitais. Os hospitais com aquilo que recebem não conseguem repor os materiais quebrados, consumidos, não conseguem comprar o equipamento necessário, não conseguem comprar os medicamentos. Os hospitais acabam sobrevivendo muito mais das doações da comunidade, das rifas que são feitas duas ou três vezes por ano e dos reforços repassados pela secretaria estadual da Saúde, e são valores significativos. Graças a esses valores os hospitais conseguem modernizar-se um pouco, ou seja, a secretaria da Saúde repassa valores para fazerem reformas, comprar equipamentos, enfim, para fazer alguma adequação do hospital. Mas o correto seria que aqueles valores que o hospital recebe pelo atendimento médico prestado regularmente deveriam servir para pagar os seus profissionais, para pagar e repor os medicamentos e ainda ter uma reserva para fazer uma reforma ou comprar equipamentos mais modernos.
Os hospitais que atendem pelo SUS, assim como os hospitais públicos, lamentavelmente não conseguem fazer isso e o paciente do SUS, infelizmente, nunca consegue ser beneficiado pelas modernas técnicas que vão sendo implantadas e que são utilizadas por aqueles que pagam pelos procedimentos.
(Discurso interrompido por término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)