Pronunciamento

SARGENTO LIMA - 015ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 14/03/2023
DEPUTADO SARGENTO LIMA (Orador) - "Presidente Maurício e demais deputados, muito boa tarde! Também todos aqueles que nos acompanham pela TVAL e os que nos seguem pelas nossas redes sociais.
Senhores deputados, durante a minha vida como militar, fui submetido, várias vezes, a treinamentos que nos conduziam a ter um controle emocional diante de situações de estresse. A disciplina consciente, o controle emocional, nós buscávamos isso durante todo o tempo. E mesmo assim é difícil de entender ou de encarar com certa paciência aquilo que acontece no nosso país.
Nós estamos no Mês da Mulher e tivemos uma movimentação muito grande nas redes sociais devido ao pronunciamento de um Deputado Federal, e aquilo se tornou uma grande discussão. Eu poderia ter abordado esse assunto antes, não quis fazê-lo, porque eu esperei com que a coisa sedimentasse para poder falar isso com maior clareza para as pessoas, sobre a violência contra a mulher, sobre os espaços que a mulher vem perdendo.
Eu, de verdade, francamente, acho que é uma opção da mulher se ela resolver entrar no ringue e ser espancada por um homem por livre e espontânea vontade dela. Se ela quiser passar por uma situação dessa é uma opção dela. Ela poderia se negar a subir no ringue e lutar contra um homem. Se ela é nadadora ela não pularia dentro da piscina e não ia competir com alguém que não fosse do mesmo sexo, não estivesse em pé de igualdade com ela. Então, nas competições esportivas, eu acredito que isso vai muito da opção do atleta em competir ou não. É a minha opinião.
Mas o que me preocupa é uma violência contra a mulher, que essa sim o Estado pode colocar a mão e deve agir. Uma violência que muitas vezes passa desapercebido. Um Estado, um país que se preocupa com a segurança de uma mulher, ele pede castração química para o estuprador. Não tem piedade desse tipo de gente. Um país, uma nação, um Estado que se preocupa com a segurança da mulher, estende à mulher o direito à legítima defesa, ele oferece meios para que ela possa se defender também de um possível agressor. Isso acontece em nível estadual, municipal e federal. Esse é um Estado que realmente se preocupa com a segurança da mulher.
A violência que passa desapercebida por nós é muito silenciosa, uma violência contra uma mulher que ela deixa de ir trabalhar porque não tem onde deixar o seu filho. Porque o prefeito, ao invés de abrir uma creche na sua cidade, estava celebrando contrato com a Serrana, por exemplo. Esse dinheiro do lixo poderia ser utilizado para abrir uma creche, não é verdade? Então para você ver, isso é uma violência contra a mulher.
O Estado que gasta com um superfaturamento de uma contratação de uma terceirizada, principalmente na área da saúde, Deputado Cadorin, ele poderia estar investindo isso em uma linha de crédito para mulheres, como o nosso Governador fez semana passada. Ele estendeu crédito às mulheres, e isso é se preocupar com a mulher. Em vez de ele estar fazendo pantomimas, viagens e graças com o dinheiro do munícipe, poderia estar fazendo uma calçada onde a mulher poderia passar ali empurrando o carrinho, não só de bebê, muitas vezes de uma criança portadora de deficiência que é seu filho. Isso aí é proteger a mulher. Você oferecer uma creche para ela colocar o filho dela, não está gastando de forma indevida o dinheiro da Prefeitura. Isso é uma violência brutal contra a mulher, imagine ela não poder trabalhar porque não tem onde deixar o filhinho dela? Violência contra a mulher é quando ela tem que chegar três horas da manhã em um posto de saúde e não é atendida porque uma porcaria de um prefeito não trabalha, porque uma porcaria de um governador não se preocupou.
Nós estávamos com 105 mil pessoas em uma fila de espera de cirurgia, a grande maioria mulheres. Isso é violência contra a mulher. Ela passa desapercebida e ninguém fala disso. Foi ou não foi uma violência contra a mulher? Estar ali esperando que alguém faça uma obra de voluntariado para fazer um seio feito de meia feminina recheado de alpiste para que sirva de prótese para ela. E essa mulher é uma contribuinte como qualquer outra. Ela pagou os seus impostos a vida inteira. Isso é violência contra a mulher. Então tem tantas formas de violência contra a mulher que ente político pode combater.
Eu deixo a critério da mulher, como eu disse: se ela quiser ou não ser espancada por um homem dentro de um ringue; se ela escolhe ou não nadar contra um homem dentro da piscina. Se fosse a minha filha, eu falaria: filha, você não vai lutar contra esse sujeito, ele vai te moer de pau. Uma atleta treina meses para chegar lá dentro do ringue, levar uma canelada na cara, ter um prolapso ocular e comprometer a carreira dela pelo resto da vida, porque ela resolveu lutar contra um homem. Acabou a carreira dela. Simplesmente isso. Uma fratura te tira de combate. Mas isso, ela pode escolher se sim ou não. Agora, ela não pode escolher se ela pode ou não passar fome com o filho em casa porque não tem uma creche no município. Ela não pode se preocupar se o Estado tem ou não tem políticas que realmente a abraça nos momentos difíceis das doenças, no momento de um câncer. Isso ela não pode escolher. E essa violência contra a mulher tem que parar.
Se nós analisarmos no profundo, a raiz de todo mal consiste na incompetência provocada pela corrupção. E as pessoas que fazem esse ato, quem vai lá e coloca a mão no dinheiro que não é seu, é do pagador de impostos, ele acaba recebendo do grupo de amigos, que eu acredito que isso faça parte de uma confraria secreta, só pode, porque todos se conhecem, estão interligados de alguma forma, eles devem receber o manual do pilantra. No manual do pilantra tem lá 'desculpas', a desculpa única que ele tem. Ele faz uma cara de paisagem, ajeita-se na frente do microfone e fala: 'um dia vai-se fazer justiça!'. É óbvio, vai para a primeira, segunda, terceira instância e vai embora, um dia vai a fazer justiça. Um dia a verdade virá à tona. E por fim ele ainda consegue envolver Deus nesse processo todo. 'Deus está vendo!' Se Deus estivesse vendo tinha jogado um raio na tua cabeça quando você fala uma besteira dessas.
Então, neste Mês da Mulher podemos conversar muito dentro desta Casa sobre ações muito efetivas de como proteger a mulher do maior mal que existe neste país, que é a corrupção. O maior mal, é ela que realmente prejudica a mulher neste país. Tira todas as chances dela. Castra ela. Não deixa que ela vá para frente na vida. Esse é o maior mal. Essa é a maior violência que existe contra a mulher. A dissidia daquilo que é público, a preguiça, o mal feito e a má vontade.
Então, minhas mulheres de Santa Catarina, que eu tenho o sentimento de posse por este Estado, porque ele me adotou e eu aprendi a amá-lo, fiquem tranquilas, têm muitos homens aí que vão trabalhar duramente para que vocês tenham os seus direitos atendidos neste Estado. Quero parabenizar aqui de pronto o Governador Jorginho Mello, que nesses últimos 60 dias foram quase 20 mil cirurgias já realizadas e muitas dessas cirurgias para mulheres. Isso é se preocupar com a mulher. Isso é se preocupar de verdade com a mulher. Ter preocupação, abrir linha de crédito para mulher poder abrir o seu negócio, ir para a frente, prosperar. O restante é demagogia e cortina de fumaça.
Enquanto alguns discutem o sexo dos anjos, uma 'ratalhada' por baixo não para de roer um segundo. Não para de trabalhar um segundo, cavando seus túneis embaixo do cofre. Tem muita coisa importante acontecendo no Brasil agora para estar discutindo coisas assim que não são violência contra a mulher. Ela teve opção em alguma dessas situações que foram levantadas. Principalmente em relação ao esporte. Conselho para vocês meninas, principalmente dos esportes de contato, que eu sou praticante, sou pugilista. Não entra no ringue com homem não, você vai comprometer a tua carreira, você vai se machucar. E pode ser que você esteja interrompendo uma carreira brilhante pela tua frente. Obrigado, Presidente!" (Discurso transcrito na íntegra, sem revisão do orador.) [Taquigrafia: Northon]