Pronunciamento
Sargento Amauri Soares - 009ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 24/02/2010
O SR. DEPUTADO SARGENTO AMAURI SOARES - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Digital Digital, sinceramente até fico contente que um assunto como esse venha à tribuna desta Assembleia Legislativa, justamente para que possamos debater essas circunstâncias, esses acontecimentos.
O deputado Derli Rodrigues trouxe o assunto do qual o deputado Nilson Gonçalves já havia falado na tarde de ontem, assim como este deputado também fez uso do microfone de aparte para falar.
Mas quero abordar, neste tempo de dez minutos, essa questão para que possamos tentar esclarecer um pouco os fatos.
A maior causa de morte de policial militar, ou de policial em geral, em serviço é ocasionada justamente pela abordagem realizada fora das regras, das técnicas da Polícia Militar. Para citar alguns casos mais recentes, cito o soldado Augusto, que em 2005, aqui em Palhoça, foi atender uma ocorrência envolvendo um doente mental conhecido na área; chegou lá para conversar, o doente mental sacou uma arma, desferiu um tiro e matou o soldado Augusto.
Em dezembro de 2004, na cidade de Barra Velha, norte do estado, o soldado Matias e outros companheiros foram atender uma ocorrência na praia; na boa-fé, permitiram que um dos envolvidos fosse até a areia para buscar a calça onde teria deixado os documentos, mas a verdade é que ele tirou de lá um revólver e matou o soldado Matias.
Em 2006, também na região norte, naquele posto da Polícia Federal em Joinville, o soldado Carlos foi morto por assaltantes. Quando abordou o veículo, pegou um documento, foi até dentro do posto e ao voltar seus colegas já estavam sendo alvejados. Morreu o soldado Carlos, porque quem estava dentro do carro eram assaltantes e não cidadãos de bem.
Recentemente, na cidade de Joinville, o soldado Sidney fez uma abordagem que não poderia ter sido feita conforme os cuidados e a técnica, pois estava sozinho e foi morto a tiros pelo marginal.
Mais recentemente ainda, aqui na cidade de São José, o cabo Coelho, atendendo uma ocorrência de um assalto a uma joalheria, encontrou os motoqueiros que tinham feito um assalto na esquina, não deu tempo de fazer a abordagem corretamente e morreu assassinado por um marginal.
Em virtude desses e de centenas de milhares de companheiros policiais militares que já perdemos ao longo da história da nossa instituição, criaram-se procedimentos de abordagem, no caso de veículos ou de pessoas suspeitas dentro de veículos. E existe uma técnica que é treinada e na maioria das vezes não se faz necessária ou pelo chamado bom senso, nós, policiais, agimos de forma diferente daquela que ensina a técnica. Se chegarmos perto da pessoa, conversarmos, dermos um tapinha nas costas, pedirmos o documento, olharmos bem, reconhecermos, identificarmos, conferirmos no sistema e se ela não deve nada, porque é do bem, é liberada automaticamente. Atendem-se mil ocorrências e em todas elas as pessoas abordadas são pessoas de bem e vão para casa em seguida, às vezes com um pedido de desculpas ou com um muito obrigado por haver colaborado. Mas se o milésimo primeiro for um marginal e se o policial agir daquela mesma forma - "Cidadão, com licença, o senhor teria um documento de identicação?" -, antes de terminar de falar já terá levado um tiro.
Em Guaramirin aconteceu alguma coisa parecida com isso. Houve um assalto no bairro Guamiranga e pelo rádio de comunicação aquela viatura que era a única de serviço na cidade foi informada. Um veículo branco, com película, era suspeito de haver cometido o assalto. A única guarnição de serviço estava indo para outra ocorrência, mas como essa era mais grave, voltou para averiguar a situação e deparou-se com o carro onde estava o vereador Gilberto. Fez a abordagem normalmente, cercou a viatura, com armas em punho, é óbvio, porque se é suspeito de assalto, se as pessoas que estão dentro do veículo podem ser assaltantes, não convém bater no vidro e falar: "Cidadão, por gentileza, o senhor poderia me entregar o seu documento?", porque quando ele abrir o vidro vai fazê-lo com o cano do revólver na cabeça do policial. E como o carro do vereador tinha película, não dava para ver de fora quantas pessoas estavam dentro do veículo e quem eram. Como eles fecharam o carro e sacaram as armas, o vereador desceu - perdoem-me a expressão - cheio de razão e ao invés de colocar a mão sobre o teto do veículo, que é a orientação, é a técnica para ser revistado, ele foi para cima dos policiais dizendo que era uma autoridade, que eles não poderiam fazer aquilo, que eles estavam trabalhando errado.
Policiais militares ou policiais em geral despreparados poderiam até ter dado um tiro nele. E evidente que diante disso, como ele se recusou a fazer aquilo que os policiais estavam dizendo, eles se enrolaram, esse é o fato. O vereador Gilberto Junckes, que é, por certo, uma pessoa de bem, é faixa preta em alguma arte marcial. Assim, a coisa não foi muito fácil, foi-se às vias de fato, ao confronto e ele arrebentou uma das algemas. Houve uso de gás de pimenta? Houve. Houve uso de cassetete? Houve. E os dois policiais, os únicos dois da radiopatrulha naquela tarde, tiveram muito trabalho para colocá-lo na caixa. E daí que foi com celular e tudo? Se estivesse com documento, iria também. Quando descobriram que ele estava com o celular, foram abrir a caixa para pedir o celular e ele soltou os pés nos policiais. E mais uma vez tiveram que o imobilizar e algemar até porque havia chegado o policial do quartel, correndo, com outra viatura, para dar o reforço. Nesse instante, sim, foi algemado, revistado - antes nem deu para fazer isso - e colocado de novo na caixa.
As caixas das viaturas da Polícia em Santa Catarina não têm ar quente, e o secretário de Segurança pode falar sobre isso. Então, não há perigo de haver ar quente. Além disso, depois de imobilizado não sofreu mais nenhuma agressão. Na delegacia o vereador tentou conversar com os policiais, depois de se acalmar, para deixá-lo ir embora. Se os policiais tivessem aceitado esse acordo teriam prevaricado e com aquelas fotos foram mostradas aqui hoje estariam condenados. Eles agiram corretamente.
Então, qual foi o mal entendido? A sociedade como um todo precisa ser orientada pelo governo do estado sobre como agir no momento de uma abordagem policial. O governo, ao invés de ficar fazendo propaganda, deveria educar e conversar com a população, pois assim não ocorreriam esses fatos lamentáveis que vimos, por desentendimentos, por falta de diálogo, por falta de comunicação e de compreensão.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
O deputado Derli Rodrigues trouxe o assunto do qual o deputado Nilson Gonçalves já havia falado na tarde de ontem, assim como este deputado também fez uso do microfone de aparte para falar.
Mas quero abordar, neste tempo de dez minutos, essa questão para que possamos tentar esclarecer um pouco os fatos.
A maior causa de morte de policial militar, ou de policial em geral, em serviço é ocasionada justamente pela abordagem realizada fora das regras, das técnicas da Polícia Militar. Para citar alguns casos mais recentes, cito o soldado Augusto, que em 2005, aqui em Palhoça, foi atender uma ocorrência envolvendo um doente mental conhecido na área; chegou lá para conversar, o doente mental sacou uma arma, desferiu um tiro e matou o soldado Augusto.
Em dezembro de 2004, na cidade de Barra Velha, norte do estado, o soldado Matias e outros companheiros foram atender uma ocorrência na praia; na boa-fé, permitiram que um dos envolvidos fosse até a areia para buscar a calça onde teria deixado os documentos, mas a verdade é que ele tirou de lá um revólver e matou o soldado Matias.
Em 2006, também na região norte, naquele posto da Polícia Federal em Joinville, o soldado Carlos foi morto por assaltantes. Quando abordou o veículo, pegou um documento, foi até dentro do posto e ao voltar seus colegas já estavam sendo alvejados. Morreu o soldado Carlos, porque quem estava dentro do carro eram assaltantes e não cidadãos de bem.
Recentemente, na cidade de Joinville, o soldado Sidney fez uma abordagem que não poderia ter sido feita conforme os cuidados e a técnica, pois estava sozinho e foi morto a tiros pelo marginal.
Mais recentemente ainda, aqui na cidade de São José, o cabo Coelho, atendendo uma ocorrência de um assalto a uma joalheria, encontrou os motoqueiros que tinham feito um assalto na esquina, não deu tempo de fazer a abordagem corretamente e morreu assassinado por um marginal.
Em virtude desses e de centenas de milhares de companheiros policiais militares que já perdemos ao longo da história da nossa instituição, criaram-se procedimentos de abordagem, no caso de veículos ou de pessoas suspeitas dentro de veículos. E existe uma técnica que é treinada e na maioria das vezes não se faz necessária ou pelo chamado bom senso, nós, policiais, agimos de forma diferente daquela que ensina a técnica. Se chegarmos perto da pessoa, conversarmos, dermos um tapinha nas costas, pedirmos o documento, olharmos bem, reconhecermos, identificarmos, conferirmos no sistema e se ela não deve nada, porque é do bem, é liberada automaticamente. Atendem-se mil ocorrências e em todas elas as pessoas abordadas são pessoas de bem e vão para casa em seguida, às vezes com um pedido de desculpas ou com um muito obrigado por haver colaborado. Mas se o milésimo primeiro for um marginal e se o policial agir daquela mesma forma - "Cidadão, com licença, o senhor teria um documento de identicação?" -, antes de terminar de falar já terá levado um tiro.
Em Guaramirin aconteceu alguma coisa parecida com isso. Houve um assalto no bairro Guamiranga e pelo rádio de comunicação aquela viatura que era a única de serviço na cidade foi informada. Um veículo branco, com película, era suspeito de haver cometido o assalto. A única guarnição de serviço estava indo para outra ocorrência, mas como essa era mais grave, voltou para averiguar a situação e deparou-se com o carro onde estava o vereador Gilberto. Fez a abordagem normalmente, cercou a viatura, com armas em punho, é óbvio, porque se é suspeito de assalto, se as pessoas que estão dentro do veículo podem ser assaltantes, não convém bater no vidro e falar: "Cidadão, por gentileza, o senhor poderia me entregar o seu documento?", porque quando ele abrir o vidro vai fazê-lo com o cano do revólver na cabeça do policial. E como o carro do vereador tinha película, não dava para ver de fora quantas pessoas estavam dentro do veículo e quem eram. Como eles fecharam o carro e sacaram as armas, o vereador desceu - perdoem-me a expressão - cheio de razão e ao invés de colocar a mão sobre o teto do veículo, que é a orientação, é a técnica para ser revistado, ele foi para cima dos policiais dizendo que era uma autoridade, que eles não poderiam fazer aquilo, que eles estavam trabalhando errado.
Policiais militares ou policiais em geral despreparados poderiam até ter dado um tiro nele. E evidente que diante disso, como ele se recusou a fazer aquilo que os policiais estavam dizendo, eles se enrolaram, esse é o fato. O vereador Gilberto Junckes, que é, por certo, uma pessoa de bem, é faixa preta em alguma arte marcial. Assim, a coisa não foi muito fácil, foi-se às vias de fato, ao confronto e ele arrebentou uma das algemas. Houve uso de gás de pimenta? Houve. Houve uso de cassetete? Houve. E os dois policiais, os únicos dois da radiopatrulha naquela tarde, tiveram muito trabalho para colocá-lo na caixa. E daí que foi com celular e tudo? Se estivesse com documento, iria também. Quando descobriram que ele estava com o celular, foram abrir a caixa para pedir o celular e ele soltou os pés nos policiais. E mais uma vez tiveram que o imobilizar e algemar até porque havia chegado o policial do quartel, correndo, com outra viatura, para dar o reforço. Nesse instante, sim, foi algemado, revistado - antes nem deu para fazer isso - e colocado de novo na caixa.
As caixas das viaturas da Polícia em Santa Catarina não têm ar quente, e o secretário de Segurança pode falar sobre isso. Então, não há perigo de haver ar quente. Além disso, depois de imobilizado não sofreu mais nenhuma agressão. Na delegacia o vereador tentou conversar com os policiais, depois de se acalmar, para deixá-lo ir embora. Se os policiais tivessem aceitado esse acordo teriam prevaricado e com aquelas fotos foram mostradas aqui hoje estariam condenados. Eles agiram corretamente.
Então, qual foi o mal entendido? A sociedade como um todo precisa ser orientada pelo governo do estado sobre como agir no momento de uma abordagem policial. O governo, ao invés de ficar fazendo propaganda, deveria educar e conversar com a população, pois assim não ocorreriam esses fatos lamentáveis que vimos, por desentendimentos, por falta de diálogo, por falta de comunicação e de compreensão.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)