Pronunciamento

Romildo Titon - 004ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 23/02/2005
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, gostaria de, nesta tarde, pronunciar-me com relação ao grande problema da estiagem que vem prejudicando todo o Estado de Santa Catarina, como também outros Estados. Como venho de uma região essencialmente agrícola, de uma região em que a economia é baseada no setor agrícola, na pecuária e na suinocultura, estamos sentindo na própria pele a grande dificuldade e a situação difícil que teremos de enfrentar neste ano por causa da queda da produção.
Para que pudesse dar algumas sugestões ao Governo do Estado, ao nosso Governador Luiz Henrique da Silveira, fui em busca de alguns dados que relatam o prejuízo que a região Meio-Oeste de Santa Catarina está enfrentando até o presente momento. E todas as informações assinalam que a situação de todo o grande Oeste catarinense ainda é pior, situação há pouco relatada pelo Deputado Gelson Merísio.
Somente no Município de Campos Novos, que recebeu, da Assembléia Legislativa, o título de Celeiro Catarinense por ser um dos maiores produtores de grãos do Estado, nós constatamos, segundo dados concretos levantados, ontem, numa reunião de todas as cooperativas instaladas no Município, juntamente com técnicos do IBGE, os seguintes números: a produção de feijão já está perdida em 62%. Havia uma estimativa da produção de 240 mil sacas de feijão este ano, mas essa previsão acabou passando para apenas 67 mil sacas, o que representa um prejuízo de 180 mil sacas de feijão. O milho, que é um dos grandes cultivares da nossa região, também já está prejudicado em 40%, pois tínhamos uma previsão para 2.640 milhões de sacas, passando para apenas 1.600 milhão, acumulando um prejuízo de dez milhões de sacas.
Quanto à soja, 42% da produção está também totalmente perdida. Tínhamos uma previsão de 1.480 milhão de sacas. Agora, caiu para 850 mil sacas, dando um prejuízo de 650 mil sacas. Quanto à produção de leite, teremos também uma queda de 38% na produtividade.
Ainda hoje, através dos jornais, pudemos constatar o desespero de alguns avicultores da região Oeste catarinense, onde somente um produtor perdeu, num dos seus aviários, mais de três mil frangos.
A suinocultura também começa a ser atingida pela falta d’água, o que está dificultando que os suinocultores tenham a rentabilidade prevista, já que começa a diminuir a produção das reprodutoras, pois não se tem mais o mesmo tratamento d’água que se tinha anteriormente. Vinte por cento da produção de fumo também já está prejudicada.
A estrutura dos Municípios está ficando inviável, porque eles não têm caminhões-pipa suficientes para abastecer as propriedades rurais, desde os aviários até os suinocultores, e isso está piorando a cada dia que passa. Há Município que já teve praticamente 50% dos seus aviários fechados, porque não há mais possibilidade de se transportar água potável suficiente e com qualidade para mantê-los abertos e em funcionamento.
Enfim, a situação está cada vez mais grave, mais crítica. Assim sendo, este é o momento para o Governo repensar um pouco as suas atividades, já que somos um Estado produtor, essencialmente agrícola. É necessário que o Governo volte a atenção para o setor agrícola, no sentido de que sejam destinados recursos especificamente para esse setor, neste momento.
Tive a oportunidade de, pela manhã, fazer um relato, por escrito, ao Governador, quando coloquei a situação da nossa região, que é produtora e que realmente pode espelhar a situação em que se encontra o restante do Estado de Santa Catarina.
Demos algumas sugestões ao Governo do Estado, para que, neste momento, a Secretaria da Agricultura libere a perfuração dos poços artesianos, a fim de amenizar o problema daqueles que estão em situação mais crítica; que se adquira, em situação de emergência, caminhões-pipa para ajudar os Municípios, porque não há mais condições de alugá-los. No Meio-Oeste, nem que se queira pagar, não há mais nenhum caminhão-pipa para ser alugado para fazer o transporte de água.
A maioria dos Prefeitos está no desespero porque não conseguem atender a demanda das reivindicações que têm nesse setor. Então, é importante que o Governo do Estado também coloque as suas máquinas à disposição não só da agricultura como também de outros setores, para fazer a abertura de bebedouros de água, a fim de ajudar os nossos pecuaristas e agricultores.
É nesse sentido que faço este registro, Srs. Parlamentares, da situação crítica que vive o Meio-Oeste catarinense e da nossa preocupação quanto à repercussão econômica junto aos cofres públicos e junto a todos que labutam e lutam na agricultura, na pecuária, na suinocultura e na avicultura. O prejuízo será enorme para os cofres públicos, para os Municípios que vão ter queda na arrecadação, como também para os produtores que sobrevivem diretamente desse setor.
Portanto, deixo aqui, Sr. Presidente e Srs. Parlamentares, o registro da situação que está vivendo, neste momento, o Meio-Oeste, especificando somente a região de Campos Novos, porque é a região da qual recebi dados oficiais até este momento. E se perdurar essa estiagem por mais alguns dias, certamente teremos um desastre maior na produção de nossa região.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)