Pronunciamento

Romildo Titon - 001ª SESSÃO 1ª CONV. EXTRAORDINÁ

Em 17/01/2006
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Sr. presidente, sras. deputadas, srs. deputados, trago também nesta tarde a preocupação que vivemos todos nós da região do meio-oeste, do oeste catarinense, com referência à estiagem que há vários meses vem atingindo toda a nossa região e toda a nossa produção.
Eu diria que as regiões do meio-oeste e do oeste catarinense se encontram alerta, porque a situação está-se agravando cada vez mais, a situação está ficando cada vez mais crítica, e certamente teremos uma repercussão econômica e social em toda a região, principalmente na área da agricultura e da pecuária.
No mês de setembro e outubro tivemos um excesso de chuvas que atrapalhou o desenvolvimento das lavouras, principalmente as de milho. No dia 16 de dezembro tivemos uma chuva de granizo muito grande na região do meio-oeste que levou grande parte da produção. Agora, com a média histórica da falta de chuvas dos últimos tempos e com as conseqüências de outros dois anos, entrando no terceiro ano, nesta safra, devido às estiagens anteriores, já tivemos dificuldades de crédito para a formação das lavouras, juros altos e falta de seguro. Além disso, com o prejuízo da produtividade, o setor enfrenta o alto custo de produção, a baixa remuneração dos produtos e o endividamento acumulado que se vem fazendo há quase três anos.
Tudo isso somado, estamos em estado de alerta, sem dúvida nenhuma, porque a conseqüência vai ser muito grande nesse sentido. Vejam que nesse instante pouco se pode fazer. Como recorrer ao governo, se ninguém pode fazer chover, deputado Vânio dos Santos?
Sabemos que a preocupação maior é com a prorrogação das dívidas e com algum crédito emergencial que deve ser anunciado pelo governo federal, mas certamente também nos preocupamos com a repercussão na economia do estado de Santa Catarina, com o endividamento dos nossos agricultores e com as nossas cooperativas, que tiveram que bancar pelo terceiro ano consecutivo os seus associados, deputado Reno Caramori. Essa é uma das maiores preocupações, porque certamente a descapitalização das nossas cooperativas é um dos fatores mais agravantes que vemos nesse instante, porque quando quebra o agricultor, certamente as cooperativas sofrem muito.
A nossa região já teve uma perda aproximada de 60% de milho. Algumas lavouras tiveram perdas de 80% até 100%. Quarenta por cento da produção de soja também está comprometida, porque, apesar de ser uma das plantas que mais resiste, a estiagem pegou exatamente o desenvolvimento dessa planta. O feijão teve uma perda de mais de 50%, porque também é uma planta que se encontra na fase de floração, e a tendência é se agravar cada vez mais. A produção de leite conseqüentemente caiu em 50%, porque as pastagens estão seriamente comprometidas, e a queda na produção é cada vez maior.
O gado de corte também sofre o mesmo processo, perde peso a cada dia que passa por falta de pastagem. O frango de corte sofre com o calor, além da falta de água para o abastecimento dos aviários, que é cada vez mais crítico. Na produção de ovos, e a nossa região é uma das que produz muito, as galinhas acabam sofrendo estresse por causa do calor, e a produção cai consideravelmente. Na suinocultura é o mesmo processo, porque cai a produção em escala muito grande.
O problema maior que estamos enfrentando é a falta de água, que já começa a atingir o ser humano, as famílias. Não se tem mais água potável, o pouco que existe já está diminuindo. Os rios estão secando, os pequenos rios estão secando e já começa a atingir o abastecimento de água. Algumas cidades estão comprometidas, porque são abastecidas por alguns rios que estão tendo diminuídas as águas consideravelmente.
Sem dúvida estamos num estado de alerta muito grande e queremos chamar a atenção das autoridades para os problemas futuros que enfrentaremos. Vamos ter uma debandada dos nossos agricultores para centros maiores à procura de trabalho, porque a quebradeira vai ser muito grande.
Repito, não é apenas esta estiagem, mas estamos na terceira. E viemos de outros problemas que atingiram nossa região, quais sejam os problemas climáticos, os de crédito e os de falta de seguro agrícola. Não há segurança.
Srs. deputados, trago aqui esta manifestação no dia de hoje, por ser um representante de uma região que acredito ter um dos maiores prejuízos, que é o meio-oeste e parte da região serrana, do planalto sul catarinense, principalmente da nossa Campos Novos, que é o celeiro do estado de Santa Catarina, uma das regiões que mais sofre e que tem os maiores prejuízos e que nos preocupa sem dúvida nenhuma futuramente.
Era isto, sr. presidente, que nós gostaríamos de colocar no dia de hoje, ou seja, deixar este alerta a todos, porque toda nossa região está preocupada com a situação econômica e social, pois a estiagem ainda trará problemas muito grandes futuramente.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)