Pronunciamento

Romildo Titon - 004ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 25/02/2003
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Parlamentares, ocupo a tribuna no dia de hoje, pela primeira vez nesta Legislatura, para dizer que retorno a esta Casa para cumprir, mais uma vez, com o meu dever com a região que represento.
Retorno para o terceiro mandato, com 43.556 votos, já que a sociedade da minha região me outorgou mais este mandato para representá-la.
Venho de uma região que necessita de investimentos, de apoio, de obras, de realizações, de reconhecimento por aquilo que representamos no contexto econômico do Estado de Santa Catarina.
Venho da região de Campos Novos, Deputado Reno Caramori, uma região produtiva, considerada hoje o Celeiro do Estado de Santa Catarina; venho da região de Capinzal, que é hoje a Capital Nacional do Chester, um Município em franco desenvolvimento; venho das imediações de Fraiburgo, que é a Capital Nacional da Maçã, o sustentáculo daquela região; venho da região de Videira, que produz os bons vinhos, a uva e que tem uma importante produção de frango e de suíno; bem como venho de outros Municípios que circundam essas regiões.
Viemos para cá, junto com tantos outros Colegas que lá receberam o apoio também, para buscarmos o reconhecimento da nossa produção, da gente ordeira e trabalhadeira daquela região, visando melhorar o atendimento da educação; visando buscar alternativas para a nossa agricultura; visando ver tantas rodovias, como a BR-282, com a qual sonhamos há mais de 50 anos, como a SC-458, que passa na frente da Perdigão, que fica na Capital Nacional do Chester... E não temos uma rodovia asfaltada, e também os acessos de tantos Municípios novos que foram emancipados ainda não têm asfalto.
Poderíamos falar aqui de tantas outras reivindicações, como é o caso da Saúde, sendo que brigamos pela descentralização. É uma vergonha para nós, da região do Meio-Oeste catarinense e do Oeste, vermos essa fila de ambulâncias todos os dias nas estradas. E não temos hospital regional para atendermos a nossa gente.
São muitas as reivindicações que aqui poderíamos colocar como prioridades de uma região tão produtiva. E ficamos indignados quando vemos neste momento chamarem a atenção da classe política de Santa Catarina para o problema do Besc. Há a briga para ver quem é o pai da criança, para ver quem quebrou ou deixou de quebrar o Banco, se privatizam ou não. Vejo outros defendendo que ele não deve ser privatizado, mas, por outro lado, dizem que há um preço por isso de mais de R$1,5 bilhão que tem de ser pago.
E aí faço a pergunta: será que vale a pena o Estado investir mais de R$1,5 bilhão para salvar um Banco e deixar tantos Municípios sem estrada, sem rodovia, sem assistência médica?! Será que vale a pena isso?! Esse é o raciocínio que temos que fazer neste instante: o que é melhor para Santa Catarina?
Será que se pegarmos R$1,5 bilhão não dá para criarmos um outro Banco do Estado de Santa Catarina sem dívida e deixarmos, então, que vendam esse que está aí, que não sabemos quem - até agora não se descobriu - realmente fez com que chegasse na situação em que está?
Esta é a indagação que faço como cidadão e como Deputado que vem de uma região sofrida, em que a sua gente vive com as mãos calejadas, produzindo para o sustentáculo desta Nação, para ajudar o Estado de Santa Catarina.
E temos o caso da SC-458, Deputado Onofre Santo Agostini, que passa na frente da Perdigão, essa empresa que garante a sobrevivência do emprego de tanta gente daquela região, que é o sustentáculo da arrecadação do ICMS de Videira, de Fraiburgo e de toda a nossa região, e que garante uma oportunidade ao produtor de ter o seu aviário e a sua criação de suíno para melhorar o seu dia-a-dia. Mas lá não tem uma rodovia para escoar a sua produção.
Na região do Meio-Oeste não temos um só sequer hospital regional. E por isso temos de trazer um doente para fazer um exame de ressonância ou qualquer outro de menor custo aqui na Capital do Estado.
Será que não é o momento de analisarmos, de vermos o que é melhor para Santa Catarina, e não ficarmos nesta briga política de quem vai privatizar ou de quem é o culpado?!
Não posso admitir, como representante de uma região tão necessitada, tão carente de obras e com tanta falta de emprego e de oportunidade, que alguém admita que temos que investir R$1,5 bilhão para salvar um Banco que está quebrado, quando teríamos a oportunidade de fazer tantos e tantos quilômetros de estrada e de darmos oportunidade de trabalho para tantas outras pessoas.
Esta é a reflexão que faço neste instante. Não importa para mim quem quebrou ou deixou de quebrar o Banco. O que importa - e é esta responsabilidade que nós, os 40 Parlamentares, temos de ter neste instante - é vermos o que é melhor para o povo catarinense e para o Estado de Santa Catarina.
O Sr. Deputado Nelson Goetten - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Pois não!
O Sr. Deputado Nelson Goetten - Deputado Romildo Titon, por uma questão de justiça, quero cumprimentar o povo de sua terra por lhe devolver mais um mandato com a grande e expressiva votação que V.Exa. conquistou.
Nunca escondi a admiração e o respeito que tenho pela figura de um Parlamentar atuante, competente, dedicado, coerente e que aprendi a respeitar aqui nesta Casa. E hoje V.Exa. me confirmou exatamente toda aquela imagem que eu tinha de V.Exa., que é a imagem que tem que ter este Parlamento, que é a da responsabilidade e da coerência.
É verdade, sim, que temos de ter coerência com as coisas de Santa Catarina e encararmos que há uma realidade que temos que assumir. Temos que pensar o que é melhor para o povo sofrido de Santa Catarina e perguntar para os donos daqueles aviários, como dizia o Deputado João Rodrigues, o que acham melhor, se eles querem que gastemos dinheiro para discutir a questão do Besc ou querem resolver a situação da sua família para poderem tirar o sustento e continuar trabalhando.
O povo da sua região é valoroso e trabalhador, mas tem tantas prioridades e tantas carências. Há muito mais a fazer do que estarmos aqui de fato discutindo essa questão.
O meu objetivo aqui era realmente cumprimentá-lo pelo seu jeito, pelo seu estilo e pela sua atuação como Parlamentar catarinense. V.Exa. engrandece esta Casa e é um prazer para cada um de nós podermos conviver com um Deputado do seu naipe, do seu jeito e do seu estilo.
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Agradeço ao Deputado Nelson Goetten pelas suas considerações.
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Pois não!
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - Deputado Romildo Titon, também aprendi a conviver com V.Exa. e a respeitá-lo. Na Legislatura passada, V.Exa. demonstrou a sua seriedade e a sua responsabilidade e certamente o povo de sua região lhe atribuiu essa grande votação em reconhecimento a isso.
Jamais esqueceremos que se temos um programa rodoviário em Santa Catarina hoje, o Programa Rodoviário BID IV, foi graças à ação corajosa e determinada de V.Exa., que nos garantiu o 21º voto para que Santa Catarina pudesse contratar 300 milhões de dólares que estão aí resgatando ações por todo o Estado de Santa Catarina.
Parabéns pela sua coerência e pelo seu mandato sempre responsável!
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Agradeço, Deputado Joares Ponticelli.
Quero finalizar dizendo que esta posição que tenho tido sempre de pensar no meu Estado e na minha região, quero continuar tendo. E temos a grande responsabilidade de aqui fazer soar, através destes microfones, a voz da nossa região, de um povo que trabalha, que não mede esforços para procurar o melhor para Santa Catarina.
Começamos, agora, a ser reconhecidos, por isso acreditamos que este projeto de descentralização dê certo.
Pela primeira vez estamos tendo na nossa região uma Secretaria, um órgão do Governo. Então, vamos lutar para que os recursos sejam colocados no Orçamento, a fim de discutirmos aquilo que é importante para a nossa região, para...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Onofre Santo Agostini) - (Faz soar a campainha) - V.Exa. dispõe de mais um minuto para concluir o seu pronunciamento.
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Sr. Presidente, nós queremos ter a oportunidade de, através dessa descentralização, seja muito ou pouco recurso destinado à nossa região, dizer o que é prioridade para nós.
Nós acreditamos nesse projeto. Pela primeira vez, estamos tendo em nossa região uma oportunidade de um canal de reivindicação para a nossa gente, para os nossos Prefeitos, para os nossos Vereadores.
Rogamos a Deus, e vamos torcer para que esse processo de descentralização dê certo, para que a nossa região seja reconhecida, não por ser premiada, mas por ser reconhecida por aquilo que representa no contexto econômico de Santa Catarina, pela sua pujança, pela produção daqueles que trabalham com as mãos calejadas.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)