Pronunciamento

Romildo Titon - 071ª SESSÃO ORDINARIA

Em 02/08/1999
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Sr. Presidente e Srs. Deputados, inicialmente quero saudar a todos os Parlamentares pelo retorno aos trabalhos na Casa.
Nesta oportunidade, gostaria de me manifestar a respeito da paralisação dos caminhoneiros, transportadores de cargas rodoviárias do Brasil inteiro, que teve uma repercussão muito grande em todo o País.
Vimos pela primeira vez na história brasileira uma greve, uma paralisação dos transportadores. Realmente, todos os brasileiros se surpreenderam pela forma como foi realizada essa paralisação. Os resultados obtidos demonstraram ao Brasil, ao Governo e aos Ministros que deve haver uma preocupação maior com este setor, tendo em vista as condições subumanas em que o motorista, o caminhoneiro vive nos dias de hoje. A economia encurralou os transportadores.
Estava previsto que essa paralisação iria durar apenas 48 horas, mas como o Governo não atendeu às reivindicações, não quis conversar, durou 96 horas.
Esta greve nasceu da luta pela sobrevivência, da união dos caminhoneiros, que no momento passam muitas dificuldades.
Pela primeira vez na história brasileira eles conseguiram sair do anonimato. Através da organização, adquiriram o respeito da sociedade brasileira.
Na pauta de reivindicação consta o pedágio, pois o caminhoneiro não agüenta mais essa carga tributária. Esse é o único setor que não aceita o repasse dessa despesa. Aquele que paga para transportar não aceita que seja repassado, muito menos o consumidor. O caminhoneiro até agora teve que arcar com essa despesa, mesmo com o pequeno lucro que obtém com o transporte.
A recuperação das rodovias é, sem dúvida nenhuma, uma das maiores reivindicações dos caminhoneiros.
Eles também pedem a volta do Fundo Rodoviário e dizem não às privatizações, que causam cada vez mais prejuízos.
A segurança nas estradas é outra grande preocupação dos caminhoneiros. A violência é constante! Não há policiamento suficiente para dar segurança aos caminhoneiros. São muitos assaltos, muitas mortes, muitas vítimas!
Os caminhoneiros também reclamam da corrupção no trânsito. Devido à perda de pontuação nas carteiras de habilitação, muitas vezes eles se vêem obrigados a pagar por fora para não serem multados.
Muitas vezes, por causa de uma sinaleira, uma lâmpada qualquer queimada, eles recebem ameaças de um guarda corrupto. Não são todos, sabemos, mas existem muitos por este País afora. Alguns motoristas são poupados de levar multa e de perder pontos na carteira a troco de uma gorjeta.
O aumento constante dos combustíveis, sem dúvida nenhuma, é uma perda de ganho dos transportadores, que não conseguem repassar esse aumento.
Poderíamos falar aqui de inúmeras questões que foram levantadas nessa greve nacional, mas eu quero, neste instante, parabenizar os caminhoneiros do Brasil inteiro, especialmente os de Santa Catarina, pela coragem que tiveram, pela forma educada, respeitosa e digna como fizeram a paralisação, que resultou não só em benefício da classe mas de toda a sociedade brasileira, como o não-aumento do combustível pelo prazo de 60 dias (parece que o Governo está roendo a corda); o não-aumento do pedágio no prazo de 60 dias; a livre passagem nas balanças no prazo de 60 dias; e o comprometimento de rever, através do Congresso Nacional, a questão da pontuação nas carteiras de habilitação.
Os caminhoneiros não querem privilégios, querem, sim, uma consideração maior por parte do Governo nas leis de trânsito, pois eles sobrevivem da luta diária nas estradas.
Nós podemos ver que a maioria dos caminhoneiros brasileiros já não está mais apta para dirigir, para conduzir seu veículo devido à pontuação na carteira de habilitação. A partir do momento em que o motorista receber a suspensão que a lei de trânsito estabelece, a partir do momento em que a carteira for apreendida, ele não vai poder mais trabalhar.
Outra grande reivindicação dos caminhoneiros é que seja revista a questão do pedágio. Que ao menos haja um abatimento, um diferenciamento.
Fala-se muito que o caminhoneiro ingere o rebite, que é o guaraná, para poder viajar mais tempo, mas é lógico que ele tem uma situação diferenciada. O Deputado Reno Caramori, que é empresário, sabe que o motorista de ônibus faz revezamento, já o caminhoneiro não tem esse privilégio, ele faz a viagem sozinho e muitas vezes, para receber um frete um pouco melhor, tem que cumprir o horário, tem que chegar no destino marcado em tempo hábil. Por isso, muitas vezes causa acidentes. Não que ele deseje, mas muitas vezes tem que tomar essa iniciativa para garantir a sobrevivência da sua família.
Como representante da sociedade catarinense eu me mantive firme, ativo. Ajudei a liderar a greve na região do Meio-Oeste catarinense como uma forma de contribuir com os caminhoneiros e como uma forma de contribuir com o Brasil. Infelizmente, os transportadores da Nação brasileira não têm sido vistos com bons olhos pelo Presidente.
Agradeço a atenção de todos.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)