Pronunciamento

Romildo Titon - 018ª SESSÃO ORDINARIA

Em 04/04/2001
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Sr. Presidente e Srs. Deputados, depois de longa data na fila de espera, consigo assomar à tribuna, hoje, para fazer um relato da última reunião que participamos na cidade de Concórdia, muito importante para a classe dos transportadores autônomos do nosso País, quando, pela primeira vez, conseguimos trazer este debate para Santa Catarina, numa reunião promovida pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Oeste e do Meio Oeste Catarinense, na qual participaram cooperativas de transportes, sindicatos, Deputados Federais, que foram convidados, e este Deputado, juntamente com o Deputado Manoel Mota.
Na oportunidade, discutimos vários assuntos referentes à classe, dado o momento de precariedade em que o setor de transporte está vivendo, não só de Santa Catarina como de todo o Brasil.
Encontramos os transportadores autônomos numa situação de muita dificuldade, de desamparo pela classe política e pelo Governo, agravada pela situação atual do nosso País, o que os está levando a uma situação pré-falimentar, não só pelo problema do pedágio, como também pelo aumento do óleo diesel, do roubo de cargas e de tantos outros problemas que aqui poderíamos levantar, que foram assuntos de debate, de negociação com o Ministro dos Transportes e com o Ministro da Justiça, tentando reativar a classe dos transportadores.
Nesta oportunidade, tivemos, então, uma grande discussão em cima da questão do roubo de cargas, da crescente onda de violência que assola as estradas deste País. E é uma preocupação dos familiares dos transportadores a questão do financiamento para a renovação de frota, que, praticamente, 90% está sucateada; a questão do pedágio que, infelizmente, neste País, existe 130 praças de pedágio, que passam em torno de 1.200.000 veículos por dia e que adentram aos cofres das máquinas registradoras em torno de 6.000.000 diários de pedágios por este País afora.
A pauta de frete, que é uma discussão dos transportadores; a questão da balança, que além de terem poucas, deixam a desejar; a questão do óleo diesel, que é o maior pavor dos transportadores, e não se pode admitir que no País, desde 1994 ao ano 2001, tivemos uma inflação de 88% e o diesel teve um aumento de 136%, tirando toda e qualquer margem de lucro dos nossos transportadores.
A questão das multas; a questão dos veículos bi-trem, que foi motivo também de uma discussão, ontem, aqui na Casa, pela Comissão de Transportes; o horário dos motoristas - existe um projeto de lei que começa tramitar no Congresso Nacional -, enfim, tivemos uma ampla discussão, onde tivemos a oportunidade de estar presente o Presidente da União Brasil de Caminhoneiros, Sr. Onélio Botelho.
Esse senhor veio a Santa Catarina com um número expressivo de coordenadores estaduais de diversos Estados deste País, principalmente do Sul, trazer a sua participação nesta discussão, a preocupação do setor de transporte, pelo momento de dificuldades em que estamos vivemos, e, acima de tudo, a preocupação em formar uma frente parlamentar no Congresso Nacional que venha defender a categoria, que venha assumir esta responsabilidade na tentativa de abrir as portas no Governo Federal e na tentativa de abrir as portas para a negociação desse setor que está desprotegido, que está desamparado.
Estiveram lá presentes apenas três Deputados Federais, o Deputado Hugo Biehl, a Deputada Luci Choinaski e o Deputado Fernando Coruja, dando a sua participação a este movimento, para que haja uma consideração maior por parte do Governo, que atenda e não desagregue a classe dos transportadores, porque nós estamos numa situação muito difícil e o Governo está criando uma situação complicada.
Hoje, há diversas facções, diversas correntes de lideranças da área do setor de transportes, provocadas, principalmente, pelo próprio Governo que não atende as suas reivindicações e atende a de outros; que não reconhece o Presidente da União Brasil Caminhoneiro, Sr. Onélio Botelho, como Presidente e como representante da classe, mas atende e reconhece o Sr. José da Fonseca, Vice-Presidente da União Brasil Caminhoneiro, que é representante de um sindicato, fazendo com que se formem diversas facções dentro daqueles que defendem a nossa classe e a nossa categoria.
Neste sentido, é que estão pedindo apoio e socorro aos Parlamentares da classe política deste País!
Queremos identificar, em todas as Assembléias Legislativas do Brasil, quais os Parlamentares que se identificam com a categoria e que estão dispostos a levar avante esta mensagem e esta luta, para não precisarmos mais partir para outras paralisações, pois sabemos o poderio e a capacidade que a classe dos transportadores tem nas mãos, pois pode parar o Brasil dentro de poucas horas, pode fazer grande parte dos brasileiros passarem fome, ter falta de medicamentos e de outras mercadorias se as rodovias forem trancadas neste País.
É preciso que o Governo veja o lado social, também, do transportador, porque não é só a questão do frete, não é só a questão do transportador com o seu lucro, mas são os derivados disso. É uma camada social que vive através de empregos indiretos. É o fabricante de pneus; é o fabricante das montadoras de peças; é o fabricante da lona; é o fabricante das carrocerias; é o chapa que descarrega os produtos.
Nós poderíamos aqui citar uma linha expressiva de empregos indiretos que dão à classe transportadora deste País, mas que, na verdade, não tem sido vista com bons olhos por parte do Governo, que tem deixado a desejar, na questão das reivindicações e dos pleitos.
Pouca coisa foi aceita, a não ser algumas para enrolar o transportador e acabar com as greves e com a paralisação.
A suspensão do pedágio por poucos dias, a questão de multas, a questão das balanças, que foram suspensas, apesar de ter sido por alguns dias. Agora, neste momento, o preço da gasolina está caindo, e no diesel ainda não falaram. Não dão oportunidade àqueles que realmente trabalham, aqueles que usam o caminhão para o transporte do sustento da sua família.
Hoje, 99% do transportador, o nosso caminhoneiro, quando sai não sabe se tem volta. Não sabe se vai voltar vivo, não sabe se vai ser assaltado ou a sua carga vai ser roubada, e não tem um policiamento para dar a guarda necessária e acabar com essa violência no trânsito. Mas agora, na greve, o Governo tinha polícia para bater no motorista, no transportador, em todos os recantos desse País.
São essas e outras tantas reivindicações que foram debatidas nessa reunião, pela primeira vez, em Santa Catarina.
Sempre me coloquei aqui como defensor por ser dessa área, por sempre trabalhar junto com os caminhoneiros, e vamos estar sempre ao lado deles em todos os momentos que forem necessários.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)