Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 035ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 19/05/2005
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, eu havia me comprometido, na última terça-feira, em fazer, desta tribuna, a leitura de uma carta recebida do Município de Chapecó. Eu vou fazê-lo neste momento, no sentido de atender à solicitação da sua autora, ou seja, de que a carta pudesse chegar ao conhecimento de todas as Sras. Deputadas e dos Srs. Deputados e também, ao mesmo tempo, do Executivo.
(Passa a ler)
"Chapecó, 27 de abril de 2005.
Senhores Deputados e excelentíssimo Governador Luiz Henrique da Silveira:
Leiam, por favor, esta carta com muito carinho. Vocês precisam me ouvir.
Esta é a história de uma professora, que não é diferente das demais...
Nasci num lugar humilde. Fui crescendo e, após uma grande teimosia e choro, consegui convencer minha família para estudar fora de casa porque eu queria ser professora.
Como as condições eram precárias, precisei trabalhar de empregada doméstica para ganhar o pão de cada dia e para pagar os meus estudos. Imaginem os senhores que naquela época esta categoria não tinha direito a nada. Era só humilhação, mas tinha que trabalhar. E foi o que fiz. Trabalhei, estudei até fazer o Magistério e iniciar minha missão. Missão? Ah! Que missão!
Depois casei, tive meus filhos, estas pobres crianças! Professora cuida e educa os filhos dos outros e não tem tempo para cuidar dos seus, porque chega em casa e precisa cuidar dos afazeres, preparar aula, corrigir cadernos e provas. Assim era no meu tempo. Trabalhava 40 horas semanais. Esta missão era árdua. Em primeiro lugar, sempre o trabalho e depois a família. Ainda hoje estou sentindo as conseqüências disso.
Lembro que levava meu filho, ainda bebê, a cavalo, de uma escola para outra, bem na costa do Rio Uruguai e no inverno só víamos o sol pertinho do meio-dia. Ele gritava o tempo todo de medo do animal. Meu Deus, quanto sofrimento! Saía de manhã do centro para o interior e só voltava tarde da noite, porque era longe, as estradas eram péssimas e o ônibus sempre estragava. Quanta fome e frio até chegar em casa, mas tinha que enfrentar.
Lembro ainda que nos anos passados não precisávamos fazer greve para receber aumento. Por que será que hoje mudou tanto? Será que os senhores esqueceram que fomos nós, professores, que pegamos sua mão para ensinar as primeiras letrinhas?
Hoje, com uma certa idade, aposentada, vivendo somente deste salário, quase não consigo me sustentar. Estou envelhecendo. Será que não sou digna de uma vida legal, podendo me alimentar corretamente e comprando os remédios necessários?
Quero lembrá-los de que no meu último aumento eu pagava o gás, R$ 6,80, e hoje quanto custa? Este é só um exemplo. E o resto?
Senhores Deputados e excelentíssimo Governador, cadê o cumprimento do Estatuto do Idoso? Só no papel? A lei da paridade foi aprovada. Vocês sabem muito bem que é inconstitucional o que estão fazendo com todos nós, aposentados.
O que mais me entristece é que estou perdendo as forças e sei que sou pequena perante vocês, autoridades... Mas eu não vou deixar de lutar... em meu nome e de todos os colegas aposentados. Quero que lembrem que meu voto e dos demais colegas com certeza ajudaram a colocá-los aí. Portanto, repensem sobre o merecimento do vale-alimentação, da incorporação dos abonos e as demais perdas que estão sendo atribuídas aos aposentados.
Um abraço. Sei que vocês são suficientemente inteligentes para ler, entender e atender nosso pedido.
(a) Prof. Alda Pastre Zuffo"
Então, Deputado Paulo Eccel, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, aqui está, nesta pequena carta escrita a mão pela professora aposentada, as angústias por que possam os nossos professores, que se dedicaram ao longo de tantos anos ao ensino, ao aprendizado; que contribuíram, que ajudaram, com certeza, em tantas outras situações neste nosso País.
Em vários momentos Deputados desta Casa têm realçado e trazido à tona este tema tão importante. Entre as grandes reivindicações estão as questões do plano de cargos e melhor salário para o Magistério, que V.Exa., Deputado Paulo Eccel, tem defendido desde o primeiro dia que entrou nesta Casa, juntamente com outros Parlamentares. Estamos aguardando. Esperávamos que fosse remetido no início do ano passado, mas, infelizmente, até o presente momento não houve nenhuma sinalização.
A questão da recomposição da tabela salarial é outra grande reivindicação e sobre isso o Sinte, juntamente professores e nós, Parlamentares, fizemos uma discussão. O fim da discriminação entre servidores ativos, aposentados e especialistas é outro dos grandes temas, que até essa professora aposentada trouxe no dia de hoje.
Então, o clamor que essa senhora aposentada faz, que com certeza estampa o clamor de todos os professores aposentados e também dos professores na ativa, que de fato possa soar nos ouvidos do nosso Executivo. Nós fazemos nossa parte enquanto Parlamentares, pois temos consciência e sabemos qual o nosso dever, a nossa obrigação, o nosso compromisso com essa classe discriminada e sofrida, historicamente, neste País. Agora, é preciso que o Executivo abra os ouvidos e atenda às súplicas, aos clamores do nosso povo, de maneira especial dos aposentados e professores.
Era isso, Sr. Presidente, o que queria trazer nesta manhã, cumprindo o que a professora havia me incumbido, o de levar a carta ao conhecimento de todos os Parlamentares.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)