Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 045ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

Em 13/10/2009
O SR. DEPUTADO PADRE PEDRO BALDISSERA - Sr. presidente e srs. deputados, gostaria, neste momento, de trazer presente, à luz daquilo que nós acompanhamos na tarde de hoje através da manifestação do companheiro Vilson Santin, o debate, a discussão, em torno da necessidade profunda de ampliar os espaços de distribuição de terra em nível nacional.
Nós sabemos que numa sociedade capitalista, neoliberal, a busca da concentração dos bens é enorme na mão de uma minoria. Isso é o retrato da sociedade neoliberal. Por outro lado, temos a exclusão de uma grande maioria, com as mínimas condições de vida. Essa é uma realidade que nós percebemos na sociedade da qual fazemos parte.
Então, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra vem colocar um ponto nessa discussão extremamente importante e derradeira, para que se possa avançar na distribuição da terra e, ao mesmo tempo, fazer emergir da sociedade sinais de justiça e oportunidades para a grande maioria que é excluída desse processo e que não tem oportunidade de ascender socialmente.
É nesse sentido que estão sendo pautadas várias discussões nesse campo. E nisso surge, deputado Pedro Uczai, a semana de mobilização por parte do MST pautando aqui várias discussões. Entre elas entra a questão da soberania alimentar, que é estratégica e significativa nesse processo todo, sabendo que o alimento vem exatamente das mãos dos trabalhadores e das trabalhadoras que vivem do trabalho na terra. Não é o agronegócio, o latifúndio, que produz o alimento que vai à mesa do nosso povo. É exatamente a agricultura familiar, aqui representada nos diferentes segmentos, que faz com que a grande maioria dos alimentos que vai à mesa do nosso povo venha do trabalho dessa grande maioria que compõe a nossa agricultura familiar, agricultura camponesa, fruto também da reforma agrária.
Só em Santa Catarina temos mais de 160 assentamentos - e isso não é pouca coisa; temos também mais de 60 experiências coletivas de organização dos nossos trabalhadores e das nossas trabalhadoras da reforma agrária. É uma quantidade enorme de famílias que trabalham na terra, que vivem da terra, que têm essa rica experiência e que ajudam a saciar a fome de milhões e milhões de brasileiros.
Assim, é preciso avançar nesse projeto. É preciso que além da distribuição da terra deem-se garantias, através das diferentes políticas, para que a família permaneça na atividade rural. E tivemos inúmeras iniciativas do governo federal nessa direção, criando programas através dos quais se coloca à disposição recursos para que a nossa agricultora, o nosso agricultor e os assentados possam continuar na sua atividade.
Deputado Vânio dos Santos, v.exa., que integra a Caixa Econômica Federal, tem acompanhado de perto as inúmeras, centenas, milhares de deliberações no país todo e também em Santa Catarina, no que diz respeito à habitação, para dar um pouco mais de dignidade ao nosso homem do campo, às nossas famílias assentadas.
Então, é dessa forma que o governo federal está fazendo a sua parte, através das diferentes políticas públicas, no sentido de garantir uma qualidade de vida melhor para as famílias que estão no campo.
A pauta é extremamente estratégica e importante: dizer que o movimento está vivo, firme, organizado e vai continuar com o seu ideal na luta pela distribuição da terra e para garantir a qualidade de vida aos diferentes trabalhadores e trabalhadoras da roça.
Acho que esse ponto é extremamente importante. E agora, às 17h, acontecerá o pré-lançamento da grande feira das organizações voltadas à agricultura, que estão fazendo uma exposição dos diferentes produtos que são produzidos pelas mãos dos nossos trabalhadores e trabalhadoras da roça. E logo, logo à frente teremos uma grande feira em nível de Santa Catarina, com o respaldo do ministério do Desenvolvimento Agrário, do Incra, do governo federal, organizada e estruturada pelos diferentes movimentos sociais que trabalham na nossa agricultura.
Portanto, acho que é um momento rico, extremamente saudável e importante, porque é das mãos desses nossos trabalhadores que vem o alimento que consumimos, o alimento saudável e de qualidade.
Deixamos aqui o convite para que todos possam estar juntos nessa caminhada e nesse processo de inclusão social, na busca e na construção da dignidade e da justiça social para trazer mais qualidade de vida para o nosso povo.
Muito obrigado, sr. presidente!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)