Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 095ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 27/11/2003
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, gostaria de falar sobre o que aconteceu ontem, quando as galerias estavam tomadas pelos nossos jovens da agricultura familiar, que traziam suas angústias, seu sofrimento e, ao mesmo, a esperança de ver seus sonhos traduzirem-se em realidade.
Enquanto os três Estados do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, em suas Capitais, recebiam esses jovens, em nível federal a mesma organização e as mesmas reivindicações se faziam presentes.
Os jovens que vivem da atividade da agricultura familiar vêm, nos últimos anos, nestas últimas décadas, em função do modelo econômico e político implementado no País, sofrendo e vivenciando graves conseqüências e de maneira muito presente, muito marcante, enfrentam o acentuado êxodo rural, assim como uma grande parte das famílias que vivem dessa importante atividade.
Os jovens de 15 a 29 anos representam hoje, por dados do IBGE do ano de 2000, 27% da população jovem rural na região Sul do nosso País. Um dos grande problemas que esta nossa juventude tem enfrentado, ao longo desses últimos anos, tem sido sem dúvida nenhuma a falta de políticas governamentais que possam amenizar e dar respostas mais urgentes, mais rápidas, a essa conseqüência do empobrecimento e do esvaziamento da atividade da nossa agricultura familiar.
Como os próprios jovens levantavam, 60% desses jovens gostariam de permanecer na atividade, mas devido às dificuldades ali encontradas, sentem-se na obrigação de abandonarem essa atividade ou de continuar na lida do campo.
Outros fatores também se fazem presentes, tais como a insuficiência de terra para as famílias. Dizia um jovem, num pequeno depoimento que dava, a jovem de 16 anos Kênia Daiane Stank: não é fácil a vida dos jovens pobres no campo. Nós dependemos de terra, e nossos pais só têm um pedaço. Na hora de dividir, a coisa complica.
Sem dúvida essa realidade é enfrentada pela grande maioria, para não dizer a totalidade da nossa juventude, que vive do trabalho do campo. Então, há insuficiência de terra, devido às não-condições da própria família poder adquirir a terra e reparti-la entre os diferentes filhos e filhas dessa mesma família. E é uma situação, é um fator que está contribuindo para que o jovem abandone essa atividade.
Um outro fator determinante para o jovem que vive no campo é exatamente a dificuldade de continuar com os seus estudos, haja vista que hoje o estudo de terceiro grau público está centralizado aqui na Capital, no Planalto Serrano e em Joinville. As outras regiões do Estado de Santa Catarina vivem o abandono desta importante atividade, que é a presença da universidade, para que o nosso jovem possa ter também o acesso, que também possa freqüentar a universidade.
No entanto, o ensino público superior está distante, está longe, e o jovem da roça, sem dúvida nenhuma, enfrenta lá as grandes dificuldades. Em torno de quase 48% dos nossos jovens deixam de freqüentar a escola, deixam de freqüentar o ensino, em função da queda do rendimento familiar na atividade à qual eles pertencem.
São situações, Deputado Antônio Carlos Vieira, que a nossa juventude enfrenta e encontra. E aqui nós vemos bastante jovens. Nós sabemos da problemática que o jovem do campo enfrenta, eis que gostaria de ter a oportunidade de freqüentar o ensino público de 3° Grau, mas a distância e o acesso, de maneira especial as condições econômicas e financeiras, tornam distante o ensino superior público dos nossos jovens.
Então, nesse sentido, queremos nos solidarizar com a iniciativa dos jovens do campo, Deputado Paulo Eccel, de estarem aqui exatamente na busca da permanência da atividade na roça.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)