Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 096ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 20/11/2007
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. presidente e srs. deputados, trago à tribuna na tarde de hoje dois assuntos.
Antes, porém, quero saudar os nossos trabalhadores e nossas trabalhadoras dos Centros de Formação de Condutores, parabenizando-os pela luta, pelo envolvimento e pelo trabalho. Sabemos que, historicamente, todos os avanços e conquistas da sociedade foram fruto da organização e da mobilização do nosso povo. Vocês estão de parabéns por esse testemunho e exemplo. É dessa forma que construímos história no espaço em que estamos inseridos.
Primeiramente, queremos realçar que, no último final de semana, estivemos reunidos no município de Ituporanga, onde a Pastoral da Juventude do Estado de Santa Cataria reuniu em torno de 18 mil jovens, fazendo debates e reflexões sobre a problemática que envolve a nossa juventude em nosso estado.
Essa atividade, organizada pela coordenação da Pastoral da Juventude e por todos os grupos de jovens das diferentes paróquias do nosso estado, teve como objetivo de fundo a celebração dos 25 anos de história, de caminhada da nossa juventude em nosso estado e em nosso país. Portanto, foi um ato extremamente positivo, envolvente e significativo, porque lá se oportunizou o jovem a discutir temas, assuntos, que dizem respeito à sua vida, à sua caminhada.
Houve também, durante o dia, momentos para debates e reflexões. Vários temas preencheram o dia, entre eles temas relacionados: tempo de rezar, tempo de evangelizar, tempo de ser, tempo de crer, tempo de viver, tempo de optar, tempo de direitos, tempo de resistir e tempo de falar.
Esses temas que nortearam o dia neste último domingo, sem dúvida nenhuma, revestiram a nossa juventude de novas expectativas, de uma nova esperança para continuar a sua luta e a sua caminhada.
Houve também shows com personalidades importantes, como Dante Ramon Ledesma, João Belo, enfim, houve momentos para que a Pastoral da Juventude pudesse, através desse espaço, consolidar-se mais ainda como uma pastoral transformadora, libertadora e, ao mesmo tempo também, construtora de um novo céu, de uma nova terra. E em busca também de uma construção de novas políticas públicas de inserção, de integração, proporcionando uma vida nova aos nossos jovens.
Segundo tema: Movimento dos Atingidos pelas Barragens. Infelizmente, nós temos que, novamente, trazer presente a esta tribuna algumas situações que nos angustiam e trazem-nos inquietudes. Isso falando dentro de uma dimensão humana, porque o Movimento dos Atingidos pelas Barragens, especialmente da região oeste do estado de Santa Catarina, mais propriamente dito no canteiro de obras da Foz do Chapecó passou, tem passado e continua a passar, momentos em que a grande maioria dos movimentos sociais no estado e no país vivem: a situação da discriminação de todos esses movimentos.
Aqui, hoje, se utiliza o aparato policial para reprimir, para calar, para desmobilizar a atuação desses movimentos e do Movimento dos Atingidos pelas Barragens, que lutam pelos seus direitos e, infelizmente, não são respeitados, não são levados em consideração.
Mas, mais do que isso, não dá para aceitar que a estrutura pública, a polícia, possa estar em defesa daquilo que é particular, privado, violando a própria liberdade das famílias, pais, mães, filhos, trabalhadores que há 20, 30, 40, 50 anos ou mais moram naquele local e estão sendo invadidos pela polícia, com mandados de segurança, de prisão, de busca e apreensão, tentando amedrontar, calar a boca daqueles e daquelas que buscam os seus direitos legítimos e garantidos pela Constituição! Não podemos aceitar e admitir isso, principalmente numa luta que faz justiça à sua história e busca os seus direitos.
Nós percebemos que basicamente as famílias para as quais foi expedido o mandado de apreensão não foram contempladas com a indenização da empresa Foz do Chapecó, que constrói a usina, a hidroelétrica, exatamente com o espírito de poder calar a boca deles, de tentar amedrontá-los, para que não se juntem ao movimento e que façam frente à reivindicação de seus direitos.
Não dá para aceitar isso! Uma terra que de lá tiraram o seu sustento há 40, 50, 80 anos, construíram sua história e sua vida e de um momento para outro se vêem de mãos abanando, sem a possibilidade de ver a sua propriedade ser indenizada e também a perspectiva de reconstruírem sua vida em outro espaço.
Portanto, sr. presidente e srs. deputados, faço, na tarde de hoje, este registro, desta tribuna, condenando profundamente a violência contra o MAB e a todos os movimentos sociais que lutam, se mobilizam em busca de seus direitos.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)