Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 074ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 04/10/2005
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. presidente, srs. deputados e sra. deputada, inicialmente, indo ao encontro daquilo que o deputado Antônio Carlos Vieira trouxe à tribuna, quero dizer que, até independentemente da questão da ilegalidade, da inconstitucionalidade, a grande verdade é que os nossos pequenos e médios municípios perdem dinheiro e, portanto, deixarão de investir na saúde, na educação, na geração de renda e de emprego dos nossos munícipes.
Então, esta é a grande questão: é preciso, o mais rapidamente possível, que o governo do estado, através de um ato, anule ou revogue a Portaria nº 137.
Gostaria, na tarde de hoje, no horário do Partido dos Trabalhadores, de trazer presente um pequeno texto escrito pelo nosso teólogo Leonardo Boff, que traz um pouco sobre a questão do PT no atual momento que vive em nível nacional.
(Passa a ler)
"A vitória de Lula e do partido simbolizava a ruptura do estilo de poder com o qual as classes dominantes mantiveram sua dominação e que fizeram do Brasil um dos países mais injustos do mundo, isso numa visão teológica, onde mais campeia o pecado social e penaliza pesadamente os pobres, e desta forma também, na compreensão teológica, ofende a Deus.
Um tipo de sonho foi destruído. Mas não se destruiu a capacidade de sonhar. Esta capacidade é intrínseca ao ser humano, pois percebemos que não é todo dado real. Pertence ao real o potencial, o que ainda não é e pode ser. Por isso é que a utopia não se antagoniza com a realidade. Ela revela a dimensão potencial e ideal da realidade.
Bem dizia o velho filósofo E. Durkheim: ‘A sociedade ideal não está fora da sociedade real; é parte dela’. Deste transfundo potencial nascem sempre todas e quaisquer utopias. Sua função, já se disse belamente, é fazer-nos andar na medida em que vamos transformando as possibilidades em nova realidade. Este é o desafio do novo Partido dos Trabalhadores: refazer-se a partir de suas potencialidades internas."
Este é o desafio colocado. E, de maneira muito especial, à luz do segundo turno, do PED que está sendo realizado e que acontecerá neste final de semana. Quer dizer, a partir das potencialidades internas, a construção, o refazer, o novo.
(Continua lendo)
"Podemos perder a fé, e isso é grave pois desaparece um sentido que vai além desta vida, mas sobreviveremos. O que não podemos perder é a esperança"- esta é que nós não deveremos perder; esta nós deveremos cultivá-la e fazê-la presente em cada momento, em cada passo e em cada instante de nossa vida -, "pois isso é trágico para todo e qualquer ser humano porque nos tira as razões de existir e de lutar." Se perdemos a esperança, perdemos o sentido da vida, o sentido da história, da luta e da caminhada.
"O PT se propôs a cumprir uma missão histórica: melhorar a democracia na medida em que pudesse incorporar os milhões de excluídos, através de um novo estilo de se fazer política, a partir das vítimas vistas como sujeito histórico, consciente e organizado, com a ética da transparência, com propostas de mudanças e de distribuição de renda, fruto de um desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente sustentado.
Esse sonho não pode morrer." Tem que continuar, tem que estar vivo no coração de todos aqueles que estão filiados e de todos os seres humanos de bem. "Ele representa um legado do Partido dos Trabalhadores, a revolução possível dentro da democracia, a revolução das grandes maiorias que já não podem mais esperar.
A crise atual, sem dúvida nenhuma, abriu uma chaga." E eu tenho a plena convicção e a certeza, deputado Antônio Carlos Vieira, de que irá sarar. Tenho esta perspectiva, esta convicção e esta certeza de que esta chaga aberta um dia irá sarar.
"As recentes eleições internas mostraram a vitalidade das bases do Partido dos Trabalhadores. Há virtualidades ainda não ensaiadas que configurarão o perfil renovado do Partido dos Trabalhadores, deputado Dionei Walter da Silva. Esse desafio é dos militantes, mas também dos cidadãos interessados numa política submetida à ética, e à ética que se articula com o cuidado, com a responsabilidade e com a compaixão para com todos, para com os que sofrem - a Terra incluída. Como escreveu um dos grandes profetas atuais, Dom Pedro Casaldáliga: ‘Podem tirar-nos tudo, menos a esperança fiel’."
Podem tirar o que quiserem, menos a esperança fiel. Há um caminho a ser percorrido, a ser construído, a ser feito. E este caminho será feito por cada um dos nossos militantes, por cada um dos nossos filiados, por cada um daqueles que cultivam a esperança e acreditam num Brasil novo, diferente, marcado pela superação dos incluídos com os excluídos, e marcado por uma sociedade participante, justa, fraterna e que partilha a sua história e a sua vida. Que este caminho seja percorrido e perseguido por cada uma e por cada um de nós!
Era o que eu tinha a dizer, sr. presidente!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)