Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 023ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 15/04/2003
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, inicialmente gostaria também de expressar a minha saudação especial à organização do MST, do MPA, do MAB e do Movimento de Mulheres Agricultoras, que, organizadamente, fazem a sua marcha na luta e na busca de melhores condições de vida.
Sabemos que é através da nossa organização e da nossa mobilização que as coisas se dão, que as coisas acontecem.
Nesse sentido é que o novo Governo Lula recebeu nas urnas, de maneira muito especial, a grande missão de resolver os graves problemas existentes em relação à estrutura fundiária neste nosso País.
Ao mesmo tempo, também recebeu a missão de fazer uma grande revolução produtiva solidificada, sustentada a partir da nossa agricultura familiar, garantido, assim, comida na mesa do nosso povo, e, de maneira muito especial, a de criar oportunidades de trabalho e de renda para resgatar a dignidade de quem produz e de quem alimenta esta Nação.
Por isso que a reforma agrária não pode ser apenas retórica, mas, de maneira muito especial, uma grande realidade.
Não podemos, de maneira nenhuma, caracterizar a política fundiária desenvolvida ao longo dos últimos anos como se isso fosse algo destinado a resolver os problemas existentes. Com muita generosidade, no máximo podemos dizer que aquilo que os sucessivos Governos fizeram foi apenas um arremendo de reforma agrária.
O pouco que fizeram, muito mais do que qualquer outra coisa, foi com a finalidade de amenizar os tencionamentos existentes no campo, sem acabar com o latifúndio ou com o uso inadequado da terra.
Por isso, a reforma agrária, acompanhada de uma política agrícola responsável, é uma necessidade e uma questão de justiça e de cidadania.
Portanto, fazer a reforma agrária é governar com o compromisso nacional e popular; é compreender a agricultura como uma atividade economicamente de importância estratégica deste nosso País, indispensável à soberania e ao desenvolvimento sustentável.
Então, a função que compete a este nosso Governo é realmente a de ser um sinal do novo, construir o novo; de maneira muito especial, em todos os momentos e situações, a de saber também ouvir os clamores deste nosso povo organizado, dos seus movimentos, das suas entidades, das suas associações, porque lá está expressa, de maneira mais profunda, a realidade e a vida de milhares e milhares de seres humanos; e a de abrir as portas para que o povo possa de fato participar, contribuindo no processo democrático e participativo na construção de uma sociedade mais justa, mais humana, mais fraterna, que todos temos o grande anseio de construir.
É nesse sentido que olhamos no rosto e no coração desses nossos irmãos e irmãs, que incansavelmente organizam-se e trocam a experiência que brota do fundo de seus corações; a experiência de vida, com as mãos calejadas, sofridas, doando o suor e o sangue para que este nosso País seja diferente de como hoje o vemos e enxergamos.
É possível um País e uma sociedade diferentes, a partir do momento em que cada um de nós podermos ser os grandes atores da mudança, da transformação das situações de injustiça que oprimem e massacram a grande maioria deste nosso brasileiro.
Por isso, aos nossos movimentos e organizações, alimentados pela fé que está presente no coração de cada um de vocês, traçando o sinal da Páscoa, que é o grande sinal da ressurreição e da vida, que possa o Cristo ressuscitado ser o sinal da esperança, da coragem, do ânimo e do entusiasmo de cada um. Que possam ter a força e a coragem de, unidos, vencerem os grandes obstáculos que se impõem contra a sua caminhada.
Contem com a nossa Bancada do Partido dos Trabalhadores, que sempre esteve ao lado de vocês nas mais difíceis e importantes situações de suas vidas e de suas caminhadas. Contem conosco na luta para que realmente os direitos à cidadania de fato se tornem uma grande realidade na vida de cada um de vocês.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)