Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 071ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 03/09/2008
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sra. presidente, srs. deputados, passo, neste momento, a refletir com a sociedade catarinense. Como em tantos outros momentos, tivemos a oportunidade, eu e outros colegas parlamentares, de discutir a terceirização da merenda escolar. Infelizmente, o governo do estado de Santa Catarina, no meu modo de entender, encaminha, através da secretaria da Educação, de uma forma extremamente equivocada a terceirização da merenda em nosso estado.
Tenho trazido esse tema em vários momentos, juntamente com outros parlamentares da nossa bancada, deputado Dirceu Dresch, deputado Pedro Uczai, questionando e interrogando essa prática que atravessa uma política que vem sendo implementada em todo este nosso país e aqui em Santa Catarina, de maneira muito especial, por meio de diferentes programas do governo do presidente Lula, principalmente o que trata da aquisição e da compra de alimentos vindos da nossa agricultura camponesa e familiar. É uma pena, porque a terceirização vai colocar um basta na possibilidade da aquisição desses alimentos diretamente dos nossos produtores.
Nobres pares, para o agricultor camponês e familiar qualquer incremento na sua atividade, qualquer forma de comercialização do seu produto serão extremamente positivos e importantes para movimentar a renda da família e gerar qualidade de vida. Com a terceirização coloca-se um basta naquilo que representa um instrumento importante de inclusão social de nossas famílias de trabalhadoras e trabalhadores da roça. Mesmo que a proposta do governo seja terceirizar 10% neste ano, no ano que vem, 50% e em 2010, 100%, mesmo que leve três anos, mesmo assim é uma perda incalculável para os nossos agricultores e agricultoras.
Hoje, cerca de 400 mil alunos recebem a alimentação escolar no estado, e o investimento que é feito, só na merenda escolar, chega a R$ 80 milhões. Portanto, é um recurso grande, que poderia incrementar, e muito, a renda de milhares de milhares de agricultores, de camponeses e seus familiares do estado de Santa Catarina.
Lamentamos que isso venha acontecendo. Inclusive, por experiência de outros estados, temos o conhecimento e a informação de que a qualidade da merenda escolar é muito inferior. Tivemos a oportunidade, recentemente, de fazer aqui em Santa Catarina uma audiência pública, promovida pela nossa bancada, a bancada do Partido dos Trabalhadores, que apontou a necessidade de o estado voltar atrás na idéia da terceirização. Esse material foi encaminhado para o governo, para a secretaria da Educação, no sentido de que seja reestudada essa proposta da terceirização da merenda escolar.
Infelizmente, temos agora, para o próximo dia 9 de setembro, a abertura das propostas da licitação para a terceirização. Mas ainda há tempo de rever tudo isso. O que sentimos, contudo, é que não existe a iniciativa e a boa vontade por parte do governo. Além de tudo isso, está em jogo a questão das nossas merendeiras, que já trabalham há 20 anos, 25 anos e que agora estão prestes a se aposentar. Elas vivem um momento de intranqüilidade, insegurança, porque não sabem o que vai acontecer com a vida delas. Existem questionamentos por parte do Tribunal de Contas do Estado, que são de fácil solução. Nós temos outros mecanismos para resolver a questão das merendeiras e não esse de terceirizar a merenda escolar.
Essa intranqüilidade em que vivem as nossas merendeiras pode chegar, através dessa ação do governo, à perda de emprego de muitas mães de família, que têm uma única renda para a sobrevivência. Essa ação pode comprometer o futuro de cada uma que produz, que faz a merenda com muito amor, com muito carinho, em todas as escolas públicas do nosso estado.
Portanto, mais uma vez, lamentamos profundamente esse encaminhamento que o governo está fazendo em nosso estado.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)