Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 059ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 30/06/2011
O SR. DEPUTADO PADRE PEDRO BALDISSERA - Sr. presidente e srs. deputados, ao ocupar o horário do Partido dos Trabalhadores, eu gostaria, inicialmente, de fazer um registro.
Tive a oportunidade, ontem, de pontuar e fazer referência à segunda marcha dos catarinenses. A primeira aconteceu em 28 de abril de 2010 e a segunda marcha está acontecendo no dia de hoje, com várias atividades paralelas encabeçadas pelos diferentes movimentos sociais que participam da marcha.
No dia de ontem foram feitas várias atividades no sentido de debater e discutir ações políticas públicas em cada um dos diferentes segmentos e em cada um dos diferentes movimentos sociais.
Estive participando, agora pela manhã, da 59º Conferência da Fecesc, que reúne trabalhadores e trabalhadoras do comércio de todas as regiões do estado de Santa Catarina. Foi um encontro de uma grandiosidade extraordinária, em que foram debatidos temas atuais e importantíssimos ligados à vida de milhares e milhares de trabalhadores e trabalhadoras, de famílias de todo o estado de Santa Catarina.
Debateu-se, por exemplo, o momento que se vive em nível de país e em nível mundial, que envolve a questão da economia. Ao mesmo tempo também houve debates ligados à reforma política - e, diga-se de passagem, um pouco atolada, cravada. E sempre tenho feito a minha crítica, pois entendo que uma reforma política para valer no nosso país não pode estar sendo costurada, debatida, discutida entre aqueles ou aquelas que estão diretamente envolvidos ou que têm interesse de imediato. É preciso reunir forças estratégicas da sociedade brasileira para discutir uma reforma política para valer, uma reforma política séria, que possa trazer resultados para a sociedade brasileira e não ser feita por aqueles que diretamente têm o próprio interesse. É preciso ter a coragem de dar esse passo. Ou se tem essa coragem ou senão vamos continuar reproduzindo aquilo que aí está.
Então, é um debate extremamente importante que os trabalhadores e as trabalhadoras do comércio fazem nesse momento.
A segunda marcha catarinense, organizada pela coordenação dos movimentos sociais, movimentos sindicais, sem dúvida nenhuma também traz presente vários temas de debate e de reflexão extremamente atuais e importantíssimos para a sociedade brasileira e catarinense. Entre eles está o debate da questão da terra, a dignidade da vida de milhares de famílias que por vezes, ou constantemente, são ameaçadas, muitas delas sendo expropriadas do seu pedaço de chão, do seu pedaço de terra, em detrimento da exploração do capital sobre o trabalho, da exploração das empresas multinacionais, que vêm para cá e exploram as riquezas naturais em detrimento da expropriação, da expulsão de milhares de famílias do seu pedaço de chão.
É claro que o debate inclui a questão da dignidade do ser humano, a dignidade da família, a dignidade do jovem e a dignidade das famílias que está sendo ameaçada a cada momento e a cada instante.
Por isso, o Movimento dos Atingidos por Barragens, que faz parte dessa segunda marcha dos catarinenses, traz presente a questão do modelo energético que é reproduzido no nosso estado, no país e, por que não, neste mundo afora. É preciso repensar esse modelo que, além de degradar e acabar com meio ambiente, desestrutura a questão da comunidade, da cultura e da família. Enfim, traz gravíssimos problemas humanos, sociais e ambientais para o planeta. E esse é o desafio que se impõe à sociedade catarinense e brasileira. Também há a questão da terra, porque ela se traduz como sendo o instrumento que traz dignidade às pessoas, aos seres humanos, às famílias.
Por isso, além da garantia da continuidade na terra, é preciso que haja também políticas públicas para fazer com que a família permaneça na sua atividade, no seu trabalho, no seu pedaço de chão, produzindo e vivendo com dignidade a sua vida e escrevendo a sua história.
Então, é um conjunto de ações que culminam exatamente com esse momento histórico que vivemos no nosso estado, que é a questão da greve dos profissionais em educação, a greve dos professores e professoras no estado de Santa Catarina.
Essa marcha é em defesa da dignidade, em defesa da vida e por melhor qualidade de vida. Enfim, é um conjunto de debates e reflexões que estão sendo feitos nesse momento, com a segunda marcha catarinense.
A primeira marcha foi um grande sucesso. Centenas e centenas de pessoas participaram e debateram, e a temática que envolvia o debate na primeira foi o tema da saúde, que, aliás, é uma das garantias fundamentais do indivíduo, garantida no art. 6º da Constituição Federal, que coloca como um direito fundamental do indivíduo, do ser humano, o debate da saúde. E sabemos da sua precariedade no contexto em que vivemos os dias de hoje.
Então, é preciso que se avance e que haja políticas cada vez mais acentuadas para que possamos dar essa dignidade e que realmente seja respeitado esse direito fundamental do indivíduo e do ser humano.
Portanto, então, essa segunda marcha dos catarinenses envolve todos esses movimentos sociais, culminando com a caminhada que acontecerá na parte da tarde, no dia de hoje, na capital. E haverá em outros dois municípios, Abelardo Luz e Chapecó, também a caminhada em defesa da vida e da dignidade da família catarinense.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)