Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 051ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 20/05/2014
O SR. DEPUTADO PADRE PEDRO BALDISSERA - Sr. presidente, srs. deputados, vou deixar a declamação para um momento mais oportuno, porque acredito que aquilo que fizemos na noite de ontem, em Chapecó, foi de um alcance extraordinário e de uma dimensão social extraordinária, no sentido do resgate de uma história extremamente transformadora e libertadora na face da nossa sociedade, principalmente no oeste de Santa Catarina.
Na oportunidade estiveram numa sessão solene mais de 250 lideranças de toda a nossa grande região oeste, o que marcou o resgate da memória histórica daquilo que desencadeou o sindicalismo na região. Digo isso porque foi um momento extremamente importante, quando tivemos a apresentação de um documentário construído pela equipe da TVAL, fazendo, ao longo do seu trabalho, o resgate de inúmeras lideranças que viveram nos anos 70 e no começo dos anos 80, com depoimentos externados a partir da vivência concreta de inúmeras situações e realidades enfrentadas pelas nossas organizações, pelos nossos movimentos sociais, conjuntamente com uma série de pastorais sociais das igrejas, da diocese de Chapecó e da Igreja Luterana do Brasil, que se somaram nessa luta do enfrentamento de inúmeras injustiças vividas na época pelos trabalhadores e trabalhadoras de diferentes segmentos sociais, especialmente pelos nossos agricultores e agricultoras.
Então, foi um momento extraordinário, de um acúmulo de uma experiência vivida e testemunhada por inúmeras lideranças da época, e muitas continuam a viver e continuam ainda nas organizações e no movimento, dizendo sempre que o processo e a caminhada continuam, que não terminou ali, pois existem muitas buscas de direitos no avanço dos mesmos e na defesa da justiça. Assim sendo, fizemos essa bonita homenagem na noite de ontem, quando houve o reconhecimento de todas essas lideranças que estiveram evolvidas nesse processo de construção social e extremamente importante. Claro que não poderíamos ter feito de outra forma.
Foram inúmeras lideranças às quais fizemos uma homenagem póstuma, tendo em vista que muitas delas já partiram para outra vida. Fizemos a homenagem em nome de todos aqueles que já partiram, como ao bispo de Chapecó, dom José Gomes, e ao nosso companheiro e amigo Marcelino Chiarello, que também prematuramente morreu. E lá, então, fizemos essas duas homenagens póstumas, fazendo o reconhecimento a tantas outras lideranças que foram vítimas e que tombaram ao longo de sua história e de sua caminhada.
Entre as entidades homenageadas estavam a Comissão Pastoral da Terra, onde se iniciou todo esse debate de uma nova consciência, da construção de uma nova mentalidade e do avanço da conquista dos direitos do nosso povo, de maneira muito especial dos nossos agricultores e das nossas famílias sem terra na grande região oeste, onde a partir da CPT surgiu o movimento dos sem-terra que ainda hoje lutam. E tem-se avançado muito numa série de políticas de inclusão social e de dignidade das mais de seis mil famílias assentadas por todo o território catarinense.
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, também aqui recordando um trabalho muito forte que fez na época de 70, no início dos anos 80, contribuindo para o avanço na busca de amenizar situações de injustiça e avançar na questão dos direitos das pessoas, dos grupos e da sociedade...
O indigenista missionário também tem feito um trabalho extremamente importante na questão do olhar diferenciado sobre os povos indígenas que também se veem marginalizados e esquecidos na questão da conquista ou da volta da ocupação da sua terra, onde fizeram toda a sua história. Portanto, devem ter seus direitos garantidos.
Temos o Movimento Sem Terra, sobre o qual já comentei. Temos o MAB - Movimento dos Atingidos pelas Barragens. É uma luta que nasceu no final dos anos 70 e onde começou todo o enfrentamento na questão de verem ao mesmo tempo, além dos direitos garantidos, uma luta incansável pela não construção de barragens, porque tem uma série de consequências que não são aceitas por aqueles que pensam no desenvolvimento com sustentabilidade. Então, nesse sentido essa luta e o reconhecimento ao MAB.
O Movimento das Mulheres Camponesas é histórico e começou lá com o Movimento das Mulheres Agricultoras. Essa luta avançou muito na conquista da aposentadoria, do salário maternidade, da licença maternidade, a luta pelo Pronaf, pela linha de crédito e mais recentemente outras lutas como Minha Casa, Minha Vida.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais tem uma luta histórica em defesa da política voltada para a nossa agricultura familiar. A Associação dos Pequenos Agricultores no oeste catarinense também faz um trabalho forte, com a construção de alternativas e projetos. O Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público do município de Chapecó e região também luta para ampliar os direitos e as garantias.
Então, toda essa luta foi encampada pelos movimentos sociais. E tivemos o privilégio de fazer essa nossa homenagem da Assembleia Legislativa, através de sessão solene na noite de ontem, em que homens e mulheres que contribuíram enormemente nessas políticas de inclusão social estiveram presentes.
Muito obrigado!
(Palmas)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)