Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 018ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 05/04/2005
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o que me faz vir à tribuna nesta tarde é o falecimento do Papa João Paulo II. Gostaria, de maneira especial, fazer um registro sobre essa grande liderança da Igreja, que ficou à frente, nestes últimos anos, com a árdua e importante missão de evangelizar e de levar a palavra de Cristo a todas as Nações.
(Passa a ler)
"Karol Józef Wojtyla foi ordenado padre em novembro de 1946, com apenas 26 anos idade. Em 4 de julho de 1958 foi nomeado Bispo Auxiliar de Cracóvia pelo Papa Pio XII.
Em 13 de janeiro de 1964, com 43 anos, foi nomeado arcebispo de Cracóvia por Paulo VI, que o transformou em Cardeal, em 26 de junho de l967. E participou do histórico Concílio Vaticano II (entre 1962 e 1965).
Com a morte de João Paulo I, que morreu com apenas um mês de papado, Wojtyla foi eleito Papa em 16 de outubro de 1978, após três dias de reunião entre os Cardeais. Tinha, na época, 58 anos de idade. Para homenagear o antecessor, o novo Papa escolheu o nome de João Paulo II.
Entre os principais documentos publicados pelo Papa estão 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 44 cartas apostólicas.
A sua primeira encíclica, ‘Redemptor Hominis’ (Redentor dos Homens), em 1979, explica a ligação entre a redenção por Cristo e a dignidade humana.
Encíclicas posteriores defendem o poder da misericórdia na vida dos homens, a importância do trabalho como forma de santificação, os efeitos destrutivos da rivalidade das superpotências, a necessidade de reconciliar o capitalismo com a justiça social.
A 11ª Encíclica de João Paulo II, ‘Evalegium Vitae’, reitera a sua posição contra o aborto, controle da natalidade, fertilização in vitro, engenharia genética e eutanásia. A última, ‘Ecclesia de Eucharistia’, a Igreja e a Eucaristia, foi escrita em 17 de abril de 2003.
João Paulo II morreu nesse sábado, 2 de abril, aos 84 anos, no Vaticano.
João Paulo II foi uma das personalidades mais importantes do século XX, um período marcado por profundas mudanças na sociedade. O Papa não deixou de participar e opinar sobre os grandes temas.
O pouco mais de quarto de século à frente da Igreja permitiu ao Pontífice a realização, com afinco, das duas missões iniciadas por Pedro e conferidas a Wojtyla pela Santa Sé. Para os fiéis e a sociedade em geral, revelou-se um Papa político e progressista. No plano moral, entre o clero, um conservador. Nos 26 anos de papado, João Paulo II focou sua atenção em diversos segmentos. Nunca foi apenas um líder religioso.
Com a visão conservadora, emitiu documentos e opiniões calcados dentro dos preceitos mais ortodoxos da Bíblia, não cedendo às mudanças da sociedade e procurando fortalecer a religião. Foi assim que o João Paulo II, em 1993, arranjou inimigos - e simpatizantes - ao condenar o aborto, o uso de métodos anticoncepcionais e o homossexualismo, uma de suas manifestações mais polêmicas.
Sua atuação na política internacional também foi decisiva. Foi um dos articuladores da queda do comunismo, regime sentido na pele por Wojtyla durante a vida na Polônia. Foi um defensor incondicional dos direitos humanos, provável reflexo dos tempos que viveu sob domínio nazista no seu país. Para historiadores, o seu papel na queda do regime do Leste Europeu, em 1989, foi o legado mais duradouro deixado por João Paulo II.
Uma década depois de ver o fim do comunismo, ele ainda realizou outro de seus sonhos. Visitou a Terra Santa em março de 2000 e rezou no Muro das Lamentações, pedindo perdão em nome dos católicos pelos pecados cometidos contra os judeus ao longo dos séculos.
João Paulo II ainda aproveitou o jubileu para reconhecer os erros da Igreja durante 2 mil anos de História - como as Cruzadas, a Inquisição, a omissão em relação ao Holocausto, a discriminação da mulher e a catequização forçada dos índios.
Fez uma árdua defesa dos direitos humanos e da liberdade religiosa, além de apelos por ‘uma nova ordem econômica mundial e respeito aos direitos dos trabalhadores’. Nunca perdeu oportunidades de se manifestar contra as armas nucleares e a favor da paz. Em 2003, comandou a campanha do Vaticano contra a guerra no Iraque.
A busca por entendimento entre as demais religiões levou João Paulo II a ser o primeiro Papa da história a pregar em uma igreja protestante e em uma sinagoga. Foi também o primeiro a colocar os pés em uma mesquita.
Além do apelido de ’papa peregrino’, o polonês também entrará para a história como o ‘Papa Santificador’: nenhum de seus antecessores elevou aos altares mais santos. Até hoje foram 482 canonizações.
A faceta mais notória e comentada do papado de Karol Wojtyla talvez tenha sido suas viagens. Na busca de garantir a expansão da religião, ele foi o pontífice que mais visitou países e mais se encontrou com líderes políticos e pessoas comuns."
Por isso deixo registrado nos Anais desta Casa este pronunciamento, que traz presente essa grande e importante liderança religiosa que acaba de falecer, no último dia 2.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)