Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 106ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 13/12/2007
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. presidente, srs. deputados, sra. deputada, venho à tribuna na manhã de hoje, primeiramente, para dizer que o resultado da votação no Senado, na madrugada desta quinta-feira, sem dúvida nenhuma, pés em nocaute o povo brasileiro.
Estive, na primeira parte da manhã, no Hospital Infantil Joana de Gusmão, conversando com funcionários e com algumas mães e pais, que têm filhos internados. Também conversei um pouco com a direção daquele hospital. É visível a preocupação daquelas pessoas com relação ao que poderá acontecer com a saúde pública, a partir da não existência da não-prorrogação da CPMF.
Dizia-me a direção, que atendem crianças vindas dos 293 municípios do estado de Santa Catarina. É lamentável, uma pena! Já temos dificuldades agora, sem essa pequena contribuição, sem esse esforço coletivo dos cidadãos e cidadãs, que representa muito às políticas públicas. Agora, com certeza, muitas daquelas crianças não terão oportunidade da assistência. Muitas! E muitas delas deixarão de existir por falta de atendimento.
Portanto, parece-me uma falta de sensibilidade e também de compromisso com a sociedade brasileira por parte daqueles e daquelas que votaram contra a prorrogação da CPMF.
Agora claro, eu, como membro do partido do governo do presidente Lula, faço aqui uma crítica à morosidade do presidente na abertura do diálogo e até mesmo no encaminhamento de uma proposta na qual se alocassem 100% desses recursos na saúde. O governo foi lento, foi moroso, em certos momentos até intransigente, achava que estava num pedestal e que tudo se resolveria.
Nós sabemos que não é por aí, o governo tem que ter sensibilidade e colocar os dois pés na vida e na realidade do nosso povo. É um imposto importante e fundamental, mas é preciso essa abertura. Faltou! Já foi. Esperamos que no início deste ano possamos avançar em algumas outras situações a esse respeito e que possamos retornar ao tema, ao assunto, para o bem da sociedade brasileira.
Estava acompanhando um pouco os noticiários, no dia de hoje, e está estampado, em muito deles, que a 2ª Câmara do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina votou pela redução do pagamento da pensão vitalícia dos ex-governadores.
Eu disse ontem que acho que isso é um avanço, porque ao invés de R$ 25 mil passam a receber R$ 10 mil, que seria o mesmo que recebe o governador em exercício.
Claro que Eduardo Pinho Moreira, que perdeu, no dia de ontem, essa parte da pensão, e isso está estampado nos jornais, recebe isso com tranqüilidade e promete não recorrer. Claro! Já pensaram se todos os nossos trabalhadores e trabalhadoras, ao fim de um trabalho como esse, eleito, pudessem continuar recebendo R$ 10 mil? Já pensaram se essa moda pega? Se todos os prefeitos, vice-prefeitos, todos os deputados, senadores, vereadores, ao fim do seu mandato, pudessem passar a receber um salário igual ao que recebiam quando estavam no exercício da função? O que seria das políticas públicas, hoje, em todo esse nosso país?
Acho que temos que avançar, sim! Podemos até dizer "não" à CPMF, mas temos que dizer "não" também a esses abusos, a essas injustiças contra o povo trabalhador, que paga impostos, tributos, para que esse dinheiro seja colocado à disposição das diferentes políticas públicas da nossa sociedade. E isso está faltando! Nós temos que começar a cortar os abusos que existem dentro das instituições políticas. É preciso! O povo está cansado e nós temos que avançar nesse sentido.
Por isso a minha indignação! Porque se trata de uma política que vai provocar justiça social, porque quem paga mais é quem recebe mais e movimenta mais, quem paga menos é aquele que movimenta menos, e os grandes beneficiados dessa política são aqueles que mais precisam! Esta é a razão da existência do poder público: colocar-se na defesa dos excluídos, dos marginalizados, daqueles que realmente precisam, daqueles que necessitam do aparato estatal, e não ao lado dos grandes.
Nós temos que avançar! E aqui gostaria de provocar um grande debate. Por que não taxar as grandes fortunas deste nosso país? Com certeza a grande maioria enriqueceu em cima do trabalho, em cima da exploração do povo brasileiro. Por que não distribuir os lucros abusivos dos banqueiros por todo este Brasil?
Eu acho que nós temos muitas coisas para avançar a fim de construir uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais igualitária. É preciso fazer uma grande revolução e ela passa pela sensibilidade, pelo compromisso de todos os agentes políticos.
Além disso, não poderia deixar de, nestes 30 segundos que me restam, colocar novamente que recebemos com muita alegria a resposta que o governo Lula dá à questão do ensino público superior. A nossa região oeste foi contemplada e isso é importante, fundamental para aquela região no seu processo de inclusão.
(Discurso interrompido por término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)