Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 096ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 02/12/2003
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, gostaria neste espaço de trazer presente um dos movimentos sociais altamente importante, significativo e que tem dado uma grande contribuição nas mudanças, na nova consciência, na mentalidade de se entender, compreender e fazer política neste nosso País, que é o Movimento das Mulheres Agricultoras.
O Movimento das Mulheres Agricultoras neste final de semana esteve reunido em Chapecó, discutindo sobre os 20 anos de luta, de caminhada, em busca de cidadania e de uma melhor qualidade de vida.
O Movimento de Mulheres Agricultoras surgiu em 1983, no Oeste do Estado de Santa Catarina, hoje, Município de Nova Itaberaba, quando algumas dessas mulheres buscaram a organização, na tentativa de se mobilizar para fazer com que os seus direitos pudessem ser respeitados e tornarem-se realidade na caminhada da vida. É um movimento autônomo, democrático, popular, que tem como objetivo a busca da construção de novas relações de igualdade e luta por uma nova sociedade.
Este mesmo Movimento das Mulheres tem toda uma história, eis que a partir desta organização várias conquistas foram acontecendo nestes 20 anos de luta, e passo a enumerar alguns desses tópicos importantes nesta caminhada.
Um deles resulta exatamente na conquista do direito de sair de casa, fazendo-se sujeita do seu próprio destino e da sua própria vida, a conquista da liberdade, a conquista do espaço, do direito enquanto mulher. Um segundo momento que resulta deste Movimento e desta caminhada é o reconhecimento da sua própria profissão, enquanto mulher agricultora, que ao longo desses anos não passava da pura concepção de uma dona de casa, da mulher do lar.
No entanto, eram dedicadas em torno de 16 ou 18 horas diárias a uma lida incansável no trabalho da própria agricultura. Portanto, é o reconhecimento da profissão da mulher agricultora.
Um outro resultado da organização das mulheres é a conquista dos direitos previdenciários, como a aposentadoria, o auxílio doença, o auxílio acidente de trabalho, a pensão por morte, o salário maternidade e o direito ao Sistema Único de Saúde.
Este é o resultado da organização através qual, gradativamente, a mulher foi tomando consciência dos seus direitos e conseguiu grandes conquistas.
Uma outra conquista importante neste processo tem sido o resgate e a valorização da agricultura agroecológica e de um novo modelo de agricultura. O debate tem suscitado esta nova concepção de que isto é importante e deve ser prioridade nesta caminhada.
Hoje, o Movimento está organizado em 15 regionais do Estado de Santa Catarina. E existe sempre a busca incansável da ampliação e do fortalecimento dos grupos de base. É exatamente isto que vai dando consistência à luta e à caminhada.
Por isso, o Movimento das Mulheres, a cada momento, está cada vez mais fortalecido, mais vital, pelo fato de ser discutido nas bases, de discutir a realidade, buscar soluções, encaminhamentos, fazendo com que haja mais cidadania, mais valorização da própria mulher que trabalha no campo. Esta ampliação, que se dá a partir da base, é uma das atividades básicas e fundamentais da mulher agricultora.
Um outro aspecto importante é a qualificação e o fortalecimento de quadros para dar continuidade a este importante movimento, a esta importante organização. Aí está também a razão de ser do Movimento das Mulheres e das lutas específicas que, no dia-a-dia, vão criando raízes e força na questão da reforma agrária, de políticas agrícolas e tantas outras situações buscadas constantemente pelo Movimento das Mulheres.
Sendo assim, o encontro deste final de semana em Chapecó conseguiu reavivar o importante trabalho desta organização da sociedade nestes 20 anos de luta e de história do Movimento das Mulheres.
Quero lembrar que, neste ano, o Movimento das Mulheres recebeu um prêmio, em Genebra, pela sua mobilização, pela sua organização e pela busca de cidadania na sua caminhada.
Por isso, trouxe a esta tribuna este importante acontecimento, na cidade de Chapecó.
Muito obrigado!
(Palmas)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)