Pronunciamento

Nilson Gonçalves - 087ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 07/10/2014
O SR. DEPUTADO NILSON GONÇALVES - Sr. presidente e srs. deputados, voltando desse embate eleitoral que houve, e foi um momento muito especial pois pudemos votar para presidente, governador e para o legislativo estadual e federal, fico satisfeito com relação à candidatura de Aécio Neves, mas vou diretamente ao cerne da questão, que é a não reeleição deste deputado. E o momento é de gratidão pelos 22 anos de vida pública que tenho, com seis eleições consecutivas, todas com grandes votações, sem nenhuma derrota. Isso me deixa muito feliz porque todas as vitórias em eleições partiram de Joinville e de suas cidades satélites.
É um motivo de orgulho estar representado Joinville nesta Casa. Nos primeiros dois mandatos fui vereador naquela cidade, sendo, inclusive, o vereador mais votado da história de Santa Catarina na ocasião. Nessa eleição uma série de fatores implicou na derrota, na pouca votação em Joinville, município que nunca tinha me dado menos de 30 mil votos nas duas últimas eleições. E os fatores foram bastante preponderantes. Primeiramente, de um curral eleitoral de 380 mil eleitores para deputado estadual, tivemos apenas 198 mil votos válidos, ou seja, havia a expectativa de 300 mil votos e acabamos baixando para uma realidade de 198 mil, pois houve 100 mil votos nulos para deputado estadual.
Outra questão foi também o número excessivo de candidatos. Isso há de ser revisto neste estado, porque é necessário mais consciência da realidade. Somente em Joinville havia 40 candidatos a deputado estadual, um número excessivo que acabou redundando na pulverização de votos. Se houvesse bom senso quanto a isso, Joinville teria hoje pelo menos cinco deputados eleitos, com uma representatividade muito maior nesta Casa.
No meu caso outros fatores foram preponderantes. Uma figura política criada no meu programa de televisão, na minha casa e no meu escritório, conhecida como Casa Amarela, hoje uma verdadeira referência estadual, o atual vereador João Carlos Gonçalves. Sua eleição nasceu em nosso escritório. Tínhamos um projeto conjunto, que era elegê-lo vereador e depois ele iria nos ajudar na eleição para deputado estadual. Na sequencia, ele teria a oportunidade de ser candidato estadual para darmos sequência ao trabalho na Casa Amarela, muito conhecida em Joinville e na região.
Lamentavelmente, entendeu que já podia se desvencilhar desse compromisso e acabou saindo candidato a deputado estadual, quebrando a palavra que tinha conosco, incentivado por um grande líder político de Joinville, e com isso atravessou a nossa candidatura. Isso nos preocupou desde o início, uma vez que poderia levar a uma vitória menor deste deputado ou a derrota dos dois, porque somos conhecidos em Joinville até como irmãos, pois o sobrenome é o mesmo e o número da campanha por coincidência, era parecido.
O meu era 45.777 e o dele 15.777. As pessoas entendiam que a eleição dos dois seria um reforço para a nossa conhecida Casa Amarela, no município de Joinville. E acabou, na verdade, tirando-nos a possibilidade de continuar nesta Casa. Uma eleição intempestiva, incentivada por um grande líder político de Joinville. Infelizmente, teve uma votação pífia. Fez 14 mil votos em Joinville, sendo o oitavo candidato mais votado na cidade e tirando-nos a possibilidade, por causa de oito ou dez mil votos, de fazer aquilo que faríamos se continuássemos ainda na Casa, mas faz parte. No meio político traição é uma coisa muito comum, e lealdade é uma coisa muito rara. E a ambição de poder é uma coisa fantástica. Eu, como não tenho vaidades nessa parte, somente fico triste, porque tenho trabalhado durante 22 anos de maneira muito transparente, de maneira muito clara, todas as verbas que consegui com o governo do estado para os meus municípios, fossem R$ 200 mil aqui, chegavam 200 mil lá, fosse R$ 1 milhão aqui, chegava R$ 1 milhão no município. Nunca fiz conversas em separado com prefeitos ou com entidades, sempre procurei me guiar pela maneira mais correta possível. E construímos em Joinville uma referência chamada Casa Amarela, que nada mais é do que o meu próprio escritório de trabalho. E hoje as pessoas vêm dizer para mim: "O senhor não pode fechar." Mas claro que vou fechar. Dia 31 de dezembro acaba o ano e tenho mais um mês de mandato. Dia 31 de dezembro tenho que encerrar as minhas atividades e a Casa Amarela deixará de existir em Joinville. O que é lamentável, porque ela havia tornado-se uma referência muito grande, maior do que a própria secretária do Bem-Estar Social de Joinville.
Mas quero dizer aos senhores que lamento não pela minha ausência, aqui, como deputado, porque não tenho essa vaidade e nem entendo que deputado seja melhor do que outra pessoa. Deputado que se preza sabe que é empregado do povo, porque a cada quatro anos, na verdade, temos o nosso contrato de trabalho renovado, nada mais do que isso, porque somos empregados do povo. E se todas as pessoas tivessem consciência disso, certamente, teríamos um Brasil melhor. O problema é que muitas pessoas se acham acima de tudo e de todos por causa de um mandato, passageiro, inclusive. É isso que lamentamos.
Agora, em Joinville, deixo o mandato de deputado, mas deixo de cabeça erguida. Falo isso para os meus filhos e para os meus netos: O teu pai, o teu avô, entrou na vida pública de cabeça erguida e vai sair de cabeça erguida. É isso que vai acontecer.
Quero desejar aos novos eleitos que tenham um bom mandato e que se lembrem daqueles que colocaram seu voto nas urnas e que deram a eles a possibilidade de representá-los nesta Casa.
Aos deputados Kennedy Nunes, Darci de Matos e ao Patrício Destro, que são da minha cidade, quero desejar, especialmente ao Patrício, porque os outros dois já têm uma larga experiência e podem representar e continuar representando muito bem Joinville, que vai começar agora o seu mandato, no mês de janeiro, que também faça o seu trabalho de maneira honrada, de maneira séria, levando o exemplo que nós temos dado naquele município e fazendo com que Joinville possa ser uma cidade bem representada.
Quero desejar também aos demais deputados e deputadas que possam ter nesses próximos quatro anos a dignidade à frente de tudo. Dignidade e respeito ao eleitor e ao voto que receberam.
Muito obrigado, sr. presidente!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)