Pronunciamento

Nilson Gonçalves - 055ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 09/07/2008
O SR. DEPUTADO NILSON GONÇALVES - Sr. presidente, srs. deputados, já fazia um bom tempo que eu não utilizava esta tribuna.
Tenho acompanhado os pronunciamentos nesta Casa, e confesso a v.exa. que a cada dia que passa me preocupo mais.
O festival de denúncias que cada um dos senhores, que faz parte da Oposição desta Casa, coloca desta tribuna, e o silêncio e até às vezes o constrangimento da Situação em rebater essas denúncias tem sido quase que uma coisa corriqueira.
O problema é que essas denúncias exacerbadas e levadas de forma até excitadas, neste microfone, estão descambando para problemas de ordem pessoal. Nós estamos vendo neste Parlamento o nível das discussões descambando, e levando esta Casa ao descrédito perante a opinião pública. Eu me refiro ao assunto do momento, palpitante, e que com tanta excitação a oposição trata, nesta tribuna, que é o livro A Descentralização no Banco dos Réus.
Tive, durante alguns meses, uma experiência com um funcionário, que de maneira premeditada, sem que eu soubesse, passou a gravar as minhas conversas com ele, gravou algumas das suas atuações no meu programa de televisão, e uma série de trabalhos que executava junto a minha equipe de trabalho da Tribuna do Povo, em Joinville. Pedia para me substituir. Quando eu me ausentava para Florianópolis pedia para apresentar o programa, é um profissional de nível.
Pedia para apresentar e eu dizia que ele não era apresentador e sim repórter, mas ele dizia que gostaria, e pedia para dar uma chance, eu deixava e ele gravava. Ele saia a fazer reportagem e pedia para o motorista deixá-lo dirigir um pouco, dizia que gostava de dirigir. Dirigia e pedia para o companheiro, para o motorista tirar uma foto dele, pegava o celular e pedia para tirar uma foto dele. E o motorista tirava.
Assim ele foi armazenando uma série de dados, até quando entendeu estar na hora de fazer o ataque. E foi assim que ele fez, provocou a sua demissão e imediatamente entrou no Ministério do Trabalho com uma denúncia pedindo mundos e fundos, chegava a quase R$ 200 mil de indenização o pedido do cidadão. E anexando e provando. Pegou dois advogados e anexou uma série de documentos, gravações e tudo mais, provando as suas denúncias.
Estou ainda nesse debate trabalhista, e eu vejo aqui um caso muito parecido acontecendo em nível político. Esse cidadão que confeccionou esse livro certamente fez a mesma coisa, certamente premeditou com bastante antecedência o que pretendia. Com certeza absoluta ele tinha, já, pré-estalecido dentro dele a idéia final de levar a cabo a edição de uma denúncia, de um livro, sabe Deus o que foi, e passou todo esse tempo arquivando, arquivando e arquivando, para ter então elementos para fazer o seu livro.
Eu quero dizer para os senhores uma coisa: nunca a Oposição da Casa teve tanta fartura de denúncia por conta - eu faço parte deste governo, mas não posso deixar de falar, sr. presidente - da ingenuidade de uma série de pessoas que fazem parte da cúpula deste governo. Ingenuidade! Não é possível que passam...
Enquanto todo o time está trabalhando numa direção construindo um estado novo, procurando mostrar as suas qualidades e dar uma nova ênfase para este estado, nós temos no meio dessa gente toda os que estão trocando os pés pelas mãos, achando que são espertos e querendo, quem sabe, ganhar tempo ou aparecer mais do que deveriam e municiando a oposição, carregando a oposição com o que ela mais gosta de fazer, que são denúncias e tudo o mais.
É o que nós estamos vendo aqui! É um arsenal que a oposição tem. Acho que o pessoal da oposição, em algum momento, deve olhar um para o outro dizer: "meus Deus, o que é que nós vamos fazer amanhã? O que é que nós vamos atacar primeiro? Não, vamos ver isso aqui no livro. Não, mas tem esse aqui! Vamos nesse aqui primeiro". É uma fartura! É uma fartura! Mas fartura por quê? Por causa da ingenuidade de muitas pessoas deste governo.
Agora a guerra está mais forte porque nós estamos à beira da eleição. Não fosse a eleição que se avizinha, quem sabe esse livro não fosse tão importante. Quem sabe se o seu Nei nem viesse à Assembléia. Nem viria!
Mas nós estamos à beira de uma eleição e o jogo do poder está falando mais alto, e vejo determinadas pessoas vir aqui, de forma cândida falar neste microfone dizendo assim: "nenhum de nós, srs. deputados, gostaria de estar aqui falando sobre essas coisas." Estou me referindo às denúncias. "Nenhum de nós gostaria de estar aqui falando isso, mas para o bem de Santa Catarina precisamos esclarecer."
Ah! Me poupa! Me economiza! Isso é demagogia pura! Quem é que não sabe que a Oposição vem aqui para ocupar o seu espaço e quanto mais barulho fizer melhor vai ficar, a imprensa rapidamente vai anotar, se possível uma fotografia, alguma coisa para ocupar os espaços. Só que a coisa está ficando ruim, srs. deputados, porque nós estamos descambando para os problemas pessoais.
Eu vejo em muitos deputados aqui estampado o ódio, a raiva, e estão esquecendo do nível da conversa, das acusações, e das defesas. Estamos partindo para problemas de ordem pessoal que não dizem respeito a nenhum de nós, e muito menos este é o fórum para tratar dessas coisas. É isso que nós precisamos atentar. É com isso que precisamos ter um pouco de preocupação, porque afinal de contas estamos aqui numa vitrine, o estado inteiro está olhando e assistindo a atuação de cada um dos srs. deputados e descambar para os problemas pessoas, para o ódio, para a raiva só vai levar a um lugar: ao descrédito deste Parlamento.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)