Pronunciamento

Nilson Gonçalves - 085ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 06/10/2010
O SR. DEPUTADO NILSON GONÇALVES - Sr. presidente, srs. deputados, não poderia ser diferente a sessão de hoje, a sessão do dia de ontem e provavelmente a sessão de amanhã, se é que vai ter.
Faremos uma reflexão sobre as eleições que acabaram de acontecer. Isso é uma coisa perfeitamente natural em todos os Parlamentos deste país, neste momento, ou seja, os deputados eleitos e não eleitos estão ocupando as suas respectivas tribunas justamente para fazer uma reflexão do que aconteceu na eleição que passou.
Eu estava lendo o jornal Folha de S.Paulo, no dia de ontem, e chamou-me a atenção uma matéria, a qual vou passar para os senhores.
(Passa a ler.)
"Pior do que tá... poderia ter ficado"
O título refere-se, naturalmente, ao Tiririca, que dizia que pior do que está não pode ficar. Mas é a matéria que está no jornal.
(Continua lendo.)
"A exemplo de Tiririca, campeão nacional de votos para deputado federal, muitas personalidades tentaram usar a fama para se eleger; ao contrário do palhaço, a maioria ficou pelo caminho."
Eu vejo aqui que há de tudo um pouco, há a parte hortifrutigranjeira e a parte sexy. Sexy foi a Cameron Brasil, candidata à deputada federal por São Paulo, que fez 9.964 votos e perdeu. Já na parte hortifrutigranjeira tivemos a Mulher Pera, que fez 3.136 mil votos, como candidata à deputada federal. Tivemos também a Mulher Melão, como candidata a federal, pelo Rio de Janeiro, que fez 1.650 mil votos. E tivemos a Andrea Schwartz, mais na área sexi, que fez 476 votos, provavelmente na freguesia.
Nós tivemos candidatos também na área dos boleiros, a turma do futebol, do esporte. Marcelinho Carioca foi candidato, todo mundo conhece, jogou no Corinthians. Ele foi candidato a deputado federal por São Paulo e fez 62.399 mil votos. Tivemos o Dinei, que foi jogador do Corinthians. Ele foi candidato a deputado estadual e fez l8.276 mil votos, mas não se elegeu; o Vampeta, que todo mundo conhece, foi candidato a deputado federal, fez 15.300 mil votos, mas também não se elegeu; o Túlio Maravilha, que também todos conhecem, candidato a deputado estadual por Goiás, fez 4.526 mil votos; e o Arley, que é goleiro do Goiás, ainda em atividade, acabou fazendo 167 votos.
Dos cantores, candidatou-se para senador pelo estado de São Paulo o Netinho, que fez 7,773 milhões, ficou em terceiro lugar, mas não conseguiu entrar; o cantor Waguinho, candidato a senador pelo Rio de Janeiro, ficou em quinto lugar, fez 1,295 milhão de votos; ainda o cantor Leandro, do KLB, foi candidato a deputado estadual e fez 62.398 mil votos e não se elegeu; o Frank Aguiar, que já foi deputado federal e também vice-prefeito na Grande São Paulo, dessa vez não conseguiu, fez apenas 46.154 mil votos e não se elegeu; o cantor Kiko, também do KLB, foi candidato a deputado federal por São Paulo, fez 38.070 mil votos; já Agnaldo Timóteo, que já teve a oportunidade de ser parlamentar várias vezes, foi candidato a deputado federal, fez 25.074 mil votos, mas não se elegeu; Reginaldo Rossi, famoso no Brasil inteiro, candidato a deputado estadual por Pernambuco, fez 14.934 mil votos e também não se elegeu; a cantora Simony, candidata a deputada estadual, fez 6.996 mil votos e não se elegeu; a Tati Quebra-Barraco, candidata a deputada federal pelo Rio de Janeiro, fez 1.052 mil votos. Essa é a turma de cantores.
Entre os lutadores tivemos dois candidatos: o Popó, que saiu candidato a deputado federal, fez 60.338 mil votos pela Bahia, mas não se elegeu, e o Maguila, candidato a deputado federal por São Paulo, fez 2.951 mil votos e também não se elegeu.
Muita gente acha que por ser famoso é só meter a cara que se elege. Não é bem assim. Tivemos um grupo que se deu bem entre as pessoas famosas, como o Romário, ex-jogador de futebol, candidato a deputado federal, que fez 46.859 mil votos e elegeu-se; o ator Stephan Nercessian, candidato a deputado federal, que se elegeu com 84.006 mil votos; Wagner Montes, apresentador de televisão no Rio de Janeiro, candidato a deputado federal, que lavou a égua, fez 528.628 mil votos; o ex-jogador Bebeto, candidato a deputado estadual pelo Rio de Janeiro, que se elegeu com 28.328 mil votos; a atriz e ex-mulher do cantor Roberto Carlos, que se elegeu deputada estadual no Rio de Janeiro com 22.169 mil votos. Quanto ao Tiririca, não precisamos nem falar, ele está aprendendo a ler nesses últimos dias, pagou um professor para ensiná-lo a ler e escrever, mas obteve 1,353 milhão votos. A cantora Leci Brandão se elegeu deputada estadual por São Paulo com 86.298 mil votos; o Danrlei, ex-goleiro do Grêmio, elegeu-se deputado federal pelo Rio Grande do Sul com 173 mil votos; e o Marques, ex-jogador de Minas Gerais, elegeu-se deputado estadual com 153.225 mil votos.
Essa é a turma que deu certo, a turma que é famosa. Muita gente achou que bastava ser famoso para se eleger. Mas o mais exótico de todos foi a turma do hortifrutigranjeiro, a mulher melancia e a mulher melão, que acabaram não alcançando êxito.
Enfim, acho que na democracia, sr. presidente, pelo menos quando estudei era assim, quando fiz faculdade, o Parlamento era um extrato da sociedade. Quando se xinga um Parlamento, quando se xinga um político, está-se xingando a própria sociedade, porque na verdade o que temos aqui é uma mostra da sociedade. É como se você pegasse um calado num saco de feijão, enfiasse ele lá e tirasse. Aí você vai ver que naquele saco tem feijão bom, tem ferrão, tem feijão carunchado, tem muita coisa ruim.
A democracia é exatamente isso. Somos representantes da sociedade lá fora, e se o seguimento político está podre, é porque a sociedade está podre. Essa a verdade!
Então, o que temos que fazer é melhorar a sociedade como um todo, para termos também, aqui no Parlamento, uma melhora gradual. Quando falo aqui, estou falando no Parlamento do Brasil inteiro, não estou referindo-me apenas a este Parlamento. Aliás, este é um dos melhores Parlamentos deste país, diga-se de passagem.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)