Pronunciamento

Neodi Saretta - 022ª SESSÃO ORDINARIA

Em 31/03/1999
O SR. DEPUTADO NEODI SARETTA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, quero retornar a um assunto que tem sido muito debatido nos últimos dias, e nem poderia ser diferente, a respeito do nosso Banco do Estado de Santa Catarina.
Temos acompanhado com uma certa perplexidade a forma com que alguns setores, principalmente do Governo, têm levado este debate.
A nossa preocupação, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é no sentido de que parece que só existe um caminho - o caminho da privatização, usando, é claro, algumas formas um pouco diferentes: há aqueles que defendem, Deputado Pedro Uczai, que se privatize logo; há aqueles que preferem não ficar com o peso, a pecha de privatizador do Besc e defendem que se federalize primeiro para privatizar depois.
Mas, Sr. Presidente, qual será o caminho, a defesa desses que estão andando no sentido da privatização?
O debate que nós queremos fazer é no sentido de salvar uma instituição quando ela necessita, que não seja necessariamente o da privatização. Temos como exemplo o Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Quem sabe até esse banco tenha mais dificuldades que o nosso próprio Banco do Estado, mas lá se discute outras alternativas, Deputado Ronaldo Benedet.
É importante dizer que para as pequenas comunidades rurais privatizar o Besc significa muito, pois já foi dito aqui desta tribuna da possibilidade de não ter mais nesses pequenos Municípios uma agência do Besc. Ou alguém, em sã consciência, acha que o Banco Bozano, Simonsen ou outro qualquer vai abrir uma agência lá em Paial, Deputado Pedro Uczai?! Ou que abririam uma agência naqueles pequenos Municípios próximos de Chapecó, no Extremo Oeste, Deputado Narcizo Parisotto?
Por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em conjunto com a direção estadual do nosso Partido, tomamos a firme posição em defesa do Besc sob o controle acionário do Estado. E isso implicaria o combate inclusive à proposta da tal "tripartidação", porque isso significaria a perda do controle acionário do Banco do Estado de Santa Catarina.
As mobilizações que estarão sendo feitas nos próximos dias, a exemplo da mobilização dos besquianos no próximo dia 10, contarão com amplo apoio do nosso Partido e da nossa Bancada. Eu tenho certeza e espero que esta também seja a posição de outras Bancadas e de outros Parlamentares.
Mas no dia 13 do próximo mês, Sr. Presidente e Srs. Deputados, teremos uma ampla mobilização da Bancada do nosso Partido a respeito da questão do emprego, das alternativas de geração de emprego neste Estado e neste País. E decidimos incluir a questão da manutenção do Banco do Estado de Santa Catarina sob o controle acionário do Governo do Estado como um dos itens dessa pauta de mobilizações para o próximo dia 13.
Nesse sentido, entendemos que existe a necessidade de cada um dos Parlamentares desta Casa, de cada uma das Bancadas com assento nesta Casa tomar uma posição firme, aberta em relação ao processo de privatização do Banco do Estado de Santa Catarina. Mais ainda: é necessário que esta Casa tenha amplo conhecimento das auditorias que estão sendo realizadas dentro do Banco.
Neste sentido, encaminhamos também um pedido de informação para que nos sejam remetidos os estudos, as análises que estão sendo feitas pelas comissões que estudam este assunto do Banco do Estado, até porque as informações que estão sendo publicadas estão desencontradas. Informações essas que mostram manipulação de dados, informações que levaram inclusive às afirmações de que o patrimônio líquido do Banco estaria negativo, quando agora o próprio Governo vem admitir que esses dados não estavam corretos.
Trata-se, portanto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, de termos o real conhecimento da situação do nosso Banco para juntos buscarmos as alternativas necessárias para que ele permaneça sob o controle acionário do Estado.
O documento divulgado pelo sindicato dos empregados em estabelecimentos bancários de Florianópolis e região destaca alguns dos pontos dizendo por que o Sistema Financeiro Besc é importante.
Nós gostaríamos de transcrever aqui alguns desses itens por julgarmos fundamentais.
(Passa a ler)
"É o único banco estadual no País que está presente em todos os Municípios de seu Estado. Tem agência ou posto de atendimento nos 293 Municípios catarinenses.
Em 148 Municípios é pioneiro, ou seja, é o único banco a prestar serviços à comunidade.
Detém 42% das operações bancárias realizadas em Santa Catarina, considerando todos os bancos presentes no Estado.
Emprega 5.074 catarinenses.
Financia pequenos e médios produtores rurais."
E aqui, Deputado Moacir Sopelsa, eu quero ver a posição de determinadas Bancadas e de Deputados que dizem ser defensores da agricultura, defenderem a privatização do Banco do Estado de Santa Catarina!
Eu quero ver qual será a agência bancária que vai atender o agricultor nos pequenos Municípios, Deputado Pedro Uczai!
(Continua lendo)
"Financia micro e pequenos empresários."
Parece uma contradição! Está entrando um projeto que, supostamente, vai beneficiar a geração de empregos e, por outro lado, trabalha-se na demissão de bancários, na privatização de uma instituição que tem financiado aos micro e pequenos empresários que são, talvez, os maiores geradores de empregos deste Estado.
Outro motivo importante a ser destacado em relação ao Sistema Financeiro Besc.
"Suas operações de crédito estão diluídas principalmente junto a pequenos tomadores."
Esta é uma outra realidade!
"Desde 1989 vem apresentando lucros, inclusive rendendo dividendos ao acionista majoritário - Governo do Estado."
Portanto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, para concluir essa nossa intervenção, julgamos fundamental uma ampla cruzada no Estado de Santa Catarina em defesa do Sistema Financeiro Besc e em defesa da manutenção do controle acionário por parte do Estado.
Se assim o fizermos, estaremos defendendo o patrimônio dos catarinenses, principalmente a sociedade catarinense como um todo, que é a que mais será prejudicada caso haja essa privatização.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)