Pronunciamento

Neodi Saretta - 007ª SESSÃO ORDINARIA

Em 01/03/2000
O SR. DEPUTADO NEODI SARETTA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, antes de falar sobre um assunto político, gostaria de me manifestar sobre uma emenda constitucional que estou apresentando e que diz respeito aos recessos desta Assembléia Legislativa, para a qual estou colhendo a assinatura de V.Exas., a fim de que possa tramitar.
Sabemos que o recesso para o Deputado não significa férias. Nesse período o trabalho é mais intenso ainda, pois creio que todos os Deputados aproveitam para visitar as suas bases e fazer contato com os eleitores. No entanto, não se justifica nesses novos tempos que o Parlamento catarinense fique 90 dias por ano sem sessões plenárias.
Trata-se de um período extremamente longo, dificultando que problemas importantes e urgentes sejam trazidos para debate neste Plenário. Por exemplo, no último recesso tivemos problemas na telefonia catarinense; reclamações eram feitas a todo momento, e nós não tínhamos este espaço para debater a questão. Foi preciso esperar o fim do recesso para promovermos, então, uma audiência pública aqui, embora muitos Deputados, incluindo-me aí, tenham tomado providências referentes a essa questão durante esse período.
Outros exemplos são a BR-470, as concessões das BRs de Santa Catarina, que ensejaram um pedido de autoconvocação mas que, ao final, nada foi encaminhado nem deliberado.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, sem me alinhar com aqueles que acham que recesso é folga (de minha parte tenho certeza de que não é assim que fazem todos os Deputados, ou pelo menos a ampla maioria, pois o recesso é parte do nosso trabalho), alinho-me com aqueles que acham que temos de rediscutir esse tema. Assim sendo, apresentei uma emenda constitucional, e convido os Deputados que a subscrevam, se assim desejarem.
Gostaria também de me manifestar sobre um assunto político que tem circulado especialmente no interior do Estado de Santa Catarina e que me causa uma certa surpresa. Isso acontece, Deputado Onofre Santo Agostini, pelos posicionamentos políticos e ideológicos de determinados Partidos, como, por exemplo, o PPB e o PFL em relação ao PMDB, e também pela postura desses Partidos nesta Casa em relação ao Governo do Estado, principalmente.
A surpresa é que vemos nos jornais e em algumas rádios alguns Líderes desses Partidos falando em juntar-se no interior do Estado e fazer o tal "frentão" para combater o PT. Eu fico me perguntando, além de não acreditar na concretização desse "frentão", qual o motivo real dessas discussões.
Tenho ouvido o Governador do Estado dizer, de forma muito acirrada, que o ex-Governador Paulo Afonso deixou uma série de problemas para o Estado de Santa Catarina. E ouço do ex-Governador e de Líderes do PMDB que o problema é o atual Governo. Portanto, Deputado Nelson Goetten, fica difícil para nós acreditarmos que, afora o Plenário da Assembléia Legislativa, em determinadas cidades estarão Paulo Afonso e Esperidião Amin no mesmo palanque fazendo campanha para os mesmos candidatos para derrotar candidaturas lançadas pelo Partido dos Trabalhadores.
Pessoalmente, não acredito nessa possibilidade como uma decisão das direções estaduais do Partido. Credito isso mais a algumas iniciativas isoladas em algum Município, talvez por uma questão paroquial. Mas isso me causa espécie, e não poderia deixar de levantar essa contradição nesta Casa porque é aqui que se debate as questões políticas, é aqui que reconhecemos a autonomia de cada Partido em decidir as suas coligações, as suas alianças.
Agora, causa-me espécie haver discussões no sentido de colocar no palanque de cidades-pólo de Santa Catarina o atual Governador, o ex-Governador e, quem sabe, Líderes de um Partido e de outro que aqui na Assembléia têm-se colocado de forma bastante opositora. Não que com isso, Deputado Ronaldo Benedet, V.Exa. não possa estar no mesmo palanque com o Deputado Nelson Goetten, mas me parece que, pela coerência partidária de ambos, ficaria um pouco estranho ver em algumas dessas cidades-pólo de Santa Catarina as questões estaduais e ideológicas serem esquecidas.
Era essa a minha colocação, muito embora reconheça que, se essa for uma decisão dos Partidos, no âmbito da sua liberdade e autonomia podem assim decidir. Certamente não serão composições que terão cunho ideológico, político ou filosófico; no meu entendimento digo, e com muito respeito, que seria apenas de cunho fisiológico. Por isso não acredito que essa articulação vá ganhar força no Estado de Santa Catarina.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)