Pronunciamento

Neodi Saretta - 023ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 31/03/2011
O SR. DEPUTADO NEODI SARETTA - Sr. presidente, srs. deputados, o orador que me antecedeu terminou falando em reforma política e gostaria de dar também uma pequena contribuição, quase que um aparte à sua fala, dizendo que todo tipo de debate é importante.
Quanto ao voto em lista, deputado Moacir Sopelsa, o meu partido não tem posição fechada, mas grande parte defende-a. Tenho sérias dúvidas, e alio-me àqueles que acham que é sempre melhor o debate direto com a população do que apenas em escritórios, em cúpulas partidárias. Sou um deputado que defende as questões partidárias, o fortalecimento do partido, mas acho que o ideal é sempre estarmos em contato com a população, dialogando. E digo mais, acho que a reforma política deve ser discutida, mas não sei se é uma grande prioridade. A própria presidente Dilma Rousseff falou que temos outras prioridades, mas se o Parlamento quiser discutir, não há problema algum. Tenho dúvidas se determinadas mudanças mexem ou não com a vida do povo, porque o que realmente importa são exemplos como aquela discussão que tivemos ontem, deputado José Milton Scheffer, com a presença do secretário da Fazenda. Questionado por nós sobre os recursos da Saúde, o secretário se comprometeu a não repetir a prática de considerar como parte do repasse de 12% o pagamento dos inativos. Isso, sim, mexe com a vida do povo, porque são alguns milhões a mais que irão ir para a Saúde, para restabelecer, inclusive, o fornecimento, deputado Maurício Eskudlark, de medicamentos de uso contínuo que muitos pacientes não estão achando nos postos do SUS.
A mesma coisa ocorre na Educação e medidas como essa é que, efetivamente, ajudam a transformar a vida do povo brasileiro. É claro que o sistema político é importante, a forma de votação é importante, mas tenho dúvidas quanto ao resultado, prova disso é que participei de um debate nesta semana, promovido pelo nosso companheiro Pedro Uczai, e a pergunta era a seguinte: que reforma política queremos?
Então, isso não está claro nem para os partidos políticos, e acho que se houver alguma mudança, ela deverá ser no sentido de melhorar a vida das pessoas, de tornar o processo mais ético, mais transparente, e diminuir a influência do poder econômico, fazendo com que os candidatos tenham que dialogar no dia a dia com as dificuldades do povo catarinense, do povo brasileiro.
Quero também aproveitar o espaço do PT no horário dos Partidos Políticos para falar sobre uma pessoa extraordinária, que serviu de exemplo para muitas gerações deste país, o nosso querido ex-vice-presidente. José Alencar lutou bravamente pela vida, lutou com galhardia e transmitiu otimismo ao povo brasileiro. Embora estivesse vivendo momentos difíceis, deixou marcas no povo brasileiro, principalmente nesse período em que tratou da doença. Apesar da doença, ele tratou com o povo brasileiro sempre com alegria e serenidade. Acredito que isso serve de estímulo a pessoas que encontram dificuldades.
Não poderia deixar de fazer esse registro sobre o ex-vice-presidente, que ocupou a Presidência da República, por quase um ano, somando-se os vários períodos de interinidade. Todos nós acompanhamos o sofrimento que ele enfrentou, transmitindo sempre alegria para as pessoas, deixando esse exemplo. Quero dizer que faço esse registro em nome do meu partido, dos meus companheiros, dos nossos deputados.
Lembro-me de um depoimento seu dado à época em que eu era prefeito de Concórdia e concorria à reeleição. Infelizmente, o Brasil perdeu um grande estadista, uma grande liderança, e nós, os políticos, temos que prestar atenção nisso.
Obviamente, ao longo de sua trajetória houve divergências políticas, houve discordâncias, mas ele se portou como vice-presidente da República de forma magnífica, dando ideias, sugestões, sempre por dentro do governo, mas participando ativamente apenas quando chamado. Isso merece um registro, desta tribuna, nesta manhã.
Feito esse registro, sr. presidente e srs. deputados, encerro dizendo que fiz manifestações ao secretário da Fazenda e apelo à secretaria estadual da Saúde, no sentido de que restabeleça imediatamente o fornecimento dos medicamentos de uso contínuo aos pacientes que precisam, caso contrário eles estarão correndo risco.
Tomemos como exemplo José Alencar, que lutou pela vida, para que lutemos pela vida de quem não tem recursos para pagar seu tratamento e depende do poder público.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)