Pronunciamento

Neodi Saretta - 102ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 11/11/2014
O SR. DEPUTADO NEODI SARETTA - Sr. presidente, srs. deputados, já que não vejo as sras. deputadas, estimados assistentes, quero trazer, nesta tribuna, na tarde de hoje, a preocupação e o grito de socorro da avicultura catarinense, mais especificamente dos avicultores catarinenses que atravessam um momento de extrema dificuldade.
(Passa a ler.)
"Santa Catarina é responsável, atualmente, por 17.63% do total de abate de frangos de corte e 28.3% do valor exportado do Brasil. O número de abate de frango em Santa Catarina foi de 886.000 cabeças em 2012, ficando atrás apenas do Paraná.
Com um efetivo de rebanho de corte de frango de aproximadamente 156 milhões de cabeças, Santa Catarina tem como destaque as regiões oeste e sul, cada uma com, respectivamente, cerca de 99 milhões de cabeças e 20 milhões de cabeças.
No período de 2007 e 2012, o Brasil teve um aumento de 23% na produção e 24% na exportação. Durante o mesmo período, o estado teve um crescimento de 10% na produção e 14% na exportação.
Já em 2014, a avicultura catarinense cresce 4.8% no primeiro semestre de 2014, contra 1% da média nacional. O abate mensal é de 150 milhões de cabeças.
Os dados são extremamente positivos para a indústria. No entanto, não se pode dizer o mesmo para o avicultor, para o pequeno produtor que não tem visto retorno na atividade.
Nesta quarta-feira, amanhã, haverá uma nova reunião, já ocorreram algumas rodadas de negociação entre produtores de aves e também de suínos, e entre a empresa BRF, na Câmara de Vereadores de Concórdia. No encontro estarão presentes representantes de federações, de sindicatos, além de autoridades ligadas a esse setor.
Esta negociação que envolve os avicultores e suinocultores integrados da BRF irá tratar da remuneração, no caso específico, dos avicultores, que não tem cobrido os custos de produção. Os avicultores buscam, de forma justa e merecida, um reajuste real e maior comprometimento por parte dos frigoríficos.
Segundo dados da Embrapa, para os aviários com a tecnologia chamada de 'Dark House' (casa escura em inglês), que permite reduzir o tempo de abate, custos com mão de obra, alimentação, além de influenciar na engorda (mais rápida) e sem desperdícios, o custo de produção é de R$ 0,45. Já nos aviários com climatização positiva é de R$ 0,66 e, nos aviários convencionais, R$ 0,67. Sendo que o custo de produção para a empresa é de R$ 4,90 por ave. (fonte: EMBRAPA).
A média de pagamento da BRF é de R$ 0,46 por ave, bem longe do custo de produção. No entanto, o problema é que são muitos os produtores recebendo apenas R$ 0,20 por ave, o que é bem abaixo do custo de produção. Ou seja, o produtor não está recebendo R$ 0,46, mas sim, algo bem abaixo disso."
Então, esses são alguns dados que estamos apresentando. Falamos também com representantes dos avicultores que estarão nessa reunião lá no oeste, mas a situação também é igual no sul do estado.
Depois de muitos protestos e ameaças de greve a situação parece ter serenado um pouco. No entanto, no próximo sábado, dia 15, os produtores voltam a se reunir em Nova Veneza para tratar do assunto. A situação, portanto, é preocupante em todas as regiões do estado e nós também queremos repercutir aqui na Assembleia Legislativa fazendo um apelo para que as agroindústrias possam olhar para os produtores.
Estamos acompanhando as notícias que estão saindo na imprensa em relação aos balanços dessas empresas no terceiro semestre desse ano e a BRF teve lucro líquido de R$ 624 milhões, 117%, acima de igual intervalo em 2013.
Já no caso da JBS, as expectativas positivas ganham força após divulgação de outros balanços de que vão crescer.
Então, a situação das empresas é boa. Que bom que elas tenham crescido e contribuído fartamente com algumas campanhas de política, mas, infelizmente, os produtores estão passando necessidades e precisam melhorar os preços.
Então, deixamos esse apelo registrado e esse grito de socorro nessas reuniões, o grito de socorro da avicultura para que os frigoríficos, as agroindústrias possam pagar um preço mais justo aos avicultores.
Muito obrigado, sr. presidente.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)