Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 077ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 09/09/2009
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Sr. presidente deputado Gelson Merísio, srs. deputados e sras. deputadas, quero cumprimentar todas as pessoas que estão hoje na Assembléia Legislativa representando suas categorias e sindicatos.
É claro que o meu discurso deveria ser em função das matérias que iremos votar hoje. Mas vamos ter oportunidade para falar a respeito quando as matérias vierem a plenário para serem discutidas e votadas.
Aproveito a oportunidade, deputado Manoel Mota, v.exa. que dividiu o horário do nosso partido, o PMDB, para, em primeiro lugar, cumprimentar os veterinários e comunicar a passagem do Dia da Medicina Veterinária. E queremos cumprimentar os médicos veterinários pela importância quem tem esse setor no desenvolvimento da economia do estado de Santa Catarina.
Eu, deputado Pedro Uczai, assim como v.exa., tive a oportunidade de ser prefeito; governei Concórdia e também venho de família de agricultores, sei a importância que tem esse profissional no desenvolvimento da agricultura, do agronegócio, da agropecuária do estado de Santa Catarina.
Todos nós, embora pertençamos a categorias diferentes, alimentamo-nos diariamente, e esse alimento vem, sem dúvida nenhuma, das mãos dos agricultores e dos profissionais que ajudam, com tecnologia, a produzi-lo.
Por isso, neste dia quero deixar aqui registrada a minha homenagem ao médico veterinário.
Solicito às taquígrafas que registrem na íntegra o meu pronunciamento.
(Passa a ler.)
"Hoje, Dia do Médico Veterinário, presto aqui minha homenagem a essa categoria que acompanho há anos. Como produtor rural, vivenciei a ascensão dessa classe ainda em Concórdia, minha terra natal. Lembro quando a cidade contava com apenas um médico veterinário e hoje é o berço da suinocultura e da avicultura catarinense.
Consideremos que Santa Catarina, mesmo ocupando apenas 1% do território brasileiro, é o maior produtor de suínos do país e o segundo produtor de aves. Essa realidade é fruto do avanço da tecnologia e da pesquisa, do investimento das indústrias, das políticas governamentais. E temos de reconhecer que os médicos veterinários tiveram e têm uma participação importantíssima para colocar Santa Catarina na condição que está.
Como secretário de estado da Agricultura pudemos apoiar-nos na orientação técnica do médico veterinário. E isso foi fundamental para nos dar a segurança necessária para manter a nossa posição de não vacinar o rebanho contra a febre aftosa, apesar da pressão dos estados vizinhos. Essa postura garantiu a Santa Catarina a conquista da certificação inédita de zona livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal. O privilegiado status sanitário que obtivemos há dois anos permitiu a ampliação do mercado e o aquecimento da economia do estado.
Atuando na defesa sanitária, na inspeção de produtos de origem animal, pela saúde e bem-estar dos animais, pelo desenvolvimento do agronegócio, os médicos veterinários são fundamentais para garantir, também, a segurança alimentar da população catarinense.
Não tenho dúvidas de que o Brasil se tornará o maior exportador de alimentos do mundo. E esse crescimento estará vinculado, cada vez mais, à atuação dos médicos veterinários. Se quisermos manter o atual nível de excelência e de qualidade que temos, precisamos de ter sempre em mente a importância do médico veterinário."
Quero também reportar-me a um assunto importante que está em nossas casas todos os dias, e do qual às vezes o nosso consumidor não sabe.
Eu quero repetir, deputada Ada De Luca: que bom se eu pudesse estar falando do salário regional, se pudesse estar falando das questões das casas lotéricas, dos trabalhadores das casas lotéricas, mas vou ter a oportunidade de falar a respeito depois.
Quero falar de outro item importante da agricultura do estado de Santa Catarina, que está na nossa mesa todos os dias, que é o leite. Às vezes a grande imprensa - e ouvi isso muitas vezes neste ano - coloca o leite como um dos vilões da inflação anual. Na verdade essa inflação acontece depois que o leite sai das mãos do produtor, ou seja, é no trajeto até o consumidor que os aumentos ocorrem. O consumidor sentiu no primeiro trimestre de 2009 um aumento de 20% no preço do leite lá na gôndola. Quando ele foi ao supermercado para comprar o leite para consumo da sua família teve que pagar 20% mais caro, só que o produtor recebeu um aumento de apenas 5%!
Agora, há poucos dias, o preço do leite caiu, estava a R$ 2,60 e hoje, se formos ao supermercado, vamos pagar R$ 1,50 e até R$ 1,40, porque mais uma vez baixaram de R$ 0,68 para R$ 0,60 o preço ao produtor. Mesmo assim o consumidor ainda está pagando o dobro daquilo que o produtor está recebendo.
Por isso eu não me canso de, aqui da tribuna desta Casa, defender esse setor, de defender o setor produtivo, porque quando defendo o setor produtivo, tenho certeza de que estou defendendo também o setor de consumo, aqueles que precisam todos os dias ir ao supermercado para comprar a sua cesta básica.
Santa Catarina tem uma produção de mais de dois bilhões de litros de leite por ano. O consumo per capita anual no Brasil é de 138 litros, enquanto que em Santa Catarina se consome, deputado Dagomar Carneiro, v.exa. que vem da agricultura também, 150 litros por ano per capita; 72% da produção de leite está no oeste de Santa Catarina, está da BR-116 para lá.
Deputado Silvio Dreveck, v.exa., juntamente com os deputados das comissões de Justiça, de Finanças e de Economia, tentou encaminhar da melhor forma possível o projeto que vamos votar hoje à tarde, referente à criação do salário mínimo de Santa Catarina.
Eu acho que nós temos divergências, é verdade, mas temos que ver que quando se melhora o poder aquisitivo dos trabalhadores, melhora-se também a possibilidade das pessoas consumirem. E se nós melhorarmos os salários, iremos dar oportunidade às pessoas de se alimentarem melhor, de consumirem mais e de investirem mais.
Por isso, entendemos que essa é uma decisão importantíssima. Só na agricultura de Santa Catarina mais de 80 mil famílias possuem como atividade principal a produção de leite. E com a estiagem, com as dificuldades, com a crise, o setor vive altos e baixos, justamente o setor que, para mim, é o que movimenta a economia do país.
Eu sempre digo que quando o campo não planta, a cidade não janta. Quando o campo vai mal, a cidade também vai mal. Por isso temos que ter a sensibilidade, temos que ter a consciência de trabalhar e de buscar o equilíbrio, para que aqueles que vivem na cidade possam ter segurança e qualidade de vida, assim como também aqueles que vivem no campo possam ter qualidade de vida e segurança naquilo que fazem. Como o assalariado precisa ter segurança no seu trabalho, o homem do campo também precisa.
Trago esse assunto no dia de hoje para mostrar que precisamos, em conjunto, construir uma política que dê dignidade para todos os setores. E eu sempre digo que este país será um país digno, será um país onde todos terão dignidade para viver, quando todos tivermos direito à saúde, quando todos tivermos direito ao trabalho, quando todos tivermos direito à escola e quando todos tivermos direito ao alimento.
Finalizando, digo a vocês neste dia em que as galerias da nossa Casa estão cheias: tenham certeza de que nesta Casa pode haver divergências. Podemos discordar de pontos de vista, mas não discordamos de um ponto principal, que é o trabalho em defesa da população brasileira, da população catarinense.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)