Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 038ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 10/05/2011
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Muito obrigado, deputado Nilson Gonçalves, que preside esta sessão.
Srs. deputados, sras. deputadas, senhores da imprensa, deputado Joares Ponticelli, primeiramente quero cumprimentá-lo e à Casa pela realização em Florianópolis da 15ª Conferência dos Legisladores e Legislativos Estaduais. Não tenho nenhuma dúvida de que isso nos trará muito conhecimento, pois são palestrantes de renome e, acima de tudo, teremos a oportunidade de dar a nossa opinião sobre a reforma política.
Deputados, não podemos mais viver tendo a cada dois anos uma eleição, principalmente aqueles que às vezes, munidos apenas de pá ou de enxadinha, têm que competir com alguns que vendem tratores e patrolas. É difícil. Então, há de se fazer alguma coisa para que se tenha o compromisso de estar voltado realmente para aquilo que a população espera, que as pessoas esperam de um político.
Deputado Edison Andrino, agradeço a v.exa. porque teria que dividir o tempo, mas v.exa. me permite usar os 12 minutos.
Eu quero trazer, durante esta semana, dois assuntos que envolvem a agricultura, deputado Ismael dos Santos. Ontem, aqui se discutiu a questão dos produtores de fumo. E há poucos dias nós discutimos a questão dos produtores de arroz. Nós estamos todos os dias vendo e discutindo a questão da suinocultura. Estamos todos os dias vendo e discutindo a situação dos produtores de leite, enfim, a agricultura brasileira. E nós, especialmente, a agricultura de Santa Catarina.
Deputado Jorge Teixeira, v.exa. que vem de uma região muito produtora, precisamos, deputada Ana Paula Lima, e quero fazer justiça a muitas ações que foram feitas pelo governo federal na questão agrícola, na questão de investimentos, mas ainda nos falta muito para dar uma segurança para os nossos produtores. Isso acontece também com os governos estaduais que procuram fazer de tudo para que o homem do campo possa ter uma vida mais justa, uma vida mais digna.
Na semana passada, a cadeia produtiva do leite dos três estados do sul, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, enviou uma representação à Brasília, da Faesc e do Sindicato do Leite, para uma audiência com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Forense, com o objetivo de tratar questões de cota de importação de leite. E quando eu falo na produção de leite não estou falando nada mais e nada menos do que do envolvimento de 60 mil famílias no estado de Santa Catarina.
A questão que aflige os produtores está no risco de desestabilização do leite nos próximos meses. O que acontecerá nos próximos meses? Nós vamos aumentar a produção, porque vamos ter a oportunidade de uma produção melhor de pastagem, de uma produção melhor de alimentos. E aí a mesma coisa acontece na Argentina e no Uruguai. E a Argentina, deputado Elizeu Mattos, não é uma bacia tão produtora de leite como se diz, mas é uma exportadora de leite produzido nos Estados Unidos. O leite em pó que vai para a Argentina é vendido para o Brasil. E nós não temos uma fiscalização, não temos uma proteção para os nossos produtores, e isso joga o preço do leite do nosso estado para baixo.
Nós últimos meses houve uma leve recuperação no preço do leite, deputado Dirceu Dresch, v.exa. que também é um dos defensores nesta tribuna. Na venda o leite hoje, alguns produtores alcançam até o preço de R$ 0,80 ou R$ 0,81 o litro, e esse preço deixa alguma margem de lucro para o nosso produtor.
Estou levantando isso para também mostrar aos telespectadores e a toda a nossa imprensa que enquanto o produtor recebe R$ 0,80, R$ 0,8l por litro, o preço em alguns mercados no dia de ontem variava entre R$ 2,20 e R$ 1,95 o litro. Onde estava o preço a R$ 1,95 era uma promoção que o mercado fazia, deputado Dirceu Dresch, enquanto que para o produtor estava entre R$ 0,80 e R$ 0,81 o litro, uma diferença de R$ 1,10 por litro. Isso quer dizer que essa promoção que estava sendo feita não era uma promoção em que o mercado estava vendendo o litro do leite abaixo do preço que pagava, mas sim uma promoção porque havia comprado o leite da nossa indústria, e a nossa indústria compra melhor do nosso produtor. E, às vezes, o nosso consumidor recebe esse benefício, mas esse benefício acaba saindo das costas do nosso produtor, deputada Angela Albino.
Então, se formos ver em alguns lugares, o preço do leite chega ser três vezes maior para o consumidor do que aquilo que ganha o nosso produtor. E precisamos buscar com urgência uma proteção para os nossos produtores.
Levantávamos o problema dos produtores de arroz, de fumo, de suínos, de aves. E quero, na próxima semana ou ainda nesta semana, falar sobre a questão do produtor de suínos. Hoje o produtor de suínos amargou pela manhã a notícia da diminuição do preço do suíno de R$ 0,10 por quilo. Enquanto o custo de produção é de R$ 3,00 o quilo, estamos recebendo pelo quilo do suíno em torno de R$ 2,00, R$ 2,20. E precisamos ver no mercado quanto o consumidor paga pelo quilo da carne suína ou pelo produto industrializado suíno.
Essa análise quanto à nossa agricultura precisa ser feita com urgência para que possamos dar segurança ao produtor. Santa Catarina ainda tem 150 mil famílias que vivem da agricultura. Se Santa Catarina é o quinto, o sexto estado produtor de leite, logo atrás de São Paulo, isso acontece porque no campo existem pessoas que fazem esse trabalho e não medem sacrifícios para isso. E no momento em que há produto e oferta, em que conseguimos respirar, ganhar alguma coisa com a produção, temos a abertura do mercado internacional, com os Estados Unidos mandando leite em pó para o Brasil. Lá o produtor recebe em torno de US$ 1 mil por ano por vaca alojada na sua propriedade, e os produtores americanos e europeus descarregam esse leite em países que não têm ainda uma proteção segura para a entrada de produtos que vêm de outros países. Isso acontece com a indústria têxtil, calçadista, cerâmica.
Se formos hoje ao comércio, é difícil ver uma loja que não tenha um produto oriundo da China. E isso vem em prejuízo da nossa produção agrícola e industrial. Eu entendo que nós precisamos criar não uma política de protecionismo, mas de proteção real para a produção brasileira. A agricultura é um setor que paga muito essa conta quando se abre as portas para a entrada de alho, maçã, cebola. Não há segurança sobre quais os produtos nós precisamos fazer câmbio com outros países.
Enfim, levantei essa questão do leite porque é um produto que deve estar na mesa de todas as pessoas, desde as mais jovens até as mais idosas. É um alimento necessário para todas as pessoas, como os demais alimentos, pois não existe vida se não nos alimentamos. E temo que a nossa agricultura que já está fragilizada fique ainda pior.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)