Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 013ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 04/03/2010
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Sr. presidente, vou dividir o tempo do PMDB com o deputado Adherbal Deba Cabral.
Srs. deputados, sras. deputadas, senhores da nossa imprensa e deputado Narcizo Parisotto, meu pai, Faustino Sopelsa, se estivesse vivo, estaria completando 88 anos. Vai fazer cinco anos no dia de 27 de abril que meu pai faleceu, portanto, daqui a pouco mais de um mês.
Estou falando isso porque ele, quando fui candidato, deputado Marcos Vieira, em 1982, deu-me algumas recomendações. No começo o meu pai não queria que eu fosse candidato, que eu fosse político. Ele era, na época, um militante do MDB. Ele ajudou a formar o MDB no município de Concórdia naqueles anos difíceis em que a Arena comandava. Em 1982, quando entrei na política para sair candidato a vereador, fazia 20 anos que a Arena e o PMDB comandavam a política no município de Concórdia.
Quando eu saí da convenção e cheguei à noite em casa, perto da meia-noite, ele me perguntou se eu era ou não candidato e eu lhe disse, alegre, que seria candidato a vereador porque na convenção o meu nome havia sido homologado. E ele me disse algumas coisas que servem bem, acredito, para os dias de hoje. Primeiramente ele me disse que iria me ajudar para que eu não perdesse a eleição, pois tinha que ganhar a eleição. Meu pai era uma pessoa que tinha um conhecimento muito forte da agricultura de Concórdia. Em segundo lugar, ele me disse que, depois de eleito, eu não iria mais viver para mim, para a minha família, viveria para a população e que teria que me dedicar a ela. Por fim, ele me disse mais uma coisa: que se eu mudasse de partido depois de eleito, teria que pedir autorização a todos os eleitores que votassem em mim. E naquela eleição fiz 908 votos para vereador no município de Concórdia.
Então, há que se notar que desde aquela época havia uma tendência para a fidelidade partidária. De lá para cá eu me elegi vereador, depois prefeito e estou no terceiro mandato de deputado.
Estou falando isso porque quero deixar registrado que o tempo, deputado Narcizo Parisotto, ajuda a secar as lágrimas, mas não diminui a saudade. A saudade dos nossos entes queridos, a saudade que tenho do meu pai não diminui, ela aumenta, deputada Ada De Luca.
Mas aquele dia em que o meu pai, Faustino Sopelsa, enfartou, dormiu e não acordou, deputado Antônio Aguiar, foi muito duro para nós. Hoje penso que Deus o chamou porque já era a sua hora. Ele era uma pessoa que ainda lia dois ou três jornais por dia, uma pessoa muito atuante, se tivesse que depender dos outros não iria gostar e por isso Deus o chamou. E no mês que vem, como eu disse, se ele estivesse vivo, estaria completando 88 anos.
Portanto, trago aqui, com muito prazer, a saudade que tenho dele, mas hoje estou muito agradecido por ele me ter encaminhado e ter-me pedido para que sempre fôssemos transparentes em nossas ações.
O Sr. Deputado Antônio Aguiar - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Pois não, deputado Antônio Aguiar.
O Sr. Deputado Antônio Aguiar - É verdade, nobre deputado! O assunto é pertinente porque morreu, em Canoinhas, o vice-presidente do partido. E o padre Marcelo, na sua conversa, disse uma coisa muito importante: que todos nós, em nossa vida, vamos sentir essa dor, a dor da perda de um ente querido. Há pessoas que ainda não sentiram, mas irão sentir essa dor. Todos nós vamos passar por essa fase. E eu, como médico ortopedista e deputado, também senti essa dor com a perda do meu filho, mas isso faz com que tenhamos também uma visão mais humana das pessoas, faz com que saibamos que não somos imortais e que o nosso dia também vai chegar.
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Está certo, deputado Antônio Aguiar, v.exa. sentiu de fato uma grande dor com a perda do seu filho.
Srs. deputados, nesse tempo que me resta, quero dizer que ouvi os deputados Décio Góes e Pedro Uczai, que é professor, falarem sobre educação. Eu acho, deputada Professora Odete de Jesus, que precisamos repensar a nossa educação em todos os níveis. Eu entendo que hoje, deputada Ada De Luca, v.exa. que é mãe, precisamos dar atenção para a educação da família. As coisas estão-se distanciando, não temos mais aquela educação que tínhamos antigamente.
Eu, que vim de uma comunidade do interior, deputada Ada De Luca, quando via um automóvel, uma Brasília, um Fusca, perguntava de quem era aquele automóvel e era da professora, do professor, pois o poder aquisitivo daquela época era diferente. Os alunos também tinham mais responsabilidade, pois em casa recebiam uma educação diferente.
Hoje, deputada Ada De Luca, quando vejo uma menina de 13, 14 anos dar à luz ao seu filho, chegando, às vezes, até a matá-lo; quando ficamos sabendo, através da imprensa, que um pai já estuprou a sua própria filha ou um avô a sua neta; quando analisamos a questão das drogas, através dos grandes veículos de comunicação; quando vejo o deputado Ismael dos Santos falar sobre alguns programas, parece-me que precisamos voltar àquele tempo do respeito em casa, da convivência melhor com a família.
Então, eu não tenho dúvida alguma de que precisamos voltar a pensar um pouco mais na educação familiar, um pouco mais na educação de casa.
A Sra. Deputada Ada De Luca - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Eu ouço v.exa., deputada, e depois cedo o restante do tempo ao deputado Adherbal Deba Cabral.
A Sra. Deputada Ada De Luca - Deputado Moacir Sopelsa, quando cheguei ao plenário v.exa. estava falando do seu pai e eu entendi perfeitamente as suas palavras, porque o meu pai era meu irmão, meu amigo, meu camarada, enfim, o melhor amigo que eu tive. Realmente é uma ferida que fica. Ela cicatriza, mas a cada lembrança volta a sangrar, porque a saudade é cada vez maior, como v.exa. falou.
Agora, voltando à educação, nós, políticos, temos a obrigação de resgatar os valores da família, porque também vemos barbaridades em países desenvolvidos. Precisamos resgatar isso e não fazer vistas grossas, não achar que isso é normal, que faz parte do cotidiano.
Então, é aquilo que v.exa. falou. Não é retroceder no tempo, não é aplicar as penas que havia antigamente, quando a criança apanhava com aquelas palmatórias. Não é isso! É a convivência, é o amor, é o diálogo. Os pais precisam ficar mais tempo com os filhos. Eles realmente estão precisando disso porque com esse afastamento há a deturpação dos valores, pois a criança é educada através do quê? De uma TV Globo, que ensina as maiores barbaridades em horários em que a minha neta de 8 anos terminantemente é proibida de assistir à televisão. E há brigas homéricas em casa porque ela quer ver, já que as amiguinhas veem. E o que ela diz? "Vó, eu pago mico"! Mas aquele programa não é para ela!
Então, temos que começar a exigir também que os meios de comunicação passem a dosar o que estão passando para as nossas crianças que serão os futuros jovens. Nos filmes liberados para alguns horários e nos próprios desenhos animados podemos ver a agressividade que há em vários deles, não em todos. Então, isso precisa acabar!
Parabéns por v.exa. ter dito essas palavras na tribuna da nossa Casa.
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Muito obrigado, deputada Ada De Luca, e incorporo o seu aparte ao meu pronunciamento.
Deixo a tribuna para que o deputado Adherbal Deba Cabral use o restante do tempo do PMDB.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)