Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 052ª SESSÃO ORDINARIA

Em 07/08/2001
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Sra. Presidente e Srs. Deputados, quero, no dia de hoje, ao fazer uso da palavra, dizer que algumas notícias nos alegram, principalmente nós que somos do Oeste de Santa Catarina.
Nós vimos hoje num pequeno recorte de jornal dizer que o Frigorífico Seara Alimentos instala em agosto o terceiro turno no abate de aves. E o faturamento mensal crescerá de 2,5 milhões de dólares para 4 milhões de dólares, somente com as exportações de frango.
A empresa está oferecendo 200 novas vagas de trabalho e as vagas femininas foram facilmente preenchidas. O problema está em encontrar homens com a qualificação necessária. E diz a notícia: e olha que a exigência é mínima - de escolaridade é apenas a 4a série.
O mesmo problema encontra a Sadia, em Concórdia, encontra a Perdigão, nas suas unidades. O Oeste de Santa Catarina, que tem na sua agricultura a dificuldade de permanência na sua atividade, quando tem uma oportunidade de trabalho, nós temos a dificuldade de uma qualificação um pouco melhor na nossa gente.
Eu digo que ao mesmo tempo em que me alegro, em que vejo as agroindústrias crescerem, as agroindústrias oferecerem mais oportunidade de trabalho, entristeço-me por dois motivos. E um deles é que nós precisamos criar, sem dúvida nenhuma, um programa de educação, quem sabe, diferenciado, com mais oportunidade para os Municípios do interior.
E ouvimos aqui ontem, quando nós discutíamos o confronto dos índios com os agricultores, que nos grandes centros as universidades, Srs. Deputados, estão mais próximas dos alunos, as universidades públicas estão mais próximas dos alunos dos grandes centros, enquanto nós temos, no interior dos nossos Municípios, esta dificuldade.
Eu sei que o tempo em que gostaria de ter não vou poder ter hoje, mas vou voltar a falar sobre esse assunto em outro dia, porque quando vejo o crescimento das agroindústrias, das agroindústrias competentes, das agroindústrias que têm um trabalho exemplar para o nosso País, e não só para o nosso Estado, que podem ser comparadas com as agroindústrias de primeiro mundo, também vejo, por outro lado, com tristeza, que na maioria das vezes os nossos produtores não têm o reconhecimento necessário que precisam ter.
Enquanto a agroindústria cresce, a agroindústria melhora o seu potencial, melhora o seu parque industrial, o nosso agricultor, muitas vezes, não consegue manter a sua propriedade, as suas instalações.
Não se tem, nos últimos anos, dado a condição ao nosso agricultor para que ele possa fazer um investimento na sua propriedade. E agora, nesses dias em que estivemos ausentes e que fomos, todos os Deputados, cada um com o seu compromisso, nas bases, pudemos ver também com tristeza esses agricultores que fazem esse trabalho, que dão essa possibilidade de crescimento à indústria, que colocam o nosso Estado como Estado de qualidade, de Primeiro Mundo na condição de produção de alimentos, não que sejamos contra a preservação do meio ambiente, mas temos às vezes esses agricultores fiscalizados pela Polícia Ambiental e sendo tratados pior do que são tratados os marginais.
Nós víamos esses dias um agricultor que tem no Município próximo a Videira vinte e cinco mil suínos, Deputado Nelson Goetten, e que foi por um derramamento de dejetos de animais, contra a vontade desse produtor, pego em flagrante pela Polícia Ambiental, levado para a delegacia, algemado e tratado como se fosse um traficante.
Queria deixar aqui registrado nesta Casa que vamos levar este problema para a Comissão de Agricultura, para que juntos possamos encontrar uma proposta que vá ao encontro desses produtores que, tenho certeza, querem a qualidade do meio ambiente, mas querem ter a oportunidade de poder continuar o seu trabalho e ter dentro do seu trabalho a possibilidade do sustento de uma qualidade melhor de vida para a sua família.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)