Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 006ª SESSÃO ORDINARIA

Em 28/02/2002
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, quero agradecer ao Deputado João Henrique Blasi, que usa o horário destinado ao nosso Partido, o PMDB.
Hoje, faço uso do horário destinado ao PMDB para levantar algumas questões da região da Amauc, especialmente daquelas Prefeituras governadas pelos Prefeitos do PMDB. Eu tive a oportunidade aqui, na terça-feira, de alertar o Governo do Estado sobre as notícias que estão veiculadas nos maiores veículos de comunicação do nosso Estado sobre os transgênicos, ou seja, cereais geneticamente modificados.
Tive a oportunidade também, em nome da CPI do Leite, de protocolar nesta Casa uma moção a ser enviada ao Sr. Presidente da República, ao Ministro da Agricultura, ao Ministro da Fazenda, ao Sr. Governador e ao Secretário da Agricultura do Estado de Santa Catarina, para podermos liberar as taxas da importação do leite e dos produtos derivados do leite.
Ouvia também no dia de ontem, na mesma linha, o Deputado Rogério Mendonça colocar essa preocupação.
Também naquela oportunidade teci elogios ao trabalho que é feito pelas Polícias Civil e Militar no Município de Concórdia. E digo isso porque tenho tido cautela e respeito pelas autoridades constituídas. Mas hoje, Deputado Joares Ponticelli, trago uma relação de oito Prefeituras governadas pelo PMDB na Amauc. E não quero ser visto apenas como um Deputado de Oposição que tece críticas, porque quando preciso elogiar as ações, tenho a dignidade de elogiá-las.
Tenho tido um respeito profundo pelo Governo do Estado e pelo Governador. Mas hoje todos os Prefeitos dos oitos Municípios pedem que tentemos buscar junto ao Governo do Estado auxílios, principalmente para atender aos nossos Municípios nesta época de estiagem por que passa o Oeste de Santa Catarina.
Hoje temos Municípios com rios que já não têm mais água. A situação é muito pior neste momento do que há 30 dias. E para que fique registrado quais são esses oito Municípios, vou citá-los: são eles os Municípios de Arabutã, de Alto Bela Vista, de Arvoredo, de Ipumirim, de Jaborá, de Itá, de Vargem Bonita e de Irani.
Até agora não conseguiram sequer um convênio com o Governo do Estado em quase quatro anos. Os Prefeitos não tiveram ainda sequer um auxílio do Governo do Estado nestes quatro anos em nenhum setor, a não ser no transporte escolar.
O Município de Irani é o único que teve R$80 mil para o auxílio e o incremento para divulgar o Contestado da nossa região.
Quero me referir, como exemplo aqui, ao Município de Jaborá, onde a eleição foi decidida pela idade do Prefeito. O Prefeito atual é do PMDB, a eleição foi empatada e ele ganhou pela idade. Citamos isso para dizer que lá naquele Município - e nos outros Municípios as diferenças foram poucas - 50% da população pertence aos Partidos que dão sustentação ao Governo e apenas 50% pertence ao Partido do Sr. Prefeito. E assim mesmo não tivemos a felicidade de ver implantado lá sequer um convênio ou um centavo do Governo do Estado.
Então, dessa forma que sempre me conduzi na minha vida, quero dizer ao Deputado Joares Ponticelli, que é Líder do Governo, que espero que isso que digo aqui sirva não como uma crítica, mas como um alerta para o Governo do Estado. E que ele possa estender, principalmente nesta hora difícil, quando se vê que os aviários estão sendo fechados, que as indústrias estão deixando de entregar os pintos, porque não se tem como transportar e como abastecer a água nesses aviários...
A suinocultura e a bovinocultura de leite também estão sofrendo. Nós vimos por esses dias, na televisão, o pranto de um produtor. Ele chorava porque a atividade principal da sua propriedade era o leite e ele não tinha como alimentar e nem como abastecer com água o seu rebanho.
Por isso, entendo que o Governo do Estado, o Governo Federal, os Prefeitos Municipais... E nós, Deputados Estaduais, temos um Partido Político para podermos buscar as nossas eleições para podermos cumprir com a lei eleitoral. Mas quando estamos no poder, temos o dever e a obrigação de trabalhar em defesa de todos aqueles que residem nos nossos Municípios, no nosso Estado e no nosso País.
Então, entendemos que precisamos, urgentemente, buscar uma política que seja duradoura, uma política com projetos que possa ir ao encontro das dificuldades por que passam os nossos Municípios.
Vimos quando o Governo Federal, através do seu Ministro, visitou o Oeste de Santa Catarina. E talvez com poucas informações, estendia aos produtores R$15,00 por família, comparando o Oeste de Santa Catarina com o Nordeste.
Não temos nada contra os nossos irmãos nordestinos. Mas o povo do Oeste de Santa Catarina é responsável pela produção de alimentos e pela maior produção de suínos e de frangos do País; é um povo que tem na sua origem o trabalho, o desenvolvimento e que tem nas suas raízes o progresso. E por isso precisam ser tratados de forma diferente e precisamos dar a essa gente os recursos necessários para manter e dar às suas famílias uma vida digna e justa e para poder continuar trabalhando no campo.
Nos últimos anos, a agricultura de Santa Catarina tem sido abandonada pelos seus produtores, que estão indo para os grandes centros. Eles, saindo da agricultura, do interior, estão criando mais problemas para as grandes capitais, para os grandes centros. E isso está acontecendo porque não temos a sensibilidade dos Governantes para verem que a agricultura é responsável por dar ao País mais saúde e mais educação.
Não posso entender que deixem isso acontecer, porque não há saúde se não temos alimentos, não há educação, se não temos alimentos.
Por isso, faço um apelo aqui. E acredito que os Governos Estadual e Federal terão a sensibilidade de olhar para o Oeste de Santa Catarina, de olhar para aqueles que são os responsáveis por colocar o alimento na mesa dos brasileiros e também na de outros países, já que Santa Catarina está se tornando o maior exportador de frango e de suínos.
Portanto, deixo aqui a minha indignação de ver que, às vezes, os Municípios são tratados pela sigla do Prefeito que o conduz e não pelas pessoas que lá residem.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)