Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 088ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 07/08/2012
O SR. PRESIDENTE (Deputado Reno Caramori) - Muito obrigado, deputado Kennedy Nunes.
Passaremos ao horário destinado aos Partidos Políticos. Hoje, terça-feira, o primeiro horário seria do PP, mas numa permuta do PP com o PMDB, pela benevolência do deputado Valmir Comin, será utilizado pelo deputado do PMDB, Moacir Sopelsa, nosso representante do rio Uruguai.
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Srs. deputados, sras. deputadas, imprensa.
Deputado Reno Caramori, v.exa. fez menção à grandeza do estado de Santa Catarina na questão da genética animal de bovinos de corte e de equinos. Realmente Santa Catarina tem em toda sua produção de animais, desde a suinocultura, a avicultura, a pecuária de leite, a pecuária de corte, a ovinocultura, a bovinocultura, a produção de equinos, se destacado perante o Brasil. Daí a importância da produção do nosso material genético.
E isso nós devemos, deputado Reno Caramori, sem dúvida nenhuma, àqueles que desbravaram o estado de Santa Catarina, aos pioneiros que começaram a fazer esse material genético, e muitos já partiram, mas deixaram um legado que nos deixa honrados, orgulhosos dessas pessoas que iniciaram essa atividade no nosso estado.
O deputado Kennedy Nunes também levanta um dos problemas que sentimos com relação à carne por diversas vezes, uma vez que nos últimos dez anos tivemos sete anos com estiagem, ou seja, em 70% desse tempo a nossa produção ficou comprometida pela falta de chuva.
O meu avô, deputado Reno Caramori, veio criança da Itália, em 1928, e eu tive oportunidade de ver agora, não faz muitos dias, na cidade de Nova Bréscia, uma casa que eles construíram em 1932, e no porão desta casa havia uma cisterna, eles guardavam a água da chuva para se garantir, e diziam eles que era uma água de muita qualidade, que era uma água muito limpa.
Então, temos que trazer de volta, em algumas situações, deputados Jailson Lima e Neodi Saretta, esse costume que os nossos velhos, que vieram da Europa e que fizeram o desenvolvimento dos nossos estados, trouxeram como uma tradição. É muito importante essa questão de guardar água.
Mas o que me traz à tribuna no dia de hoje é falar um pouco do nosso agronegócio, principalmente, deputado Reno Caramori, das nossas agroindústrias. Tivemos nos últimos anos uma queda muito forte no número de produtores de suínos, deputado Valmir Comin, em Santa Catarina muitos abandonaram a atividade, não conseguiram se sustentar nesta atividade. E nós ainda estamos numa crise, começando a sair, mas ainda estamos pagando, porque o custo de produção ainda é mais alto do que o preço que recebemos por um suíno.
Mas eu falava, e v.exa. estava no aniversário da Fecoagro, sexta-feira passada, e pudemos ouvir dos dirigentes das cooperativas, do dr. Mário Lanznaster, presidente da Aurora, do dr. Marcos Jordan, presidente da Ocesc, dos presidentes das cooperativas que estavam lá as mesmas perguntas: O que está acontecendo com o agronegócio? O que está acontecendo com a produção de suínos, com a produção de aves, e com a produção de leite em Santa Catarina?
Nós produzimos em Santa Catarina, deputado Reno Caramori, uma média de 3,4 milhões toneladas de milho, e temos um consumo em torno de 5,1 milhões toneladas, compramos em média de 1,7 milhão toneladas de outros estados. E este ano a seca dos primeiros meses causou um déficit ainda maior, vamos precisar importar em torno de dois milhões de sacas de milho. A saca de milho aqui em Santa Catarina está custando R$ 33,00 e R$ 35,00. Produzimos 1,5 milhão toneladas de soja e consumimos cerca de 1,1 milhão toneladas. Somos autossuficientes em produção de soja. Isto não quer dizer que não tenhamos que importar de outros estados, porque nós exportamos soja para o mundo todo. A média histórica da saca de soja no Brasil nos últimos dez anos era de R$ 34,00 a saca. Este ano, deputado Reno Caramori, a saca de soja está custando R$ 60,00, quase o dobro, e na última semana tivemos a venda para futuro de R$ 84,00 a saca de soja, deputado Nilson Gonçalves.
Então, trago essa discussão para o Plenário desta Casa para dizer que perdemos, como falei anteriormente, muitos produtores independentes, que deixaram as suas atividades. E se não construirmos uma política agrícola brasileira as nossas indústrias irão embora de Santa Catarina. Inclusive há rumores por parte de muitas delas que passam por dificuldades de que poderão, nos próximos dias, fechar.
Se perdermos os produtores, vamos acabar perdendo também as indústrias e ficaremos em uma situação, principalmente o oeste de nosso estado, muito difícil. Por quê? Porque nós, infelizmente - e não estou fazendo nenhuma menção a quem governa hoje o país ou a quem governa o estado hoje -, nos últimos 30 anos, na história do Brasil, ainda não construímos uma política para a nossa agricultura.
No estado de Santa Catarina o milho e a soja, por exemplo, representam 82% do custo da produção de aves e de suínos. E quero fazer uma menção ao trabalho do deputado Pedro Uczai, que trabalha firme, que está junto, como os deputados do oeste também, com relação à questão de construir, deputado Valmir Comin, uma ferrovia que venha beneficiar Santa Catarina, a fim de podermos nos abastecer desse produto, para viabilizar a importância da indústria, do agronegócio do frango, do suíno e do leite em nosso estado.
É importante que haja uma medida que regulamente as exportações. Ninguém é contra que o produtor de soja, que o produtor de milho ganhe o seu dinheiro. Eu sou contra que as porteiras fiquem abertas para a exportação do milho, da soja para os americanos, para os japoneses, para os chineses, para os russos produzirem carne, pois isso pode prejudicar a nossa produção, a nossa indústria.
Quando falo que as indústrias podem se mudar do estado, quero dizer que me preocupo com o consumidor, deputado Valmir Comin. Se os preços dos produtos estiverem nessas cotações de hoje, o frango não será mais a comida da cesta básica das pessoas que ganham menos, das pessoas menos favorecidas, muito menos os suínos. E, se formos verificar, o frango e o suíno contribuíram muito em todos os planos econômicos de nosso país.
O Sr. Deputado Valmir Comin - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Pois não!
O Sr. Deputado Valmir Comin - Deputado Moacir Sopelsa, quero parabenizá-lo pelo tema abordado e fazer aqui uma referência: hoje, em Santa Catarina, quem detém o maior polo concentrado de produção de suíno do estado é Braço do Norte, onde há praticamente 10% da suinocultura catarinense, sendo que há, aproximadamente, em todo o estado de Santa Catarina 10 milhões de suínos. Isso representa basicamente 7.5% do PIB - Produto Interno Bruto de Santa Catarina -, sem contar com a avicultura, com a bovinocultura e tantos outros itens da cadeia produtiva do agronegócio catarinense.
É preciso que haja uma política com propósito específico por parte do governo federal, integrado com o governo estadual e com os municípios. O sistema modal e intermodal de Santa Catarina e do Brasil é totalmente equivocado, num país com a nossa dimensão continental seria uma das maneiras para baratear o Custo Brasil e, consequentemente, potencializar a capacidade de produção das empresas catarinenses e nacionais.
Por esta razão esse tema é extremamente importante. Acho que temos que parar de exportar commodities e trazer o valor agregado para o nosso estado e para o nosso país, mas isso somente se faz com uma política firme, não somente através da tecnologia, mas através de investimentos, de subsídios de políticas com propósito específico para o setor.
O agronegócio é, com certeza, a grande riqueza deste país, mas necessita ser acompanhado com mais precisão por parte dos governos. Parabenizo v.exa. pelo tema abordado.
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Obrigado, deputado Valmir Comin. Com certeza suas palavras reforçam ainda mais aquilo que pensamos sobre o agronegócio no estado de Santa Catarina.
Como v.exa. bem disse, fomos um dos maiores produtores de frango, hoje já não somos mais, perdemos para o Paraná. Somos o estado que mais produz suínos, mas não somos o maior exportador nem de suínos nem de aves, estamos perdendo espaço para outros estados, pois não temos logística.
Ao invés de exportarmos os nossos cereais, vamos fazer deles carnes industrializadas e vender com valor agregado.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)