Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 018ª SESSÃO ORDINARIA

Em 04/04/2001
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, na verdade não estava previsto para eu falar neste horário, mas aqui estou porque quero trazer alguns esclarecimentos de uma reunião que tivemos hoje pela manhã na Secretaria da Agricultura.
Lá estavam presentes o Secretário da Agricultura, técnicos da Secretaria da Agricultura de todo o Estado catarinense, representantes de sindicatos da indústria de carnes, representantes de algumas associações de produtores.
O assunto em pauta foi um tema em que coloca a sociedade catarinense em todos os setores, seja do empresário, da indústria, do agrícola, sobre o risco que corre o Estado de Santa Catarina no que diz respeito a febre aftosa que se espalha pelo mundo nos últimos dias. Foi o assunto principal.
As ponderações feitas por todos os técnicos pelo trabalho desenvolvido nos últimos, quem sabe, trinta anos, através das entidades públicas, através dos nossos técnicos, tanto em nível de Estado, em nível de Governo Federal e em nível de Municípios, mas também com a participação principal dos nossos produtores...
Tiradas algumas conclusões nota-se de parte dos nossos técnicos, de parte dos representantes das entidades ligadas à produção, que nós precisamos realmente pensar com segurança e com os pés no chão.
Quando vemos o vizinho Estado do Rio Grande do Sul, que há alguns meses teve a infelicidade de ter o vírus da febre aftosa no seu Estado e que hoje pensa em voltar a vacinar o seu rebanho...
Nós somos reconhecidos pela Unidade Comum Européia como Estado livre da febre Aftosa, junto com o Estado do Rio Grande do Sul. Se o Estado do Rio Grande do Sul passar a vacinar o seu rebanho, com certeza Santa Catarina terá dificuldades de manter esse status de Estado livre de febre aftosa com vacinação, e a partir do ano que vem Estado livre de febre aftosa sem vacinação.
Mas também precisamos, Deputado Ivo Konell, ter a consciência de que se não tivermos condições de dar segurança máxima aos nossos produtores... E agora há pouco fui informado pelo Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos em Concórdia, que está reunido com o setor de produção de suínos, de que eles temem, sem dúvida nenhuma, a descoberta de que nós estamos há quase um ano sem vacinação e que é aquilo que nós queríamos e que o Estado precisa para conquistar o mercado que estamos conquistando. E vimos em todos os jornais destaques nos últimos dias darem ao Estado de Santa Catarina a conquista do mercado internacional no produto de carnes, especialmente de carne de suínos e de carne de bovinos.
Mas o que queremos desta tribuna é dizer que nós, como Deputados Estaduais, como produtores, como agricultores, precisamos encontrar aquilo que é melhor para todos nós. Precisamos deixar as vestes políticas, deixar as paixões às vezes técnicas, às vezes profissionais, por parte dos políticos, por parte dos técnicos e por parte dos produtores, e sentar com o vizinho Estado do Rio Grande do Sul, com o vizinho Estado do Paraná e pedirmos o apoio do país vizinho da Argentina, para que juntos possamos proteger de uma forma segura os nossos produtores.
A decisão de hoje de manhã de por o Estado de Santa Catarina permanecer sem vacinação precisa ser vigiada, precisa estar segura e precisa haver a conscientização de todos nós e, especialmente, dos nossos produtores, porque se houver qualquer imaginação, se houver qualquer denúncia ou qualquer intenção de que haja a doença no nosso Estado, é preciso que ela seja imediatamente denunciada para se tomar as devidas providências.
O Sr. Deputado Gelson Sorgato - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Pois não! V.Exa. deve aprofundar o assunto, pois foi Secretário de Agricultura do nosso Estado e é uma pessoa que conhece a atividade, e tenho certeza de que haverá de nos ajudar a encontrar a melhor solução para esse problema.
O Sr. Deputado Gelson Sorgato - V.Exa. levanta um assunto muito importante, que é sobre a ponderação do Estado do Rio Grande do Sul e do Paraná e, ainda, o pronunciamento do Ministro Pratini de Moraes referente a essa questão da febre aftosa, que atinge tantos países europeus, como ainda a questão da vaca louca.
Temos que dizer que o País que havia denunciado que no Brasil havia a questão da febre aftosa, o Canadá, ele foi classificado como classe "2". Na escala das classes "1", "2"... o Brasil foi classificado como "1" para exportação de carnes, sem contaminação da febre aftosa.
Então, eu acredito que o Ministério da Agricultura deva ser chamado no nosso Estado, como também no Rio Grande do Sul, para uma discussão aprofundada.
Como estourou a questão da febre aftosa no Município de Jóia, há tempo, no Rio Grande do Sul, mantenha o seu Estado isento de febre aftosa com vacinação. Agora, nós, do Estado de Santa Catarina, defendemos - é lógico que há uma preocupação se chegar essa doença em carnes de contrabando em nosso Estado - a idéia de ter o status de Estado livre de febre aftosa, podendo exportar a nossa produção de aves, suínos e bovinos para o mundo, porque lutamos muito, todos os governos investiram muito dinheiro. E é agora que as agroindústrias, o produtores terão um pouco de ganho. Por isso não podemos perder o status.
Na medida em que o Estado de Santa Catarina aceita a vacinação, livre, mas com vacinação, nós também vamos entrar em dúvida - que temos rebanho contaminados - e, com certeza, quem sabe não comprarão a nossa produção de carne.
Por isso o assunto é pertinente e temos que debater nesta Casa. Quem sabe a Comissão de Agricultura da Assembléia levará a decisão em conjunto da Assembléia Legislativa, do Governo e de
todas as agroindústrias, dos produtores, porque sabemos que essa reunião aconteceu, mas o aval desta Casa será de suma importância, porque depois que as coisas acontecem virão à tona. E esta Casa, com certeza, irá debater profundamente esse assunto.
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Agradeço o seu aparte, Deputado Gelson Sorgato.
Eu devo dizer que na próxima semana devo me pronunciar sobre esse assunto.
Quero deixar o resto do tempo do nosso Partido ao Deputado Ronaldo Benedet.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)