Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 042ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 18/05/2011
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Srs. deputados e sras. deputadas, na semana que passou trouxe à tribuna desta Casa a questão da agricultura de Santa Catarina. Deputado Volnei Morastoni, v.exa sabe da situação, embora seja médico, bem como todos os demais parlamentares têm conhecimento.
Deputado Ismael dos Santos, trago um assunto que não é menos importante do que a produção de leite, que abordei na semana passada. Hoje, quero falar da suinocultura, pois se está realizando mais uma AveSui. A revista Gessuli há alguns anos realiza esse evento, reconhecendo, deputado Darci de Matos, a força que tem o agronegócio em Santa Catarina.
Pois bem. Visitando a AveSui deparamo-nos, deputado Neodi Saretta, com uma situação muito difícil, uma crise que tira a cada ano que passa mais pessoas da atividade. Com essa crise, há menos pessoas ainda na suinocultura, embora a maior contribuição ao PIB de Santa Catarina esteja nas exportações de carne. A exportação de carne suína e de aves dá à nossa balança estadual o maior índice, o maior valor de exportação.
Os dados que trago foram disponibilizados pela Associação Catarinense de Criadores de Suínos, porque Santa Catarina conta, atualmente, com 420 mil associados. Deputada Ana Paula Lima, v.exa. é de Blumenau, cidade em que se consome muito joelho de porco, eu gostaria que consumissem mais carne suína.
Temos ainda 420 mil matrizes no estado e produzimos, sras. deputadas e srs. deputados, 6,2 milhões de cabeças por ano, segundo o presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi. Esses dados mostram a importância que tem a suinocultura em Santa Catarina. Produzimos em torno de 2,5 milhões de toneladas de milho. E o milho e a soja são as principais matérias-primas para a produção de suínos, aves e leite. Consumimos mais de 4,8 milhões toneladas. Portanto, há um déficit na produção de milho de aproximadamente dois milhões de toneladas.
O deputado Romildo Titon é da região de Campos Novos, que produz muito milho. Hoje o milho está num preço que agrada o produtor, de R$ 29,00 a R$ 30,00 a saca. Mas, por outro lado, como disse, a matéria-prima principal na produção de suínos são o milho e a soja, e o preço do suíno varia entre R$ 2,10 e R$ 2,00 o quilo.
A Embrapa, órgão do governo, tem contribuído muito na questão da suinocultura, da avicultura, da produção de leite no estado de Santa Catarina e no Brasil. Os seus dados oficiais mostram que o quilo do suíno produzido em Santa Catarina custa R$ 2,65. Quer dizer que, para o produtor, há um prejuízo de R$ 50,00 a R$ 60,00 por animal produzido.
Como disse no início da minha fala, Santa Catarina produz 6,2 milhões de suínos. Multiplique-se e ver-se-á o prejuízo, deputado Onofre Santo Agostini, que recai sobre os que trabalham no campo. Por outro lado, produzimos, aproximadamente, 700 mil toneladas, sendo que dessas, 200 mil toneladas são destinadas à exportação.
Pergunto: quanto ganha o produtor de suínos? Ele vende a carne por R$ 2,10 o quilo. E o consumidor, no mercado, paga por um quilo de carne suína, carne in natura, entre R$ 8,00 e R$ 14,00. Se formos comprar no supermercado presunto fatiado, pagaremos entre R$ 80,00 e R$ 100,00 o quilo e se pegarmos outros produtos, como salame, pagaremos de R$ 28,00 a R$ 30,00 o quilo.
Então, entre o preço que o produtor recebe e aquele que o consumidor paga, há uma diferença muito grande, uma diferença que faz com que aqueles que precisam consumir se sintam impossibilitados e aqueles que precisam produzir tenham que abandonar a atividade porque não conseguem sustentar sua família. Essa é a situação da agricultura brasileira!
Enfim, para os produtores parece que é proibido ter lucro. Dificilmente há uma atividade que possamos dizer que é rentável, que dá lucro. Por isso é que das 250 mil famílias que viviam na agricultura em Santa Catarina, há menos de 20 anos, hoje são apenas 150 mil e se não tomarmos providências, teremos somente 100 mil famílias e, quem sabe, menos que 100 mil. Com isso, vamos continuar vendo as periferias das cidades crescendo, o povo saindo do campo sem ter o que fazer, morando na cidade, às vezes com um nível de vida abaixo do anterior.
Aproveitando os últimos minutos que me restam, quero deixar registrado que tive a oportunidade de estar hoje com o secretário da Fazenda, Ubiratã Rezende. Tenho o maior respeito pelos professores, por essa classe que convive com os nossos filhos grande parte do tempo de suas vidas. O professor, aprendi quando criança e ia para a escola, é aquele que ajuda, juntamente com os nossos pais, na educação dos nossos filhos. Mas ele está passando por uma situação, deputado Manoel Mota, muito difícil.
Sou de uma época em que o professor, no interior, ia trabalhar na escola com um Fusca, com uma Brasília, que eram os carros daquela época. A maioria desses carros era dos professores. Contudo, o professor, hoje, com um salário de R$ 1.200,00, não consegue nem sustentar a sua família.
Sei que a situação é difícil também para quem tem que buscar os recursos para pagar o piso. Mas às vezes temos que sacrificar alguns investimentos para fazer justiça aos professores, àqueles que têm a responsabilidade de ensinar, de fazer com que tenhamos um país mais culto, mais esclarecido e com melhores condições.
O Sr. Deputado Darci de Matos - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Pois não!
O Sr. Deputado Darci de Matos - Muito obrigado, deputado Moacir Sopelsa, quero reforçar as suas palavras, pois a profissão de professor é sagrada, é difícil e todos temos que reconhecer e valorizar essa atividade em Santa Catarina.
O governador Raimundo Colombo, que iniciou sua administração há poucos meses, tem o maior respeito e o maior carinho por essa classe e vai cumprir com a Lei Maior e pagar o piso salarial do Magistério. Ontem conversei com o secretário da Educação, Marco Tebaldi, no sentido de evoluirmos nas conversações a esse respeito, a fim de evitarmos a greve, porque ela é ruim para os professores, para a comunidade e para o governo. Ninguém ganha com a greve, mas a comunidade é a que mais perde.
Portanto, tenho a convicção de que estamos num estado maduro, evoluído e haveremos de chegar a um consenso, valorizando o professor e concedendo-lhe um reajuste que o estado possa suportar. Acredito nesse entendimento para o bem dos professores, para o bem do governo e, sobretudo, para o bem de Santa Catarina.
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Muito obrigado, deputado Darci de Matos, pelo seu aparte.
Para finalizar, quero dizer que tenho absoluta certeza, deputada Luciane Carminatti, v.exa. que está prestando atenção ao que estamos falando, pois é uma grande defensora da educação, que não há deputado da Situação ou da Oposição que não reconheça que R$ 1.200,00 é um salário muito pequeno para um professor. Mas também temos que deixar registrado o empenho do secretário da Fazenda, o empenho do governador e do vice-governador, deputado Manoel Mota, para solucionar esse problema, porque a greve não é boa para ninguém, nem para o professor.
Então, precisamos juntar-nos para buscar uma solução para essa questão. O governador Raimundo Colombo, o vice-governador Eduardo Pinho Moreira e nós, deputados, precisamos dar um final feliz a essa novela, para que as coisas possam caminhar da forma que todos desejam, especialmente para os professores, no sentido de que alcancem os seus objetivos.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)