Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 079ª SESSÃO ORDINARIA

Em 17/08/1999
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, gostaria que estivessem no Plenário todos os Deputados para ouvir o que tenho a dizer, mas, infelizmente, não estão, em virtude de uma reunião com a Presidência.
Nos últimos dias, tanto na Assembléia Legislativa como nas nossas regiões, nos Municípios em que passamos, o assunto principal é o Banco do Estado de Santa Catarina.
Na sexta-feira passada, Deputado Milton Sander, estive no pequeno Município da região da Amauc, Peritiba, que completou 36 anos de emancipação político-administrativa, e falei com um dos seus primeiros Prefeitos, o Sr. Anildo Simon, que me disse com muito orgulho que teria sido ele o Prefeito a levar uma agência do Besc e um hospital para lá, fazendo com que o Município progredisse, mas que agora, dizia ele com muita tristeza, ouvia comentários de que o Banco de um momento para outro poderia ser liqüidado.
A imprensa coloca que por causa de alguns favorecimentos em Capinzal, Joaçaba, Campos Novos, Florianópolis, Brusque, Itajaí o Banco poderá ser federalizado ou liqüidado.
Eu pedi a um jornalista conceituado que publicasse o nome das pessoas que foram beneficiadas, até porque sou um dos primeiros clientes do Banco do Estado de Santa Catarina em Concórdia. A minha Conta é a de nº 5.407. Hoje, tenho uma conta no posto da Assembléia com o número cento e trinta mil não sei o quê. Parece que o Banco tem mais de 130 mil contas.
Victor Fontana, que não é filho de Concórdia, mas que trabalhou muito para o seu progresso, disse que o Banco tem um prejuízo de R$8 milhões por mês, que o Banco tem 11 gerentes na agência da Trindade e que a agência administrativa de Florianópolis tem mais de 800 funcionários.
Mas quero, Deputado Milton Sander, independentementede Partido Político, questionar se é verdade que houve favorecimentos no Governo anterior.
Pergunto a este Governo e à Diretoria do Besc, que têm a responsabilidade, como nós aqui na Assembléia Legislativa temos, de defender o patrimônio do nosso Estado, o que foi feito nesses quase nove meses para diminuir o prejuízo do Banco, para diminuir o número de gerentes da agência da Trindade, para diminuir os mais de 800 funcionários que estão na administração central.
O último balanço publicado nos jornais que me lembro foi que o Banco tinha dado naquele ano R$26 milhões de lucro.
Ouvi também o Presidente do Besc dizer que no início do ano o Banco tinha uma poupança de mais de R$800 milhões e que hoje passou para R$80 milhões, mas hoje me questiono se tem ainda R$50.
Srs. Deputados, quando o Deputado Heitor Sché propôs a criação de uma CPI do Besc, fui o primeiro a assinar. Fiz isso porque acho justo que se levante os nomes dos culpados pela situação difícil por que passa o Banco. Mas a CPI ainda não foi instalada, porque não foi definida a quantia de Deputados e de Partidos participantes.
Não podemos compactuar com a Diretoria do Banco e com o Governo do Estado, que estão deixando o patrimônio que os catarinenses construíram com sacrifício ir embora.
Quero dizer que como cliente do Banco fiz muitas operações, e muitas vezes até me desfiz de algum patrimônio para poder pagar os juros, para poder cumprir com o meu compromisso. Tenho uma casa em Concórdia financiada pelo Besc. Financiei R$50 mil, já paguei R$48 mil em prestações de R$1.030 mil, mas ainda tenho 11 anos de prazo para pagar, perfazendo um montante de mais de R$100 mil. Portanto, se todos cumprissem com o seu dever, assim como eu cumpro, o Banco não estaria tão mal.
Por isso, nós, os Deputados, não vamos beneficiar aqueles que se aproveitaram do patrimônio do nosso Banco.
Vou votar contra a federalização do Banco enquanto não souber quem são as pessoas que se beneficiaram, deixando o Banco na dificuldade que está.
Reconheço as dificuldades que têm os cinco mil funcionários do Banco, que poderão amanhã perder o emprego, mas tenho também a consciência e o dever de defender um patrimônio que os quase cinco milhões de catarinenses trabalharam para que pudesse existir.
Deixo aqui o meu sentimento de protesto, o sentimento de uma pessoa que ainda não consegue ver as coisas do Estado, do País, do Município andarem com clareza, com gestos...
(Discurso interrompido por término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)