Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 090ª SESSÃO ORDINARIA

Em 02/09/1999
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, assomo à tribuna nesta manhã primeiramente para cumprimentar o Presidente da nossa Casa, todos os funcionários e os Colegas Deputados pela bela apresentação daquilo que, quem sabe, muitos não conheciam ou conheciam muito pouco, como este Deputado: a Guerra do Contestado.
Encaminho nesta manhã, em forma de ofício, os cumprimentos também a todos aqueles que trouxeram conhecimento, especialmente ao professor Vicente Telles, pessoa que muito sabe a respeito da história da Guerra do Contestado.
Ficamos sensibilizados, Srs. Deputados, pelo sofrimento dos caboclos naquela época. Os estrangeiros vieram para cá para sacrificar, escravizar, matar os caboclos, os brasileiros. E agora, quase cem anos depois, vejo com muita tristeza que o Brasil inteiro está sendo massacrado por empresas estrangeiras.
Há pouco, o Deputado Heitor Sché, com muito conhecimento, falou sobre a segurança do nosso Estado, que, podemos dizer, é ainda uma das melhores do País. Pelo que lemos nos jornais, pelo que vemos na televisão, chegamos à conclusão de que precisamos criar prisões para o povo e não para os bandidos.
Os brasileiros estão sendo massacrados pelos estrangeiros. Os nossos agricultores estão abandonando o campo, os filhos dos mais humildes não podem freqüentar a escola, os microempresários estão fechando as portas.
O Governo está escancarando as portas do nosso País para o capital estrangeiro, enquanto as nossas pequenas empresas estão sendo liquidadas.
Muitos Deputados fazem aqui pronunciamentos quase todos os dias em favor da nossa agricultura. Quem garante que não é o FMI que não permite que o Governo Federal cumpra o seu compromisso, que faça os investimentos necessários também na agricultura?! Não posso acreditar que o Governo de um País como o nosso não se sensibilize, não faça investimentos necessários para que este País possa ser o maior produtor de alimentos do mundo!
Ontem à noite, quando ouvi a história da Guerra do Contestado, fiquei convencido de que passamos agora por uma guerra em todo o País, que é comandada não pelo nosso Presidente mas pelo FMI.
Estamos vendo o Governo Central vender todas as nossas empresas. Esperávamos que desse algum resultado, mas esse resultado não aparece.
Não bastando comprometer o patrimônio da União, este Governo começa a mandar em cima do patrimônio dos Estados. Aqui em Santa Catarina começou pelo Banco do Estado de Santa Catarina. E ontem, Srs. Deputados, ao ouvir o ex-Presidente do Besc no seu depoimento à CPI, ficamos convencidos ainda mais de que o compromisso de vender o patrimônio público dos Estados é do Governo Federal. Para que os Estados recebam apoio desse Governo, precisam também dilapidar o seu patrimônio.
Não aceito isso de forma alguma. Estou convencido de que a atual diretoria desse Banco, nesses oito meses, estava sendo preparada para federalizar o Besc.
O ex-Presidente do Besc, com muita firmeza, com base, com conhecimento, disse que o Banco, no dia 31 de dezembro, era um Banco sólido, era o Banco que tinha a melhor Carteira entre todos os bancos do Estado de Santa Catarina, mas em apenas oito meses de Governo a atual diretoria diz que precisa ser federalizado porque não tem condições de sobreviver.
Isso nos deixa triste, aborrecidos. Com toda certeza, se não nos conscientizarmos de que o País está sendo vendido, que o patrimônio do País está sendo dilapidado por causa de imposições do FMI... Amanhã ou depois será a Celesc, a Casan, etc. Isso no nosso Estado, e naqueles que dependem da União, certamente será a Caixa Econômica, quem sabe o Banco do Brasil e a Petrobrás.
Pergunto-me o que fizeram, todos esses anos, com os investimentos feitos pelo povo brasileiro e que o Governo, agora, para cumprir o compromisso com o FMI, coloca à venda? E vamos ver o País cada vez mais pobre e sem solução.
E eu perguntava: onde está a solução para a nossa agricultura?! Se se tem dinheiro para realizar coisas que não são do interesse da maioria, como é que não se tem recursos para o nosso agricultor?!
Sr. Presidente e Srs. Deputados, é triste e lamentável observamos a maneira de agir de cada Deputado nesta Casa - respeitando a opinião de cada um na condução das votações -, mas precisamos nos conscientizar de que, independentementede Partido Político ou de interesse próprio, temos que defender os interesse de todos. E é por isso que a sociedade catarinense nos deu a oportunidade, o prazer e a responsabilidade de termos este mandato de quatro anos.
Quero, Sr. Presidente, aproveitar a oportunidade para cumprimentar o assessor da Secretaria da Saúde do Município de Videira, Sr. Laércio, e as suas colegas, que visitam hoje Florianópolis e que vêm sempre a serviço, trazendo, infelizmente, pacientes do interior do nosso Estado que buscam o atendimento e o tratamento de saúde aqui na Capital.
Desejamos que essas viagens futuramente sejam reduzidas, pois são viagens aborrecidas, que acontecem porque há uma necessidade e há um paciente.
Muito obrigado!
(COM REVISÃO DO ORADOR)