Pronunciamento

Maurício Eskudlark - 029ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 10/04/2012
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Sr. presidente e srs. deputados, hoje o assunto mais tratado nesta Casa é a questão da segurança pública. Eu, com os meus 30 anos de carreira policial, não poderia furtar-me de debater esse assunto que vejo como muito importante para a sociedade catarinense.
Primeiramente, quero ratificar tudo o que já disse de forma escrita e falada a respeito do delegado Cláudio Monteiro, que é um profissional íntegro e um grande policial. Tenho certeza de que sua família sentiu muito quando ele esteve longe participando de muitas operações. Inclusive, não houve pagamento de diária a nenhum policial. Então, ele é um policial competente, dedicado e respeitado pelos seus colegas, pela sua forma firme de conduzir as investigações, mas também pelo companheiro e parceiro que é, porque é muito fácil julgar um policial que fica atrás de uma mesa, no ar-condicionado, sem participar do confronto, do risco de vida e da importância de uma operação na madrugada.
Portanto, lá dentro do convívio policial existe muito mais do que uma relação profissional: existe uma relação de família, de sangue e de respeito, com um arriscando a vida pelo outro. E o delegado Cláudio Monteiro, como quase toda a equipe da Segurança em nosso estado, tem essa relação. Nós sabemos da importância da união, do trabalho e de ter companheiros com os quais se pode contar na hora em que mais se precisa.
Ele sempre conduziu o Deic de forma transparente. Como disse um policial ao falar sobre uma investigação que estava sendo realizada, na qual apareceu o nome de um figurão, ao relatar o problema ao delgado Cláudio Monteiro, ele disse na gíria policial: "Toca o pau". Nem quis saber quem era e o que havia feito, mas se estava errado, tinha que investigar. Isso demonstra o caráter, a determinação, a vontade de trabalhar sem perguntar a quem iria atingir, sempre visando à defesa do estado.
Por isso, entendo que o momento foi inoportuno. Se queriam substituí-lo - e têm esse direito, deputado Jailson Lima -, que o chamassem e fizessem-no com dignidade, perguntando-lhe onde queria trabalhar. Se não definissem dessa forma, ele tem a sua lotação definida em lei e poder-se-ia fazer a troca sem a necessidade de exposição da pessoa, porque o servidor público é um trabalhador que tem família, tem colegas e tem admiração das pessoas.
Assim, entendo que o momento foi inoportuno, pois quando ele deu a declaração firme na direção do combate ao crime, dizendo que se a marginalidade viesse a Santa Catarina seria repelida com o rigor necessário, ele usou outras palavras: "Se vierem para o confronto, vão morrer!" Ele disse isso no calor do momento, no calor das prisões, depois de uma noite de trabalho. Então, entendo que o momento foi inoportuno, pois trouxe constrangimento a esse policial, a sua família. Como disse no início, quantos trabalhos e quantas noites ele trabalhou sem diária. Essa história da diária ele tem que responder, mas não em público, não sendo escrachado e condenado antecipadamente. Ele é um grande profissional que poderia, sim, ter sido substituído, ter sido mandado para outro local. Nós, profissionais da Segurança, estamos lá para trabalhar.
Há 60 dias o governo do estado assinou com 30 prefeituras, deputado Nilson Gonçalves, os convênios para a implantação das câmeras de segurança. Pelo que sei em nenhum município ainda foram instaladas. Há tantas ações são importantes a ser realizadas, mas entendo que o mais importante é tratar com respeito, com dignidade especialmente o policial civil, que tem sido, de forma geral, o mais atingido nessas questões da Segurança Pública.
O Sr. Deputado Jailson Lima - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Com satisfação, ouço o deputado Jailson Lima.
O Sr. Deputado Jailson Lima - Inicialmente, quero parabenizar v.exa. pelo seu pronunciamento, porque o delegado que está sendo escrachado publicamente pelo governo é um profissional de boa índole. Tenho uma cunhada que é delegada em Rio do Sul, conheço um comissário que é nosso vereador e ambos teceram elogios ao trabalho do delegado Cláudio Monteiro. Porque não apenas ele, mas também a sua família foi atingida por não lhe permitirem o direito de resposta.
Sei que v.exa. é um deputado da base do governo e do partido dele. Secretário nomeia, mas quem coloca no cargo é o governador, assim como foi ele quem retirou. Esse delegado reconheceu o equívoco administrativo com as diárias, mas não podem tirar da sua vida, da sua história profissional todo o seu bom desempenho, que foi enaltecido em todos os jornais e nas redes sociais. Ele apenas quer ter o direito de defesa. O que mais se destacou é que a causa foram as diárias. Quantas vezes um deputado vai a Brasília, recebe a diária, não fica todo o período e quando volta, devolve. Isso já aconteceu comigo e com outros parlamentares, assim como já ocorreu de eu programar uma viagem, mas em função de um problema aéreo ela não acontecer e eu estornar as diárias.
Hoje mesmo, na coluna do jornalista Moacir Pereira, foi publicada uma matéria assinada por um segundo-tenente, se não me engano, da Polícia Militar, enaltecendo o papel do delegado Cláudio Monteiro. E não lhe permitem o direito de defesa, simplesmente dizem que ele está sendo demitido por equívocos administrativos. Mas temos que analisar porque, se for necessário, posso citar aqui, no mínimo, 100 equívocos administrativos deste governo e muito mais graves. Mas o governo não toma uma posição, não diz nada!
Por isso, quero declarar a minha solidariedade ao dr. Cláudio Monteiro, à sua família, e parabenizo v.exa. porque além de deputado é um profissional da categoria e conhece o nível de estresse a que é submetido um policial civil. Parabéns pelo seu pronunciamento.
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Muito obrigado, deputado Jailson Lima, o objetivo de todos nós é vermos um estado melhor, mais tranquilo, mais seguro.
Que servidor público até hoje não devolveu uma diária? Muitas vezes a pessoa programa uma viagem, acontece um fato superveniente e a pessoa retorna antecipadamente ou não faz a viagem. E tudo isso é um direito, fazer a devolução da diária é um direito, só não havia necessidade de ser dessa forma e pela imprensa.
A Polícia Civil fez grandes avanços, conseguiu um laboratório contra a lavagem de dinheiro e, pelo que sei, ainda não foi implantado; o sistema Guardião tem que ficar na Polícia Civil porque é um grande instrumento de investigação policial, é o sistema que faz o monitoramento das escutas do trabalho policial. Então, tudo isso tem que ser feito em defesa da Polícia Civil de Santa Catarina.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)