Pronunciamento

Maurício Eskudlark - 039ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 12/05/2015
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Obrigado, sr. presidente, srs. deputados e sras. deputadas, servidores da Udesc que acompanham esta sessão, telespectadores da TVAL e ouvintes da Rádio Digital Alesc, como foi bom ouvir a manifestação do deputado João Amin. Acho que o valor, respeito e admiração, todos sabem, supera qualquer tipo de divergência política que deve haver no campo das ideias.
Não poderia deixar de hoje manifestar meu sentimento pelo passamento, pelo fato que marcou Santa Catarina e o Brasil, que foi a perda do nosso senador e ex-governador Luiz Henrique da Silveira.
Digo isso porque tive a possibilidade, de 2007 a 2010, ter sido chefe de Polícia do governo de Luiz Henrique, e aprendi a conhecê-lo, em alguma das suas ações.
E um fato a ser registrado, o jornal hoje diz, que Luiz Henrique foi escrivão da Polícia Civil. Durante sete anos Luiz Henrique foi policial civil, e isso é motivo de orgulho para todos os policiais civis.
Se não me engano, de 1958 a 1965, foi o período em que o Luiz Henrique ocupou o cargo de escrivão de Polícia, para nós motivo de orgulho. No período em que estive na Delegacia Geral, Luiz Henrique nos deu o plano de carreira, que era uma aspiração dos policiais civis. Esse plano de carreira permitiu que fossem realizadas mais de seis mil promoções na Polícia Civil. Ele sempre foi sensível a estes pedidos.
Em 2006, quando tive a primeira oportunidade de assumir uma cadeira nessa Assembleia Legislativa, numa época de final de votações antes do período eleitoral, a grande aspiração da Polícia Civil de Santa Catarina, e como de todas as Polícias, era a aposentadoria especial. Nós não tínhamos uma legislação que regulamentasse a situação dos funcionários, pois misturava tempo de contribuição com tempo de serviço. E num convencimento, e brinco que até emagreci naqueles dias de deputado, de tanto almoçar com o governador, porque todo dia eu pedia uma audiência.
Ele como governador tinha pedido um parecer para a secretaria de Administração, a Administração e a Fazenda diziam que não podiam conceder a aposentadoria especial, porque ia dar uma debandada na Polícia Civil. E eu explicava para ele, o governador, que o policial precisava dessa lei, mas não iria se aposentar porque o policial está buscando o que conseguiu, no governo passado, do Raimundo Colombo, que é a integralização das horas extras, num subsídio, num salário só. O policial não vai se aposentar, na sua grande maioria, porque vai esperar oportunidade de integralizar o seu salário, e não quando, no momento da aposentadoria, o policial perdia quase 40% da sua remuneração.
Lembro que no último dia, para encaminhar os projetos a Assembleia Legislativa, o senador Luiz Henrique da Silveira chamou o capitão e disse para ligar para o Blasi, que era o secretário, dizendo: o Maurício me convenceu, vou mandar o projeto da aposentadoria para a Assembleia Legislativa.
E o projeto veio e foi aprovado por esta Casa. Depois ainda, com a criação da aposentadoria especial para as mulheres policiais, ele também realizou. Autorizou o maior concurso da história da Polícia Civil, que foi um concurso para 900 policiais, e que, inclusive, os últimos, a maior nomeação, de 500 agentes, foi feita já no primeiro governo de Raimundo Colombo.
Como governador, sempre atendeu ligações. Às vezes, quando ocorria um fato grave no estado, como chefe de polícia, eu tinha a obrigação de avisar o secretário e o governador. Todas as vezes que liguei para o governador Luiz Henrique da Silveira, ou ele atendeu na hora ou, às vezes, quando estava numa solenidade, alguma coisa assim, em seguida ele retornava. Isso é uma coisa que tenho gravado.
Um dia, ocorreu um fato no interior do estado, o delegado me disse que uma das partes era filho de uma amiga do Luiz Henrique da Silveira. Que cada vez que o Luiz Henrique da Silveira estava na cidade, ele ia naquela casa tomar um café. Lembro que era madrugada quando o delegado daquela região me avisou. Então, liguei para o Luiz Henrique e contei o acontecido, e que haviam me dito que a pessoa era filho de um conhecido dele, e que estava avisando.
Ele agradeceu, dizendo que ia ligar para a família, dando toda a atenção que fosse possível.
Guardo aquelas ações, aquela simplicidade, aquela liberdade que a gente tinha em conversar.
Nas distribuições de policiais, ele nunca interviu. Ele sempre pediu para tratar bem Joinville, mas nunca discriminou, nunca quis diminuir. Lembro também que numa distribuição, o Benedet era o secretário da Segurança, e disse ao governador que queria uns 30 soldados para Joinville. E nós tínhamos poucos policiais, pois a cada concurso eram 10 para cá e oito para lá. E eu coloquei 12 policiais para Joinville e disse ao secretário que era o que dava para fazer. E ele disse que o governador tinha pedido para colocar 15 policiais em Joinville, quando estavam previstos apenas 12.
Quero registrar aqui o meu respeito, a minha admiração pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira, pela pessoa humana que ele foi, pela liberdade que ele nos dava para conversar, por ouvir, por ser forte nas suas decisões, mas sempre respeitando seus secretários. Isso eu posso dizer, porque eu tive a oportunidade de trabalhar com ele.
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Pois não!
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - Falar de Luiz Henrique da Silveira é falar certamente de algo que nos comove. Quero aqui transmitir o nosso sentimento à família do PMDB e dizer que eu tenho na imagem do ex-governador Luiz Henrique da Silveira um homem de visão, um homem de determinação e um homem de muita coragem. Aliás, foi dele que ouvi uma frase de Cervantes: "Perco pouco, se perder os meus bens, perco muito, se perder os meus amigos, mas perco tudo, se perder a coragem". Luiz Henrique da Silveira nunca perdeu a coragem.
O Sr. Deputado José Nei Ascari - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Pois não!
O Sr. Deputado José Nei Ascari - Quero agradecer pelo aparte e cumprimentar v.exa. pela fala. Eu, assim como vários colegas aqui de Parlamento, tive a oportunidade e a honra de servir a Santa Catarina, na condição de secretário de estado da Administração no governo de Luiz Henrique da Silveira. E foram exatos 15 meses, de dezembro de 2008 a março de 2010. E foi um grande aprendizado, conviver com Luiz Henrique da Silveira foi um privilégio. Pude observar aquilo que todos já sabem que era um homem determinado, obstinado, apaixonado por Santa Catarina e apaixonado pela atividade política. Deixa, indiscutivelmente, uma grande lacuna e difícil de ser substituído. Todos nós aqui reconhecemos isso. Mas deixa um legado muito grande para nosso estado.
Por isso, quero aqui também aproveitar esse momento para transmitir aos familiares, aos amigos, aos correligionários de Luiz Henrique, os meus sinceros votos de pesar. Tenhamos nele um exemplo, evidentemente, a ser seguido pelas suas ações e pelos seus ensinamentos.
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Fica o nosso reconhecimento a pessoa, a família, aos companheiros de partido, e a certeza de que sua ausência será sentida, mas os ensinamentos que ele deixou, se ouvidos, certamente vão suprir e trarão muitos caminhos para Santa Catarina e para todos nós que gostamos do nosso estado, que gostamos da política e que temos a política como ato de servir e de fazer o bem.
Então, parabéns à família, pela pessoa de Luiz Henrique, parabéns ao PMDB, que pode se orgulhar desse grande homem, parabéns a Santa Catarina que teve um grande mestre, um grande líder!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)