Pronunciamento

Maurício Eskudlark - 011ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 03/03/2015
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, público que nos acompanha.
Saúdo os vereadores, as lideranças que estão presentes na Casa, o prefeito Jacó, de Santa Terezinha, o Arno e todos os nossos amigos. Saudamos a Vanusa e a todos os integrantes, ela que representa, junto com os colegas do município de Lages, todos os integrantes das Guardas Municipais, que estão na busca dos justos pleitos da categoria.
Hoje o assunto que vou falar não poderia ser outro, sras. deputadas, a não ser a greve dos caminhoneiros, e até pela importância do fato, do pleito, das reivindicações da categoria, que passaram a ser, nesses dias de mobilização, um pleito de todos os brasileiros, já que há um descontentamento geral com o governo, com a classe política, agravado, deputado Ismael dos Santos, por algumas ações impensadas, como aquela do presidente da Câmara querer dar passagem para mulher de deputado, para esposo de deputada, e esses absurdos. A sociedade brasileira, já cansada desses abusos, desses desmandos, num momento de crise, num momento de reivindicação, ainda vê o presidente da Câmara dos Deputados sair com uma ideia totalmente contrária aos princípios da moral, da ética, do respeito, da dignidade.
Enquanto temos brasileiros vivendo com dificuldade, não ganhando um salário mínimo, enquanto vemos o produtor de leite não recebendo o valor devido, que poderia ressarcir as despesas na produção e dar um pouco de aconchego e de retribuição ao trabalho que a família faz, ao criador de frango, de suíno, enfim, enquanto a economia enfrenta uma série de dificuldades, a sociedade brasileira vê, infelizmente, de alguns políticos, gestos, ações, porque falar muitas vezes é bonito, fazer discurso é populista, mas as suas ações são totalmente contrárias àquilo que acabam falando.
Então, tenho que falar sobre esse assunto, até porque acompanhei uma região que ficou quase que sitiada, o extremo oeste, o oeste catarinense, quem esteve lá viu o desespero das famílias, sem ter mais combustível, sem ter gás de cozinha, as escolas fechando porque não tinha como atender os alunos com a merenda escolar, e as pessoas, mesmo que fossem para casa, a maioria das casas já no limite de produtos, e até, também, do gás de cozinha, de produtos essenciais.
Os hospitais da região suspendendo o atendimento por falta de medicamentos, os medicamentos que havia davam para atender os internados, não podiam mais trazer novos pacientes, realizar cirurgias, então é uma situação grave.
Eu quero dar um exemplo dessa questão. A população quis mostrar com esse protesto o seu descontentamento e pedir respostas ao governo federal e à classe política. Mas o que aconteceu foi o mesmo que alguém fazer mal para outra pessoa. Ao invés de cobrar de quem está fazendo o mal, puniu mais ainda quem já foi agredido e quem já foi prejudicado, porque, na verdade, a greve prejudicou e puniu ainda mais o produtor de leite que perdeu milhares de litros, porque não podia entregar. E ainda tem os produtores de frango, de suínos, que foram prejudicados. Tivemos até a suspensão das aulas, causando pânico na população. O certo não é punir quem já está sendo punido, o certo é fazer um comboio e ir a Brasília para buscar soluções com uma audiência com as autoridades competentes responsáveis, com o governo federal.
Essa é uma situação preocupante e a minha posição sempre foi pela justiça dos pleitos, mas não dessa forma, porque não adianta mais punir ainda mais a nossa população. Nós temos que buscar o pleito com quem tem o poder, a possibilidade de resolver.
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Pois não!
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - Parabéns por essa leitura de cenário. E aproveito para cumprimentar os agentes de trânsito, na pessoa do vereador Célio Dias, que foi meu colega em Blumenau. Quero dizer da nossa disposição de encaminharmos juntos esse projeto.
Sobre esse tema que v.exa. aborda, quero dizer que estivemos neste último final de semana no oeste, juntamente com outros deputados, e fomos parados três vezes em barreiras. Conseguimos conversar, mas sentimos a tensão. Visitei também pequenos agricultores que nos disseram estar muito preocupados com a situação, pois já haviam jogado 1.200 litros de leite fora. Assustou-me ainda mais chegar a Chapecó e ver centenas e centenas de veículos esperando para abastecer em postos. De fato, uma situação de guerra. E quero lamentar, inclusive, a pouca cobertura que a imprensa nacional deu ao que está acontecendo aqui no sul do Brasil. Eu não assisti ao Fantástico, mas disseram que foi 30 segundo para dar a matéria sobre algo tão importante e crucial para a economia de Santa Catarina e do Brasil.
Acho que a classe política também deve estar atenta. A palavrinha chave para tudo isso é bom senso da classe política, do judiciário, dos caminhoneiros e por parte da população, para que possamos de fato ter dias melhores neste país.
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Obrigado, deputado! Esse movimento começou em São Miguel d' Oeste e lá a situação era mais grave. inclusive. Precisou o Ministério Público intervir para que não faltassem os itens básicos para a população ser atendida.
Até quero reconhecer o empenho do Ministério Público, já que algumas pessoas não tinham consciência da gravidade do que estava acontecendo. A reivindicação é justa, mas realmente a região já está correndo o risco de um sério colapso.
O Sr. Deputado Mario Marcondes - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Pois não!
O Sr. Deputado Mario Marcondes - Também, em caminhada por 19 municípios neste final de semana no oeste catarinense, deparamo-nos com essa situação dos pequenos agricultores e o que mais nos chama atenção é abrir o Diário Catarinense e ver a sanção da Lei dos Caminhoneiros, como se isso fosse a solução do problema que está vivendo toda sociedade brasileira, esquecendo de falar em planejamento, ferrovias. Veem mais uma vez dar as coisas no conta-gotas.
Ontem, junto com outros deputados, vimos o desespero dos caminhoneiros que pedem coisas bem básicas e não estão apenas falando no aumento do diesel ou no aumento do frete. Eles estão pedindo a melhoria nas estradas, a possibilidade de parar em postos de gasolina, porque não conseguem parar nas BRs pela falta de segurança. Então a coisa é muito ampla. Precisamos de uma força tarefa pilotada pelo governo federal.
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Realmente, os ânimos estão exaltados e algumas pessoas estão no extremo do seu nervosismo. Inclusive na conversa que tivemos com os caminhoneiros, vários deles disseram que foram pegos de surpresa e pediram para serem liberados e saírem do movimento. Um caminhoneiro estava com a esposa nos últimos dias de gravidez e estava com receio de ficar preso no movimento. Outro caminhoneiro estava com a família e até com animais de estimação no caminhão e quando houve a tentativa de argumentarem no trevo de São Miguel para que pelo menos esses fossem liberados, um dos líderes do movimento se exaltou. Então, vimos que as condições psicológicas de entendimento são preocupantes.
Volto a dizer que todos lá são atingidos pelas questões. Fico preocupado com a situação do produtor de leite, de suíno, de frango do extremo oeste. Será preciso um acompanhamento com os sindicatos para que tudo volte ao normal, porque as empresas deixaram de receber a produção, de exportar, e mesmo parando o movimento teremos ainda um período de adaptação para a economia catarinense.
Já pelos ajustes fiscais do governo federal se prevê momentos mais difíceis na economia nacional, com certeza, momentos mais difíceis para essas regiões que foram atingidas pelos movimentos de reivindicações.
Então, vamos ter que olhar com muita atenção, com muito carinho, com muito trabalho para que Santa Catarina e, principalmente, o oeste do estado não sofra ainda outros problemas decorrentes da paralisação.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)