Pronunciamento

Marcos Vieira - 027ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 12/04/2007
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - (Passa a ler.)
"Sr. presidente, srs. deputados e sras. deputadas, o que me faz ocupar a tribuna hoje é no sentido de pedir uma reflexão. Nós, parlamentares, fomos alçados a esta honrosa posição pelo mesmo motivo: o voto popular. E esse voto foi conseguido com base em nossas plataformas de campanha, que conquistaram votos fazendo com que, um a um, milhares de eleitores fossem depositar nas urnas a confiança em uma nova Santa Catarina. Por isso é justo que agora esperem de nós um comportamento polido, altruísta e sincero, independentemente dos partidos a que pertencemos.
Há alguns dias, a nossa colega, deputada Odete de Jesus, durante uma reunião das comissões, proferiu uma frase que me fez pensar. Disse ela algo mais ou menos assim: 'Para o cidadão catarinense não importa se somos da Situação ou da Oposição. O que importa é o que estamos fazendo'.
Esse sentimento é o que me move agora. Está correta a deputada Odete de Jesus. Essa frase parece ser a essência da verdade. O cidadão não quer nos ver aqui usando este espaço com mesquinharia e cinismo para defender interesses menores ou remoer questões pessoais. Os catarinenses não têm tempo para aprender com debates levianos, nos quais prevalece o desejo de exaltar o próprio ego ou de diminuir não a figura do deputado, mas a do ser humano que está ali, ao seu lado, ocupando uma cadeira momentaneamente, porque na vida tudo passa e passa muito rápido.
O desejo do cidadão é ver aquele homem ou aquela mulher que o representa agindo com lucidez, mostrando-se superior e digno de respeito. Na verdade, quando um deputado mais exaltado tenta, em qualquer Parlamento, diminuir o outro, diminui a si mesmo, mostrando-se indigno de exercer o mandato.
Vamos debater no campo das idéias projetos que realmente façam a diferença para o cidadão. Se fizermos isso, não teremos perdedores aqui, pois todos nós e toda a sociedade sairemos ganhando. Mas se ficarmos brigando e discutindo por interesses mesquinhos, toda a sociedade perderá.
Imagino a decepção de um eleitor quando se depara, na TV ou no rádio, com aquele em quem tanto acreditou deixando projetos e planos de lado para usar de cinismo e deboche. Tudo cai por terra, pois antes de votar no homem, no político, o eleitor vota nas idéias.
Por isso estou aqui solicitando que façamos deste Parlamento um fórum produtivo e construtivo.
Permito-me, então, fazer um exercício de imaginação. Vamos imaginar que nas cadeiras vagas deste plenário estejam sentados, a nos assistir, brasileiras e brasileiros que ajudaram realmente a fazer deste um país melhor.
Ao subir nesta tribuna, visualizo a me assistir, esperançosas - sim, porque as grandes mulheres e os grandes homens de uma nação são sempre aqueles que nunca deixaram de acreditar -, figuras como Jerônimo Coelho, Rui Barbosa, Antonieta de Barros e tantos outros. Personalidades que fizeram a diferença, que tornaram suas vidas uma obra plena de realizações.
Estamos apenas começando esta legislatura. Acredito que o período de tramitação e votação do projeto da reforma administrativa foi um divisor de águas. Primeiramente, dedicamo-nos ao todo, ao macro, mas agora vamos voltar-nos com maior ímpeto aos planos que traçamos para chegarmos até aqui. Estou certo de que aqui estamos para a realização de grandes metas. Para lutarmos por projetos que realmente interfiram positivamente na realidade do povo.
Sou um homem político, discípulo de personalidades como Mário Covas e Jacó Anderle. Aprecio os embates salutares. Admiro a competição honrada da política feita de diferentes partidos, cada um com seu mosaico de idéias, mas acredito que tudo isso possa ser feito de uma maneira elegante. Todos devem continuar defendendo suas idéias, mas de uma maneira responsável, não atacando a pessoa. Em qualquer Parlamento, quando há embate mais severo, têm-se como sempre críticas mais ácidas. Pois bem, que seja desta forma, mas sem cair na deselegância e na infantilidade do deboche e do sarcasmo, sentimentos menores.
Conheço cada um dos deputados e deputadas da atual legislatura e sei que todos são capazes e preparados para agir como homens e mulheres superiores, cientes de sua importância e de seu papel neste plenário. Esperamos de todos o melhor, para pautar nosso embate no mais alto nível intelectual, travando, quem sabe, confrontos memoráveis que farão desta Casa um centro do saber e do crescimento pessoal.
Assim, uso este espaço, nesta última sessão ordinária desta semana, para solicitar uma agenda positiva. Vamos fazer política da mais alta qualidade. Vamos ser uma casa que respeita as diferenças e que no todo seja digna da admiração e do respeito da sociedade. Vamos fazer uma legislatura histórica, memorável, que seja lembrada daqui por diante não só pela votação de algumas matérias, mas também pelos projetos e planos pessoais de cada parlamentar em particular, porém voltados para o coletivo. Vamos construir do individual para o coletivo. Vamos tratar este espaço como sagrado. Vamos superar um ao outro a cada dia. Esse desejo de superação é legítimo e saudável, é inerente ao ser político, é inerente ao candidato de ontem, que hoje é deputado. Mas que essa gana, essa garra de superar seja traduzida em grandes idéias, em grandes projetos e em grandes ações positivas para toda a sociedade.
Muito obrigado!"
O Sr. Deputado José Natal - V.Exa. me permite um parte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pois não!
O Sr. Deputado José Natal - Muito obrigado, nobre deputado, líder da nossa bancada. Não foi por acaso que o partido escolheu v.exa. para ser o líder nesta casa, e com certeza absoluta esse é o papel que o PSDB quer implementar na política de Santa Catarina. Para quem chega nesta Casa e não é conhecedor, a experiência política daqueles que aqui estão há mais tempo prevalece, com certeza.
Mas nestes 34 dias que estou neste Parlamento confesso que em determinados momentos assustei-me com algumas posições assumidas por alguns deputados que já estão aqui há muito tempo. E quero, neste momento, com a sua permissão como meu líder, comentar sobre política, sobre o que tenho dito para alguns amigos a respeito da bancada do PT nesta Casa e da impressão que tenho da mesma, de um PT completamente diferente, de deputados que são visionários, inteligentes e que não fazem política como fazia o Partido dos Trabalhadores no passado.
Mas essa também é a missão do PSDB e eu parabenizo o meu grande líder pelo seu pronunciamento. Com certeza as pessoas que nos assistem, a partir deste momento, em toda Santa Catarina, terão uma visão da pessoa que v.exa. é e do que o nosso partido deseja neste Parlamento, que é trabalhar pelo nosso estado junto com o governador Luiz Henrique da Silveira e o vice Leonel Pavan.
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Muito obrigado, deputado José Natal.
A Sra. Deputada Odete de Jesus - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pois não!
A Sra. Deputada Odete de Jesus - Deputado Marcos Vieira, eu quero parabenizar v.exa. pelo seu pronunciamento maduro, ponderado, consciente, fruto da sua larga experiência como secretário da Administração. Eu, inclusive, procurei-o à época e v.exa. sabe que esta deputada é briguenta para defender os interesses da população, mas chegamos a um consenso, com harmonia.
Aqui nesta Casa os deputados trazem vários assuntos a debate, mas todos em defesa do cidadão. Para que v.exa. saiba, nós temos obrigação, como representantes da população catarinense, de resolver os problemas, deputado Marcos Vieira, e vou roubar um pouco do seu tempo. Mas v.exa. veja o que está acontecendo na capital, uma verdadeira baderna! É verdade ou não é?
Veja a primeira página do jornal Diário Catarinense: paralisação dos ônibus afeta 200 mil na capital. Nós temos obrigação de tentar ajudar o prefeito a resolver essa questão! O sindicato dos transportes urbanos e o prefeito da capital têm que sentar para conversar e solucionar esse problema. O povo não pode gemer, ele precisa ter soluções, a população não pode parar.
Muito obrigada, deputado.
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pensemos, pois, todos na sociedade catarinense, que está esperando muito de nós.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)