Pronunciamento

Marcos Vieira - 053ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 08/07/2008
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, srs. deputados, o assunto que tem tomado conta da imprensa nacional nada mais é do que a alta do custo de vida e a volta da inflação. Os mais velhos já começam a fazer voltar à sua mente a velha maquininha de remarcar preços nos estandes dos supermercados. A inflação, quando volta, atinge muito mais os pobres do que os ricos. E é verdade! A inflação afeta sempre mais quem recebe menos, principalmente quando a alta dos preços é de alimentos, que têm um peso maior no orçamento dos mais pobres. É verdade!
O item alimentação pesa muito no orçamento dos menos abastados.
(Passa a ler.)
"A Fundação Getúlio Vargas fez a conta da inflação de quem ganha até dois salários mínimos e meio e concluiu que ela foi, em 12 meses, de 9,1%. Enquanto isso, a inflação da classe média é de pouco mais de 5%. Ou seja, os mais pobres perderam quase 10% da sua renda. E pior: a inflação de alimentos no período é de quase 19%. Está ficando cada vez pior para os pobres.
O prato típico do brasileiro, o feijão com arroz está cada vez mais salgado. O feijão foi o produto que mais subiu no prazo de um ano, cerca de 137%. O arroz subiu 46% no mesmo período. Os preços das carnes acumulam elevação de 44,13%."
Eu vou pedir à assessoria da Mesa Diretora para passar no vídeo da TV Alesc a matéria que saiu ontem no Jornal Nacional, da Rede Globo, que mostra as dificuldades do consumidor em driblar a inflação.
(Procede-se à apresentação do vídeo.)
Srs. deputados, senhoras e senhores telespectadores, o deputado Jean Kuhlmann, que também, evidentemente, tem seus eleitores sofredores, traz ao plenário e presenteia este deputado com um quilo de feijão, com uma placa dizendo: "Subiu 173%". Deputado Herneus de Nadal, v.exa. que é de uma área altamente produtora, o oeste de Santa Catarina, veja que o feijão nosso de cada dia subiu, nos últimos 12 meses, 173%.
E os jornais do país inteiro, deputado Clésio Salvaro, trazem manchetes como: "Brasileiro busca opções na batalha contra a inflação".
Disse o ministro Guido Mantega, há uns 90 dias, deputado Manoel Mota - e palavras dele, não são minhas -: "A população brasileira pode ficar tranqüila, nada vai acontecer. A população não vai sofrer nada de mais grave".
Recentemente, na semana passada, deputado Manoel Mota, fiz a leitura de algumas palavras do ministro, ditas na televisão: "Não, não, precisa fazer estoque; não precisa fazer estoque! Fiquem tranqüilos! Não vai faltar alimentos! Não precisa fazer estoque".
Eu leio o jornal O Estado de S. Paulo, no domingo, e o mesmo ministro da Fazenda diz o seguinte: "Economia não vai levar uma cacetada".
O ministro da Fazenda dizendo isso, deputado Jean Kuhlmann?! A economia brasileira já levou uma cacetada, a inflação é a mais alta desde 2004! O povo brasileiro está sofrendo, está pagando o alimento mais caro, assim como o remédio, o plano de saúde, a escola, o transporte escolar, o transporte urbano, o combustível! Caro! E o ministro vem dizer que a economia não vai levar uma cacetada?! Então, quem vai levar uma cacetada é o povo brasileiro, com essa alta de inflação.
O Sr. Deputado Jean Kuhlmann - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pois não!
O Sr. Deputado Jean Kuhlmann - Deputado Marcos Vieira, quero, rapidamente, só dizer que realmente lamento muito quando um ministro vem dizer que o povo brasileiro não vai sofrer - e estão tentando fazer propaganda demais sobre o assunto. Talvez porque esse ministro não vá ao supermercado e não sinta o que o povo sente; porque talvez ele utilize o seu cartão corporativo para fazer compras e infelizmente o povo brasileiro não tem esse direito. Se o povo tivesse o cartão corporativo que algumas pessoas do governo têm, aí até pode ser que o povo não fosse afetado. Mas, infelizmente, o povo paga com o baixo salário que recebe.
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Deputado Jean Kuhlmann, o Plano Real foi implantado no Brasil quando o ministro da Fazenda se chamava Fernando Henrique Cardoso e o presidente da República Itamar Franco. Ele estabilizou a economia, zerou a inflação, aumentou o poder aquisitivo da população, fez com que chegasse mais comida na mesa do trabalhador, barateou o transporte e a gasolina. E qual era o trabalho que o presidente Lula e o partido dos Trabalhadores tinham que ter? Somente o de manter a estabilidade econômica, deputado Ismael Santos. Só que parece que eles não aprenderam a lição, pois desde 2004 nós temos a maior inflação do país. E o exemplo está aqui: o feijão e o arroz subindo e a carne de segunda também. O trabalhador brasileiro está substituindo a carne bovina por sardinha e outros produtos. Não vai dar para agüentar! Ou o presidente Lula resolve a questão da inflação, ou a inflação vai tomar conta do país!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)